Se você acompanha nossa Bee News já deve conhecer nosso projeto Maternidades Diversas, que tem o propósito de promover a diversidade e construir um maternar anticapacitista, antiracista, antilgbtfóbico, antitransfóbico, antimachista, antigordofóbico, e anti tudo que o diminua e o impeça de ser essa potência transformadora. Com esse gesto desejamos quebrar barreiras, dentro e fora de nós, principalmente aquelas que nem sabemos que existem.
Nesse caminho seguimos buscando amplificar vozes e mostrar realidades diversas, contadas pelas mulheres que são as protagonistas de suas histórias. Com isso, temos a honra e grande alegria de ter a participação da Zahy Guajajara, Mulher-Lua, mãe de Kwarahy (sol). Zahy é do povo Tentehar-Guajajara, nasceu na Aldeia Colônia, Reserva Indígena Cana Brava no Maranhão. Aos 9 anos passou a viver entre sua aldeia e a cidade de Barra do Corda, onde foi alfabetizada. Aos 19 anos saiu pela primeira vez de sua terra para morar no Rio de Janeiro.
Na nossa conversa Zahy relata sua vivência como mãe, seus desafios, angústias, alegrias, aprendizados diários. Nos alerta, por sua experiência traumática, a desumanização na assistência e atendimento às mulheres durante o parto em um hospital. Ressalta a importância da comunidade no cuidado coletivo dos filhos em uma aldeia indígena. E ainda nos traz a reflexão sobre o sentido da educação na sociedade.
Zahy relata que a gestação foi tranquila, ela se manteve ativa durante todo período. Porém, destaca que o desafio foi ter engordado muito, 30 quilos, com isso se sentia muito pesada para a estrutura do seu corpo. Houve a dificuldade de estar longe do marido, que estava morando em outro país durante a gestação e veio para o nascimento do filho. Atualmente Zahy se mudou do Brasil e vive com o marido e o filho em outro país. Sentiu falta também da assistência da família, que está no Maranhão, especialmente da sua mãe. Mas teve o apoio de amigos, especialmente durante o último mês de gestação, que foi longa, de 42 semanas.
O parto, que aconteceu em um hospital público no Rio de Janeiro, foi uma experiência traumática para Zahy, o trabalho de parto foi longo e doloroso. Ela sentiu muita falta de uma assistência humanizada e respeitosa, que garantisse a liberdade e protagonismo da mulher. “Pediram que eu fizesse silêncio, me acalmasse mesmo estando em um trabalho de parto longo e doloroso, para não atrapalhar os outros, estava numa situação vulnerável, sem o mínimo de privacidade. Situação muito traumatizante para qualquer mãe, especialmente para mim, de primeira viagem”.
Em conjunto com a frustração de não ter podido realizar a sua vontade de ter voltado para aldeia, estar junto da sua mãe e sua irmã, para o parto com uma parteira da comunidade, como sua mãe que era pajé e parteira. Ela ressalta sobre a falta de respeito e humanidade vividos nessa experiência: “Nem por ser indígena, o que é mais grave ainda, por ser mulher”.
Na amamentação também houveram desafios, pois ela tem mamas acessórias, que se localizam na região das axilas, e também produzem leite. Houve muita dor no início da amamentação, seus seios ”empedraram”, incluindo as mamas acessórias, além disso, os procedimentos no hospital para “desempedrar” foram muito dolorosos. A primeira semana foi no hospital, o seu filho teve perda de peso e icterícia.
Por ter um filho autista tem medo que seu filho não seja independente o suficiente “Mesmo que a gente pense que estaremos aqui para ajudar durante o nosso período de vida, temos esse receio, esse medo, que aconteça alguma coisa e meu filho fique sozinho”. “Tenho medo da rejeição, da falta de empatia da sociedade. Já tive muitos momentos com meu filho que foram muito difíceis, apesar do grau dele de autismo ser mais leve a moderado”.
Zahy relata conflitos em momentos de convívio social, como em parquinhos, de pais de outras crianças cobrando um comportamento como esperar em uma fila, que é algo que não é compreensível para ele. Em resposta a uma mãe de outra criança, Zahy traz uma reflexão: “Nem tudo gira em torno de uma má educação, meu filho não entende palavras, comandos, orientações, é muito difícil para nós e para o nosso filho. Você que é mãe de uma menina que compreende e fala deveria ser um pouco mais empática às limitações de outras crianças”. Essas situações trazem muitas angústias e medo em relação ao filho. “Infelizmente vivemos em uma sociedade que precisa se informar, se reeducar”.
“Como pais a gente quer estar perto, quer ajudar, mas também quer que ele seja independente, porque a gente sabe que a sociedade obriga e precisa que sejamos fortes e independentes na vida, que a gente saiba se virar”
“Ao mesmo tempo que eu digo que há dificuldades por ser a mãe de uma criança autista. Mas ser mãe de uma criança autista me ensinou muito sobre a vida, me reeducou também como Ser Humano”.
“E quando eu digo que minha vida mudou completamente depois de ter me tornado mãe. Na verdade, ter me tornado mãe me salvou também. Meu filho tem algumas peculiaridades nele, ele é tão “ingênuo”, e ao mesmo tempo tão incrível, ele é muito focado. Ao mesmo tempo que tem suas limitações, que dificultam a viver na sociedade que vivemos hoje. Por outro lado, me faz enxergar que eu preciso disso na minha vida, que eu preciso focar, eu preciso seguir em frente sem estar presa a querer olhar para trás, pois se eu não fizer isso, talvez eu não consiga sobreviver nessa vida”.
“Meu filho me ensina muitas coisas, o fato dele não falar me traz questionamentos sobre mim mesma. Eu tenho uma ligação muito forte com meu filho em relação a isso, eu fui uma criança muito tímida, lembro que na minha infância nos meus primeiros anos no colégio eu quase não tinha amigos, quase não falava com outras crianças . E já na adolescência eu me desenvolvi muito bem, fiz muitos amigos, saía, brincava, jogava futebol, vôlei. Então eu tenho essa esperança também que meu filho vai crescer e as coisas vão melhorar”
‘E um filho ensina a gente a ser mãe, todo dia venho me ajudando para ser a melhor mãe possível para o meu filho. Mas na verdade é ele que me ensina a ser a melhor mãe para ele”.
Zahy relata que os seus irmãos que vivem na aldeia têm muitos filhos e o cuidado é coletivo. “Os filhos deles são criados por todos, todos tem uma função de estar ajudando a criar e educar os filhos uns dos outros. Ali as crianças são livres, então chega o filho do vizinho e vai para casa do outro e passa o dia lá, e a mãe não necessariamente precisa se preocupar. Ali é uma comunidade onde todos vivem juntos. Eu não vou dizer em harmonia, pois é uma visão romantizada, de que viver em uma comunidade indígena é um paraíso, são pessoas, humanos com seus conflitos e harmonia como qualquer outro grupo . Mas eu vejo um grupo em que essa comunidade se ajuda entre eles, então também ajudam os filhos dos outros”.
“O termo educação não existe dentro de uma comunidade, os valores são diferentes do que é educação na cidade. Esses valores na cidade são muito cruéis. Porque se o teu filho não segue uma norma, por exemplo se ele não fala obrigado e não diz com licença, é mal-educado e os pais não sabem educar seus filhos”.
“A educação está relacionada aos valores de cada um, da nossa história de vida e etc… se alguém chegar numa aldeia pedindo licença ou falando obrigada, certamente vai sofrer bullying rsrsrs porque vão rir e achar graça, no máximo ao invés de um com licença se ouve “deixa eu passar” e ao invés de obrigado se ouve um “ tá bom”. Estou sendo obrigada a ensinar meu filho a ser “educado” com os valores de uma sociedade que se acha superior a qualquer outra pelo fato de que ele possa também viver de maneira digna”.
Texto: Simone Ximenes – IG: @simone.xmn
Mãe da Júlia, bióloga, educadora ambiental. Participante da turma 9 do zum zum de mães. Atualmente é colaboradora na Bee Family no Programa de Bolsistas e no projeto Maternidades Diversas.
Fotografia: cedida pela própria Zahy Guajajara.
Certo dia, nesses tempos de pandemia, numa tarde de 40 graus, meu filho me chamou para brincar com ele de escorregar na varanda, bem do jeitinho que eu fazia, quando criança, na casa de minha avó, ela jogava água e sabão para lavar o alpendre e a gente se acabava de escorregar para lá e para cá. E eu, que andava por aqueles dias com a consciência um tanto pesada por estar muito envolvida aos afazeres acumulados, que nestes tempos de isolamento social sobrecarregaram ainda mais, resolvi aceitar o convite.
Jogamos água com sabão na varanda e ele imediatamente se jogou, sem medo de ser feliz! Eu meio desajeitada, constrangida até… me abaixei devagar, sentando-me no chão e me molhando aos poucos, sem saber muito como fazer. Ele estava tão alegre e satisfeito que nem percebeu a minha falta de jeito. Lentamente, fui me entregando à inteireza daquele momento, mesmo que os pensamentos me prendessem ao mental, como por exemplo, me notar preocupada em não molhar a cabeça, pois o sabão iria danificar o meu cabelo, e algumas vezes me sentindo como uma baleia encalhada tentando se movimentar, tamanha a minha falta de leveza na brincadeira, era como se o meu corpo não encontrasse espaço para o que ali acontecia.
E a partir do momento em que eu me entreguei, eu me diverti – ainda que parcialmente, pois o cabelo eu não molhei – escorreguei de barriga com ele de um lado para o outro, demos trombadas, rimos bastante e de repente o tempo parou por alguns instantes. Meu filho mais velho, que tem 12 anos, aproximou e ao ver a cena ficou desconcertado, olhou para mim e perguntou: “mãe, mas o que é que você está fazendo?”. Meu coração apertou ao perceber que ele já com o pé na adolescência, começara a dissolver a inocência, esse sentimento tão puro que possuímos na infância, que nos faz tão inteiro no nosso querer. Ao fim do dia, eu me percebia sentindo de outro lugar, experimentando outra qualidade de emoção, como se um sorrisinho leve me acompanhasse, principalmente quando lembrava da brincadeira. Minha alma estava ali, presente, brincante.
Esse episódio tornou-se objeto da minha auto observação por alguns dias, é impressionante como a vida adulta nos endurece, praticamente somos desconfigurados e desligados da infância, como se uma régua passasse em um determinado ponto da nossa biografia e pronto, agora chega de brincadeira que a vida é séria! O contato com uma criança nos proporciona infinitas oportunidades, e a possibilidade de subverter o nosso enrijecimento deveria ser a principal delas. Não podemos perder esse pé na infância, para que através dela possamos nos ligar à nossa essência.
“Um ato que rompe o tempo e o espaço, inaugura um outro tempo e um outro espaço, e uma conexão que é uma conexão de vínculo: eu e o mundo. Porque a criança não vive para brincar. Brincar é viver. Ela, ali, está totalmente inteira, respondendo à sua própria vida. A vida está se exprimindo dentro dela ali” (Maria Amélia Pereira*)
O brincar é a linguagem da alma. Quando uma criança brinca está por inteira, ela por si só é um ser brincante. O brincar é essencial para o desenvolvimento dessa criança, é quando ela se ativa num movimento de dentro para fora, construindo um eixo próprio. A imagem de uma criança brincando nos remete a ideia do tempo correndo em uma velocidade outra, própria, como se nesse momento o tempo congelasse, porque neste instante a criança está inteira e plena no seu corpo, e através desse corpo, ela vai experienciar sensações, vai se modelar através do movimento.
Para uma criança, brincar é trabalho e brincar é sério, nada tem a ver com a racionalidade pela qual distorcemos o nosso fazer enquanto adultos, onde frequentemente dizemos o trabalho não é brincadeira! Por essa razão, o brincar deve ser cuidado e preparado por nós pais e cuidadores. O lugar de brincar é o templo da criança, território de sonho e encontro, tem espaço próprio. Esse lugar é a natureza, ela é o espaço de brincar por excelência, onde a criança pode interagir com os ritmos maiores, as estações do ano, as fases da lua, com os elementos primordiais da natureza.
Esse brincar referido aqui, não é o brincar direcionado, com a intervenção do adulto, mas sim aquele que brota da imaginação da criança, é um brincar espontâneo pelo qual denominamos brincar livre. O brincar livre pertence a uma outra instância, que não a instância do discurso verbal, trata-se de uma instância corporal, que surge de um movimento interno.
“Brincar espontaneamente é a base da possibilidade de ser criativo e de fazer do trabalho algo que eu me envolvo tanto quanto eu me envolvia com o meu brincar quando era criança” (Luiza Lameirão)
A criança vive completamente num mundo inconsciente e o brincar é o recurso que uma criança utiliza para elaborar as inúmeras situações em que vivencia. A partir do brincar, a criança se constrói como ser, formando sua consciência emocional e social, introjetando os hábitos e cultura do ambiente que está inserida, ou seja, brincando a criança vai dando sentido ao viver.
“Brincar é uma coisa do homem, é uma coisa do ser humano, é uma expressão. Ela vem de diferentes formas nas diferentes etapas da vida, mas ela está presente sempre” (Renata Meirelles*)
O ser brincante significa uma unidade que vivencia a conexão com seu eixo, sua essência. Aprofundar essa característica do brincar, independentemente da idade, é aprofundar o humano de cada um. A etnomusicóloga e educadora Lydia Hortélio afirma que “a revolução que falta, que é esta revolução da criança”, ela afirma que é isso que vai nos tirar do mal-estar, da falta de alegria e tristeza generalizada que a humanidade se encontra.
Acredito que a possibilidade de visitar a nossa infância constantemente, nos liga às nossas memórias de quando tínhamos a idade dos nossos filhos, fazendo delas a nossa fonte preciosa de inspiração e evolução. Isto porque, as nossas memórias sobrepõem ao ambiente, e através delas conseguiremos ativar ou acolher a nossa criança interior tão carente de atenção. Resgatar essa criança interna que vive dentro de cada um de nós deveria ser um propósito maior, em meio a uma organização de sociedade em que o lúdico é visto como um desvio à ordem, onde o ócio é frequentemente confundido com a preguiça.
O documentário Tarja Branca – A revolução que faltava, dirigido por Cacau Rhoden, nos convida a uma reflexão genuína sobre a importância do resgate à brincadeira. Logo no início temos um convite a olhar para a questão de que “a máquina da sociedade organizada do jeito que está, precisa que uma fatia considerável das pessoas, tenha que fazer coisas que não gosta durante 8 horas por dia, para que o mundo funcione…”. Como pano de fundo no contexto da cultura popular brasileira como manifestação da alegria, diversas brincadeiras são inseridas e costuradas através dos depoimentos de adultos de diferentes áreas de atuação, origens e gerações, o documentário constrói uma narrativa inspiradora e criativa na grandeza que existe por trás do ato de brincar e nos convida a resgatar esse universo lúdico e orgânico.
“Brincar é usar o fio inteiro de cada ser. Quando você está usando o seu fio de vida inteiro, você está brincando. E é profundamente sério isso” (Maria Amélia Pereira*)
O poeta, filósofo, médico e historiador alemão Friedrich Shiller, diz o seguinte: “O homem só é inteiro quando brinca, e é somente quando brinca que ele existe na completa acepção da palavra Homem”. Neste contexto, podemos nos perguntar em que lugar nos colocamos quando nos deixamos levar pelo ritmo atual que nos tira a espontaneidade, o tempo da pausa, que nos despe da criatividade e irreverência para lidar com situações rotineiras? Será que a criança que fomos se orgulharia do adulto em que nos transformamos? Não seria uma boa darmos a mão para essa criança que habita em nós e dançarmos a ciranda da vida?
Texto: Ana Laura Essado de Figueiredo – @casacandieira /@analaura.figueiredo
Mãe, Empreendedora, Formação em Pedagogia Waldorf, participante da turma 1 do Zum Zum de Mães e Colaboradora na Bee Family, comunidade de apoio que foi a grande inspiração para um um caminho de autoconhecimento e ressignificação do meu olhar para a maternidade.
Arte: Fê Moreira – @fenaessencia
Mãe, Artista, Facilitadora Gráfica, participante da turma 7 do Zum Zum e Colaboradora na Bee Family com produção visual. Acredita que a arte é um caminho de liberdade criativa e transformação pessoal.
__________________
[*] Frases extraídas do Documentário: Tarja Branca – A revolução que falta
Como diz a canção do Leoni “me espera amor que estou chegando, depois do inverno é a vida em cores, me espera, amor, nossa temporada das flores”¹.
A primavera chega pondo fim a instrospecção do inverno e nos convidando a expansão. Numa explosão de cores e aromas, a temporada das flores enfeita nosso entorno. Ruas coloridas são um convite a um passeio com as crianças, um café com as amigas, um piquenique na praça.
Mas encontra, muitas de nós, cansadas. Num isolamento social que já dura longos meses. Com as crianças sem ir a escola nosso tempo se encurta, nossos afazeres se acumulam e nosso autocuidado precisa ser exercido na marra. Uma realidade bem diferente da canção onde “pelas ruas, flores e amigos, me encontram vestindo meu melhor sorriso”.
Dessa vez a primavera chega em um momento muito especial para toda a humanidade. Será uma primavera em casa, onde as saídas são restritas ao essencial, e marcadas por precauções de segurança. Uma primavera num tempo de incertezas e de certo modo, de medo. Um tempo de espera por uma vacina que possa nos devolver um pouco da vida a que estávamos acostumadas, do ritmo e da rotina que são importantes para nós e as crianças.
Mas os ciclos da natureza são sábios e imprescindíveis. São repletos de ensinamentos e de oportunidades. Se num primeiro momento viver a primavera pode parecer contraditório com esse momento, no fundo o que acontece é exatamente o contrário. Precisamos da primavera.
Para a Antroposofia esse período é regido pelo Arcanjo Micael, que representa a coragem, o impulso individual, a busca pela verdade e a superação dos medos e das ilusões do mundo.
“Micael é o arcanjo que com sua força divina orienta a consciência por meio do pensamento. Evocar seu nome é tornar presente, por meio das palavras, a força, a firmeza e a coragem que pulsam dentro de nós. A luta deste arcanjo representa a luta dos seres humanos contra as sombras que os impedem de evoluir. Muitos são os dragões contemporâneos.” ²
Me diz se não é disso que precisamos nesse momento? Depois do mergulho interior que o inverno nos proporcinou, chegou o momento de brotarmos trazendo de dentro a força, a coragem e a ousadia da vida, da fertilidade. É o momento de seguir sem os excessos, e confiar na fluidez da vida.
Viver a primavera em tempos de pandemia, é trabalhar em nós e nas crianças a coragem, a beleza e a renovação. Ela nos convida a expandir e partilhar nossos aprendizados e nossas experiências. Uma ótima oportunidade para darmos vida e convidarmos para brincar, a nossa criança interior.
Sem esquecermos que contamos com a coragem de Micael que nos acompanha e fortalece em nossas lutas.
Texto: Kika Bárbara, que também é Luiza – @kikabarbara. Mãe da Mari e da Carol, casada com o Marcelo, participante da turma 7 do Zum Zum, momento em que descobriu um novo olhar para a maternidade e um novo caminho para si mesma.
Fotografia: Iza Guimarães. Mãe, fotógrafa, participante da turma 3 do Zum Zum, que descobriu e acredita na fotografia como instrumento de autoconhecimento e conexão. Visite o site www.retratoterapia.com.br e siga no instagram @izaguimaraesfotografia.
1. Música Temporada das Flores
2.https://aitiara.org.br/pm/109-editorial-revista-micael-2018
Inicialmente, preciso dizer que como amante da dança, em suas várias vertentes, nunca imaginei que ritmo seria um desafio! Todavia, compreendo que, por vezes, fui enrijecendo ao invés de me flexibilizar diante dos desafios da vida! E, de fato, para viver plenamente há que se dançar conforme a música, atendendo às batidas do nosso coração!
“O bambu que se curva é mais forte que o carvalho que resiste”. Provérbio Japonês
Assim, em um de meus artigos favoritos do Conexão Profunda Faça seu ritmo e dance sua própria música! destaco a importância da autenticidade e do amor-próprio! Naquele momento, eu testemunhava muitas pessoas seguindo outras, como um rebanho sem a menor originalidade e respeito por si. Por isso, eu refletia sobre a importância de escutar a música interna, que pulsa em nosso coração e que é fundamental para uma existência plena!
A partir desta consciência do alinhamento interno, preciso confessar que a maternidade trouxe mais ziriguidum para meu repertório musical, rs! Afinal, não se tratava mais só de mim, mas da responsabilidade e o compromisso que tenho com este Ser que eu trouxe para este mundo!
No momento em que eu estava melhorando o meu solo, surgiu a possibilidade de fazer uma dança em dupla. O mais interessante é que a minha parceira muda a música repentina e frequentemente, tal como um DJ indeciso e inseguro! Vale ressaltar que, provavelmente, é assim que minha filha se sente com 2 anos e 8 meses! Às vezes, percebo que ela quer me impressionar me imitando e, em outros momentos, quer impor suas próprias escolhas e contestações!
Apesar de falarmos tanto sobre rotina, os filhos não nos permitem conhecer o tédio, rs! A verdade é que nunca sei o ritmo que me espera no salão, às vezes começa com um sorriso doce que me indica uma música lenta e agradável. Mas, de repente, tudo muda e vira um rock metaleiro que não estava nos meus sonhos! Isso tudo acontece em fração de segundos e eu, por muitas vezes, fico sem entender de onde surgiu tanta coisa!
Certamente, haja flexibilidade e malemolência para lidar com os desafios emocionais que nossos filhos nos propõem! Seguindo a linha proposta pela Clarissa e por autores como Laura Gutman, tenho buscado observar o que minha filha tem me revelado! Imediatamente percebo MUITO trabalho de cura emocional pela frente! Cada vez mais vejo o meu caminho de resgate de minha criança interna ferida e cura emocional não apenas minha, mas de muitos ancestrais! Leia também Maternidade: uma oportunidade de curar sua criança interior!
O contexto histórico de nossos ancestrais é permeado de muita violência: guerras, perseguições, imigrações, fome e falências… Trata-se de um cenário de ameaças iminentes que fez parte da infância de nossos avós e nossos pais. Ou seja, esta sensação de medo, que é o grande pano de fundo de nossa sociedade, têm raízes profundas!
Ao olharmos para nossos ancestrais vale a pena ressaltar o papel da mulher como difusora de cultura! Isso, especialmente, numa sociedade patriarcal em que os papéis de poder e dominação eram prioritariamente exercidos pelos homens! À mulher cabia a educação dos filhos ou, quando muito, carreiras como a docência que também tratavam deste ambiente de formação educacional.
Assim, ao pesquisar um pouco sobre a história desta mulher – nossa tataravó, bisavó, avó e mãe – é possível notar que as palavras chaves são: REPRESSÃO e MEDO! Estas mulheres viveram conteúdos familiares e sociais de muita violência tanto explícita quanto implícita! Para quem se interessar, recomendo o Programa Café Filosófico Sexualidade: história de repressão e mudanças – Mary del Priore:
“Quando olhamos para trás e conhecemos os costumes dos nossos antepassados, a forma como eles lidavam com o próprio corpo e a sexualidade, compreendemos muito de nossos preconceitos e dos hábitos que reproduzimos… ou eliminamos”. (Introdução)
Neste contexto, é possível notar a enorme injustiça de julgar a educação que nossos pais nos deram com a consciência que temos AGORA! Afinal, opinar depois que o jogo acabou é fácil, a grande questão é ter humildade para entender que as pessoas fazem o melhor que podem com a consciência que têm no momento!
Iniciamos uma jornada rumo à construção de um novo paradigma social quando começamos a ler e flertar com conteúdos como: comunicação não violenta, criação com apego, maternagem consciente, disciplina positiva etc. Neste sentido, estamos à anos luz de distância da sociedade em que viviam nossos ancestrais!
Nas ocasiões em que vejo minha filha brincando com os avós, eu percebo como as coisas mudaram! Cotidianamente, busco construir novos panoramas de abundância, de gentileza, de integração e inclusão com minha filha! Antes, a educação se dava muito pelo medo, pela ameaça e pela chantagem emocional! Por isso, vejo que o trabalho que meu marido e eu realizamos é diferente e somos parceiros muito afinados para perceber quando alguém sai do ritmo! Afinal, ainda carregamos muitas crenças profundamente entranhadas deste sistema social e familiar.
Um exemplo recente foi o meu dizendo à minha filha que ela estava pesada! Aparentemente nenhum problema, mas meu tom estava acusativo, porque eu estava exausta! Logo, meu marido chamou minha atenção para observar o meu discurso. De algum modo eu fui transportada para o passado quando lembrei que me sentia responsável pela forma como minha mãe se sentia e isso me enchia de culpa!
Neste momento, percebi que apesar da distância entre os paradigmas, minha criança ferida continua lá, perdida naquele contexto, com aquelas feridas e precisando de minha maternagem atual! Vejo muito disso em minha filha: cada episódio de confusão emocional, por vezes, me remete à dores que eu ainda não curei!
“Eu vos digo:
Alguém precisa ter caos em si mesmo
Para dar luz a uma estrela dançante”. Nietzsche
Certa vez, fizeram esta metáfora ao falar sobre o processo de autoconhecimento: é como descascar uma cebola! Ou seja, sempre há camadas mais profundas, e assim, observo em meu próprio processo! Às vezes, parece que minha filha vai me conduzindo numa jornada de cura interna através de seu próprio processo de desenvolvimento! Geralmente, isso se inicia como um desconforto, algo que começa a me incomodar demais e que o comportamento dela manifesta!
De início, penso que é algo com ela, observo, indago, pesquiso e, de repente, começo a investigar o que EU estou sentindo com aquilo tudo! Por exemplo, é nítido e notório que questionar e tentar burlar as regras faz parte do cenário dos 2 anos. E ok, tudo conforme o esperado! Só que não, eu me irrito, me magoa, me deixa insegura, com raiva e muito cansada, por vezes, me sinto desrespeitada, invalidada e uma péssima mãe. Opa, agora isso tudo é MEU, MUITO MEU! Todas as expectativas, frustrações, medos e inseguranças que o processo dela desperta em mim NÃO SÃO RESPONSABILIDADE DA MINHA FILHA! MAS fazem parte do MEU PROCESSO DE AUTOCONHECIMENTO E CURA!
A ênfase da frase acima se faz necessária para que possamos perceber que NÓS somos RESPONSÁVEIS por nosso próprio processo! Uma tendência perigosa é querer voltar lá para a criança ferida e começar a se comportar como nossos filhos com 2 anos! Cuidado! Vejo que minha filha me mostra o caminho de minha jornada de cura, mas a responsabilidade de trilhá-lo é minha. Além disso, a responsabilidade de guiá-la, oferecendo segurança para que ELA trilhe seu próprio caminho, é minha enquanto adulta e responsável que sou! Mas só poderei oferecer isso à minha filha, se eu for um exemplo coerente em minha própria jornada! Para mergulhar neste processo recomendo o Programa Pais Conscientes, Crianças Felizes, em que a Clarissa nos conduz numa jornada profunda de auto-consciência!
Vivemos na sociedade do espetáculo, como diria o pensador Guy Debord! Este conceito nunca foi tão verdadeiro e palpável como atualmente! Isso nos estimula excessivamente a ficar distraídos do que realmente importa, do que é prioritário em nossa vida! Quantas vezes estamos nas redes sociais buscando amigos, curtidas e corações enquanto deixamos de conversar com as pessoas que ESCOLHEMOS compartilhar nossa vida?! Quantas vezes estamos preocupados com o mundo externo e deixamos de vivenciar o interno?!
“E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música”. Nietzsche
Particularmente, eu procuro ser muito atenta a estes aspectos! Em geral, utilizo as redes sociais mais para trabalho ou mensagens em que eu realmente acredito. No dia-a-dia, tento usar o celular me policiando para não exagerar, mas ainda assim minha filha vive pegando objetos e fingindo que é um celular! Isso me faz lembrar do filme Click que traz uma crítica bem humorada, mas provocativa a respeito de nossas escolhas na vida! Quantas vezes priorizamos o externo e esquecemos de nutrir o mais importante e significativo em nossa vida?!
Para dançar e fluir com a vida eu preciso estar conectada profundamente aos meus princípios e valores! Leia também Redesenho do Cotidiano: da Crise ao Zum Zum de Mães. Contudo, isso não significa estar enrijecida em verdades absolutas, mas apenas estruturada no que realmente importa em minha vida! Por isso, percebo que o ritmo para mim é um caminho de auto-respeito e conexão que ultrapassam regras pré-estabelecidas! Para encontrar o ritmo é preciso voltar a escutar o próprio coração, o vento, nossa respiração e, desta forma, acessar nosso ritmo interno. Ou seja, o ritmo da natureza manifesto em nosso próprio ser!
Gratidão pela leitura! Namastê!
SOBRE A AUTORA
Este texto foi escrito por Gisele Mendonça, cientista social, mestre em sociologia, participante do Zum Zum de Mães e, principalmente, MÃE! Tem um blog chamado Conexão Profunda, visite www.conexaoprofunda.com.br e curta a página no facebook Conexão Profunda
Há oito anos atrás eu e meu marido nos separamos… Este foi um momento muito importante da minha história de vida, na qual eu me vi com 26 anos, sem a presença dele ao meu lado e com uma criança de 1 ano e meio em meus braços para cuidar.
Durante este processo me deparei com questões muito dolorosas e que para além da dor, pude descobrir um caminho de reencontro comigo mesma e com meu filho, que por muitas vezes esteve ali do meu lado, mas completamente abandonado.
Vou te contar um pouco desta história para que você entenda como fui me reconectando comigo mesma e com o meu pequeno João…
… lembro-me como se fosse hoje, daquela primeira semana (pós separação) que entrei em contato com um turbilhão de emoções, que nunca havia experimentado antes com tamanha intensidade. Ora sentia uma raiva profunda que vinha das minhas entranhas, ora sentia um medo desesperador de estar só, por vezes era tomada por uma tristeza e uma dor que chegava a me faltar ar…
Quando entro nestes processos emocionais intensos tenho a sensação que me faltam palavras para nomear e descrever a potência que nasce do sentir.
Algo bastante positivo, que estava acontecendo neste momento de minha separação e que me trouxe amparo e acolhimento, foi que eu estava participando de um processo terapêutico grupal. Logo que me separei tivemos um encontro e contei aos meus companheiros o que havia acontecido. A facilitadora do grupo, com toda sua sensibilidade e assertividade, me fez a seguinte pergunta:
“Clarissa querida, observe onde internamente seu aspecto masculino interno se rompeu com o feminino?”
Esta pergunta mudou tudo… foi um ponto de virada na minha maneira de perceber o que estava acontecendo! Ela reverberou forte em meu Ser e ainda segue reverberando, um tipo de pergunta existencial, como um grande Koan que em diversos momentos de minha vida vou recebendo pequenas pistas para desvenda-lo e aproximar este masculino e feminino que habitam meu mundo interno.
A partir do encontro com “A Pergunta” comecei lentamente a me ver naquele processo, até então eu só enxergava meu ex e o responsabilizava pelo que estava vivendo. E a pergunta da minha terapeuta me permitiu olhar para mim mesma e perceber como eu estava co-criando aquela situação em minha vida. Ela me aproximou da minha responsabilidade naquele processo. Eu comecei a responder pelo que a vida estava me apresentando e fui me movimentado e desidentificando do papel de vítima, de mulher abandonada pelo marido que se apaixonou por outra, de mãe solteira que estava só para criar seu filho…
Neste processo de “dar-me conta”, percebi o quanto eu estava repetindo padrões familiares, estava insatisfeita comigo mesma, me sentia extremamente inquieta e incomodada quando estava sozinha, ou somente eu e o João, sentia uma carência profunda e sobretudo muita raiva da liberdade dos homens… Percebi também o quanto estava focada na vida dos outros, me comparava com outras mulheres e outros homens, responsabilizava meu ex marido, meu filho, meus pais, o governo, o sistema, pelo meu sofrimento, enfim vivia uma perturbação interna que me gerava muita angústia. Reconhecer cada um destes aspectos me fez perceber como de alguma maneira eu estava contribuindo para o cenário do relacionamento que eu estava vivendo com meu esposo, que culminou em nossa separação.
Outro ponto muito importante neste processo foi que me recordei de uma escolha que fiz, ”bem inconsciente” diga-se de passagem: eu escolhi ser mãe! E ali, debaixo do meu nariz, tinha uma criança respirando junto comigo e absorvendo toda esta confusão interna que transbordava do meu ser e invadia nossa casa. Durante este período de caos João estava “abandonado”, não havia espaço para inclui-lo em minha vida. Não conseguia me conectar e estar verdadeiramente disponível para meu filho, minha mente não estava ali com ele, tampouco meu coração. E quando percebi isso fui me conectando com uma grande força de vontade de transformar minha confusão interna, eu olhava pro João tão pequeno, tão inocente e tão intenso e cada vez mais percebia que as respostas que eu buscava não estavam lá fora… Era hora de me manter ali junto do meu filho e de mim mesma!
Por mais doloroso que seja este processo de autorresponsabilidade, ele é imprescindível e com o passar do tempo extremamente fortalecedor, pois somente quando assumo o que é meu, tenho como atuar e transformar a minha maneira de perceber e interagir com a realidade. E naquele momento mais decidida do que nunca, mergulhei em meu mundo interno e aos poucos, com muito apoio, terapia trás terapia, curso de crescimento pessoal, leituras, relações, encontros, experiências e muita vida borbulhando aqui dentro fui me redescobrindo e ajustando meu foco para o que era essencial naquele momento.
E quanto mais eu me conectava comigo mesma, mais eu conseguia me conectar com o meu filho e com suas necessidades mais legítimas. Cada vez que eu conseguia escutar e integrar o que pulsava em meu ser, meus ouvidos se limpavam e eu começa a escutar a voz do meu filho que talvez nunca tivesse sido escutada com tanta clareza anteriormente.
Todo ser humano nasce conectado com suas necessidades básicas. O bebê humano desde o momento do seu nascimento está intimamente conectado com suas necessidades legitimas. E quando alguma delas não está sendo atendida, ele vai nos mostrar. Como? Usando o recurso que recebeu para isso, o choro. Simples assim: o bebê confia em seus instintos, ele segue seu desenho natural, confia em si mesmo e em seu entorno, e quando algo não está bem ele chora, pede ajuda!
O que acontece é que muitas vezes, como no momento da minha separação, nós, pais e mães, não estamos emocionalmente disponíveis para escutar os pedidos de nossos filhos. Nossa desordem emocional é tão grande e consome tanto nossa energia que não conseguimos, ver, escutar e sentir nossos filhos. E muitas vezes, começamos a julgar, interpretar e negar os pedidos dos pequenos.
E negamos estes pedidos não porque somos pessoas ruins ou porque não amamos nossos filhos, simplesmente o que acontece é que a chegada deste novo ser em nossa vida e a relação extremamente íntima e profunda que vivenciamos com esta criança, acessa aspectos sombrios do nosso mundo interno que nem sempre sabemos como lidar. E os ruídos que esta sombra traz podem ser tão intensos que nos impedem de escutarmos a voz e os pedidos sutis de nossos bebês!
No meu caso, perceber que eu não estava escutando os pedidos do meu filho me fez reassumir este compromisso comigo mesma, responsabilizar-me pelo que a vida estava me apresentando. Como se eu despertasse de um sonho, no qual acreditava que viriam me resgatar, no qual estava passivamente esperando que os outros fizessem por mim algo que eu mesma poderia fazer.
Ao olhar para meu filho ali abandonado, senti um chamado para recolher meus pedaços, pois sabia que somente assim eu poderia inspirá-lo e liberá-lo de toda esta confusão que criei para nossa vida. Deixei que o amor devocional que aquele pequeno ser tinha por mim me nutrisse e me fortalecesse para me recompor e renascer.
E pouco a pouco, como uma pequena semente que estava adormecida debaixo da terra, fui despertando, dia após dia, minhas raízes desciam e agarravam firmemente a terra e ao mesmo tempo sentia uma outra força que me impulsionava para além da terra rumo ao Sol. Nesta jornada percebo que o João foi meu Sol, pois eu permiti que sua luz me despertasse do sono profundo e me guiasse rumo a novas possibilidades.
Além do João recebi muita água boa e fresca que nutriram minha semente, por meio dos apoios terapêuticos que tive e que me ajudaram a limpar meu campo emocional e reorganiza-lo. E além da água, havia uma terra firme e muito acolhedora que me sustentou e me deu a estrutura necessária para criar raízes firmes e profundas. Essa terra era composta por uma rede de apoio que incluía minha família, minhas amigas, as mães e pais da pracinha que frequentava com o João todas as manhãs e tantas outras pessoas que me apoiaram nesta jornada!
E para você ter uma idéia da potência deste movimento, em pouco mais de 6 meses da data que me separei eu estava em Los Angeles, ministrando um curso de crescimento pessoal. Este e vários outros frutos só foram possíveis porque tudo aconteceu como tinha que ser. Hoje, oito anos depois, olho para trás me sinto tão agradecida ao Universo que com sua sabedoria magistral cuidou de cada detalhe.
E para terminar este texto, que além de compartilhar um pouco da minha história pessoal tem como intuito principal inspirar a outras mulheres, sobretudo as que estão vivendo momentos desafiadores, quero deixar esta frase que li outro dia num livro do Joan Garriga: “Para o bem ou para o mal, grandes perdas em um nível são grandes ganhos no plano do espírito, ou ao contrário, o que parece ser um grande ganho em um nível são grandes perdas em nossa alma”.
A convivência diária e a rotina muitas vezes nos fazem acostumar com a presença dos nossos filhos em nossa vida e vamos deixando adormecer algo que chamo de “interesse genuíno” por aquele pequeno Ser.
Quando isso acontece nosso olhar vai perdendo o brilho, nossas mãos vão ficam mais duras e frias, nossos ouvidos ficam mais seletivos e obstruidos, nossa voz vai perdendo a suavidade…
… e o encantamento que nos movia com tanto vigor em direção daquele bebê/criança, já não faz mais parte desta relação (ou não com tanta frequência e intensidade)!
Nas últimas semanas estive acompanhando meu filho mais novo em seu processo de adaptação escolar e resgatei um recurso que tem me apoiado muito a REDESPERTAR este encantamento pelo mundo das crianças e a minha conexão com meus filhos… Confesso que isso tudo estava bem adormecido cá dentro de mim!
O que pude vivenciar neste mais de 1 mês e 1/2 que passei no Colégio Waldorf de Pucon (o tema da adaptação merece um texto/video exclusivo pois foi beeem intenso e rico em aprendizados também) me permitiu lubrificar meus olhos, esquentar meu coração e minhas mãos, abrir meus ouvidos, dar um novo tom para minha voz e alegrar profundamente a criança que vive dentro de mim…
O que Resgatei de tão mágico Ali?
A Conexão com a Linguagem das crianças (que vive dentro e fora de mim), com a fantasia, com a imaginação que me aproxima tanto do mundo que meus filhos vivem (em especial o Lucas que hoje tem 3 anos) !!!
E é sobre esta linguagem que vou falar neste vídeo hoje… Uma linguagem que nos (re)conecta com nossos filhos (com nossa criança interior), que nos apoia a guia-los e conduzi-los de uma maneira mais leve, íntima e respeitosa…
Depois que assistir ao vídeo deixe aqui embaixo seu comentário! Vou adorar te escutar…
Um beijo com carinho,
Clarissa Yakiara
Nesse vídeo, vou te contar sobre uma prática que fazemos em nossa Rede de Apoio Materno Online, o Zumzum de Mães, chamada: Dupla de escuta.
<h2> Rede de Apoio Materno: Dupla de Escuta – Zumzum de mães</h2>
Percebo que depois que os filhos nascem é um grande desafio priorizar a gente mesmo, muitas vezes nosso bem estar fica pra segundo plano, priorizamos os filhos, o trabalho e o marido.
A Dupla de Escuta é uma ferramenta que permite que tenhamos alguém com quem compartilhar os desafios da maternidade sem julgamento. Alguém que esteja ali simplesmente para nos escutar. Uma pessoa com quem possamos compartilhar as emoções acumuladas em nosso mundo interno.
Assista ao vídeo e veja como esta ferramenta poderá trazer muita leveza, tranquilidade e alegria em seu dia a dia com as crianças.
Depois me conta aqui embaixo o que achou do vídeo e o que tem surgido com a prática da Escuta!
Seguimos conectadas aqui no site da Bee Family! 😉
Com carinho,
<h2>TRANSCRIÇÃO DO VÍDEO:</h2>
Olá! Aqui é Clarissa Yakiara e você está assistindo ao canal da Bee Family um lugar para pais e mães inspiradores.
Neste vídeo de hoje vou te apresentar uma pratica que usamos em nossa rede de apoio materno online chamada Zum Zum de Mães: A Dupla de Escuta. Esta pratica, que ja ja vou te contar do que se trata, pode te apoiar a vivenciar os desafios do seu dia a dia com a criança e com tudo que envolve este universo materno com muito mais leveza, aceitação e confiança.
E antes de falarmos sobre a Dupla de Escuta como é de costume quero te convidar a me seguir no Instagram e acompanhar as Historias que estou fazendo mostrando um pouco do meu dia a dia com as crianças… um espaço de muita simplicidade e inspiração para estarmos cada vez mais atentos as necessidades dos pequenos!
Então vamos ao tema do vídeo de hoje: a Dupla de Escuta, este apoio que pode trazer muita leveza e harmonia para seu dia a dia com os pequenos. Essa prática surgiu como um apoio extra as participantes do Zum Zum de Mães. Alem dos videos, da teoria, das praticas e da comunidade secreta no Facebook, sugeri a elas que buscassem dentro do grupo uma dupla para escuta-las. Simples assim… a sua dupla vai te escutar.
E eu resolvi gravar este vídeo para você que me acompanha aqui na Bee Family para sugerir que você também leve esta pratica para o seu dia a dia pois ela é tão simples e tão potente que você nem imagina.
Você pode estar se perguntando, mas para que vou buscar uma dupla de escuta?
No nosso dia a dia principalmente depois que nos tornamos mães percebo que fica difícil priorizar a gente mesma. Priorizamos os filhos, o trabalho, o marido, a sogra, a escola do filho, as atividades extracurriculares dos filhos e as nossas necessidades acabam ficando para segundo, terceiro, quarto ou decimo plano, num é verdade? Tem mães que até conseguem ir ao salão fazer as unhas, ou na academia fazer ginastica, mas o que estou falando aqui é de priorizar o nosso mundo interno. Nosso campo emocional, nosso campo psíquico!
Imagino que já deve ter percebido como nós acumulamos emoções, crenças e historias em nosso mundo interno. O marido fala de maneira ríspida com a gente e preferimos calar para não discutirmos na frente dos pequenos, mas ficamos com muita raiva e remoendo aquilo por dias. A sogra faz algo que não gostamos, mas não temos força para dar limite aquela situação ou preferimos não falar nada afinal de conta ela nos apoia com o cuidado com as crianças. Estamos vivendo uma situação estressante no trabalho, mas quando chegamos em casa a rotina é tão tumultuada que assim que as crianças dormem, caímos na cama adormecidas também. Ter relações sexuais, hein?! O que que é isso mesmo?
Enfim dei alguns pequenos exemplos para que você possa perceber como estamos reprimindo e aprisionando questões em nosso mundo interno. E é importante que você saiba que estas questões não desaparecem, simplesmente porque você não deseja mais olhar para elas. Elas ficam em seu mundo interno e mais cedo ou mais tarde vem a tona de alguma maneira. Pode ser que nós adoecemos, ou que vamos explodir com as crianças ou com outras pessoas próximas que estão ao nosso redor… Enfim quando não expressamos, não comunicamos, não limpamos constantemente nos interior a panela de pressão vai enchendo, enchendo, enchendo e uma hora ela explode…
E o propósito de compartilhar com você sobre a dupla de escuta é exatamente este de tentar te apoiar a vivenciar a maternidade sem tantas explosões e sem tanto sofrimento.
E por isso sugiro que busque uma dupla, uma pessoa que seja mãe também e que esteja passando por processos parecidos com os seus e que você possa falar abertamente sobre desafios, conflitos, seus medos, raivas, tristezas, sem sentir que está sendo julgada…
Você pode estar pensando agora que vai ser muito difícil encontrar esta pessoa… mas isso não é verdade. Basta olhar com um pouco de abertura, as vezes você já até tem alguém em mente. Se não tem ninguém em mente comece a se movimentar, visite praças onde há mães e crianças brincando, rodas maternas, olhe com atenção para o seu entorno que logo sua dupla vai chegar.
Depois que encontrar a pessoa basta fazer alguns acordos com ela, se sentir vontade envie este video para que ela entenda melhor o processo.
Agora preste atenção nesta informação: a única regra do processo é que quando uma pessoa está falando a outra está ali, atenta, presente e aberta a ESCUTAR. Em silencio profundo, quero dizer silencio interno e externo. E quando a pessoa que compartilhou terminar de falar quem escutou não deve ficar dando conselhos, dicas, nem nada disso, fique em silencio e deixe aquelas palavras irem se acomodando. No máximo quem escutou pode contar alguma experiência parecida que viveu, nada alem disso. O objetivo aqui é a escuta, aberta, sem julgamentos e com muito amor por este ser humano que está em sua frente, revelando aspectos íntimos do seu ser. É claro que se sentirem vontade de se abraçarem, de chorarem, de dar boas gargalhadas isso sim é muito bem vindo…. <3
E por hoje eu fico por aqui. Aguardo seu comentário e suas experiências com esta pratica simples e pode gerar um impacto incrível em suas relações….
E caso você queira receber notificações sempre que eu gravar vídeo novo aqui no canal clica no botão de inscrição aqui embaixo e depois ativa este soninho que está bem ao lado do botão de inscrição!
Um beijo com muito carinho e até breve.
<h2>Viver Melhor e Viver com Menos</h2>
Você já se deu conta que quando nossos filhos nascem eles trazem consigo um chamado essencial para vivermos melhor nos dias de hoje?
Neste vídeo vou compartilhar com você um pouco sobre este chamado trazido por nossos filhos o de Simplificarmos a nossa vida!
Frente a um mundo cheio de excessos, de produtos, de telas, de informações, de ruidos, de estimulos, de novidades, como podemos simplificar?
Meu convite é que primeiramente você observe seu filho. E depois reflita sobre como você pode simplificar sua rotina, sua vida e viver momentos de mais conexão, alegria e tranquilidade com as crianças?
Depois que assistir ao vídeo DEIXE SEU COMENTÁRIO aqui embaixo vou adorar saber como você está Simplificando por ai… 😉
Um beijo com muito carinho,
TRANSCRIÇÃO DO VÍDEO:
Olá aqui é Clarissa Yakiara e você está assistindo ao canal da Bee Family um lugar para pais e mães inspiradores.
Neste vídeo de hoje quero conversar com você sobre a importância de Escutarmos um chamado importantíssimo trazido por nossos filhos o de Simplificarmos a nossa vida! Frente a um mundo cheio de excessos, de produtos, de telas, de informações, de ruidos, de estimulos, de novidades, como podemos simplificar?
Agora antes de continuarmos com o vídeo quero te convidar a me seguir no instagram @clarissayakiara e acompanhar as historias que posto quase diariamente. Elas podem te inspirar muito a viver uma rotina simples, tranquila e atenta as necessidades das crianças.
Não sei se você já pensou dessa maneira, mas pra mim faz muito sentido pensar que as crianças nos guiam em direção a verdadeira natureza do ser humano e nos trazem uma mensagem de que podemos viver com menos e viver melhor. Sinto que esta chegando o momento de reordenar nossas prioridades e recordar que o mais importante são as pessoas que estamos formando em nossos lares e que necessitam nosso tempo: em qualidade e quantidade também.
A maioria de nós vive correndo de um lado para o outro, temos horário pra levantar, para comer, para trabalhar, parece que nunca temos tempo para fazer tudo o que desejamos e o que “temos que fazer”.
Entre os afazeres de casa e do trabalho, muitas vezes sobra pouco tempo para os filhos. Não conseguimos verdadeiramente priorizar o que muitas vezes dizemos por ai que é nossa prioridade: nossos pequenos. Justificamos para nós mesmas dizendo que o que importa é a qualidade e não a quantidade de tempo. Explicamos aos nossos filhos que mamãe e papai trabalham muito porque tem que pagar pela casa, escola, as roupas, brinquedos…
Ai nos sentimos cupados e acabamos substituindo o carinho e a presença que “não temos tempo de dar”, ou melhor que não priorizamos dar, por bens materiais, jogos e filmes, atividades extracurriculares para distrair e manter as crianças ocupadas.
O meu convite neste vídeo de hoje é que você pare para observar o seu filho, observar de maneira neutra, tentando fazer um exercício precioso e fundamental de limpar a lente do seu óculos, limpar as crenças, historias e teorias e simplesmente olhar com atenção (ou seja sem tenção) e muita curiosidade e disponibilidade para a natureza desta criança.
Nossos pequenos precisam de muito pouco, basicamente precisam de se sentir conectados com outros seres humanos.
Mas só Isso? Basicamente sim, mas nos dias de hoje é tão raro ver pais e mães disponíveis para se conectarem verdadeiramente com seus filhos!
A gente complica muito, escutamos muito os ruídos externos, a enxurrada de informações e distrações criadas pela industria do consumo… Nos afastamos do nosso ser essencial e com tanto barulho em nossa mente e ao nosso redor não conseguimos escutar nossos filhos. O que eles querem é bem simples: eles querem Você!
E para você conseguir estar ali para os seus filhos precisamos simplificar essa vida tão complicada e tão cheia de “tenho que” que criamos ou que nos submetemos.
E você como pode simplificar sua vida, diminuir a quantidade de “tenho que” para ESTAR ali para o seu filho? Essa é a grande pergunta que você deve deixar reverberar em sua mente, em seu ser… Sem buscar respostas rápidas e prontas, sem buscar as respostas em videos, textos, livros e teorias, esta resposta está ai dentro de você, e vai surgir da pratica da observação diária do seu filho, de você mesma e desta relação. É somente observando a si mesma, ao seu filho e a sua vida que você vai conseguir simplificar, diminuir e focar no que é essencial.
E conseguir escutar este pedido simples e tão grandioso que as crianças nos trazem: o de nos entregarmos de tal maneira a sermos capazes de nutrirmos corpo e alma de nossos pequenos com nossa presença!
E por hoje eu fico por aqui. Aguardo seu comentário aqui embaixo para seguirmos refletindo sobre presença, conexão e simplicidade. A medida que você for se aproximando das respostas conta pra gente aqui embaixo o que está surgindo ai em sua casa, quem sabe podemos nos inspirar…
E pra terminar te convido também a se inscrever aqui no canal da Bee Family e clicar no sininho ao lado do botão de inscrição para receber notificações sempre que tiver video novo por aqui. 😉
Um beijo com muito carinho e até breve
No vídeo de hoje, quero conversar com você sobre a Volta ao Trabalho. Como lidar com este momento tão intenso e desafiador que é voltar ao trabalho quando temos filhos pequenos em casa.
Eu particularmente não vivi esta experiência pois trabalho em casa e me sinto muito privilegiada por isso. Mas acompanho muitas mães que vivenciam este processo e por isso resolvi compartilhar com você alguns pontos que podem te apoiar a trilhar este momento cuidando da relação e do vinculo entre mãe e filho.
caso sinta vontade deixe seu comentário aqui embaixo, vou adorar conhece-la um pouco melhor! 🙂
Nos vemos em breve!
Com carinho,
TRANSCRIÇÃO DO VÍDEO:
Olá aqui é Clarissa Yakiara e você está assistindo ao canal da Bee Family um lugar para pais e mães inspiradores.
Neste vídeo de hoje quero conversar com você sobre a Volta ao trabalho, como lidar com este momento tão intenso e desafiador que é voltar ao trabalho quando temos filhos pequenos em casa.
Agora antes de continuarmos, quero te convidar a me seguir no Instagram @clarissayakiara e acompanhar as historias que estou fazendo contando um pouco do meu dia a dia com as crianças.
Então vamos seguir com o vídeo. Outro dia na comunidade secreta do Zum Zum de Mães, pra quem não sabe este é o nome da Rede de Apoio Materno online que coordeno, eu recebi uma mensagem de uma participante dizendo o seguinte:
Quando li a mensagem dela me deu um aperto no peito porque afinal de contas a bebê ainda é tão pequena para passar o dia todo longe da mãe. Eu particularmente não passei por esta experiência, pois trabalho em casa e me sinto muito privilegiada por isso, mas consigo entender a dor desta mãe que terá que deixar sua Bebê de 5 meses na escolinha durante todo o dia.
E o caminho que sugiro para você que está me assistindo agora e que talvez esteja nesta mesma situação é empreender um processo profundo observação desta relação mãe e filho. Como está o vínculo entre vocês? Quais são os sentimentos em relação a volta ao trabalho? A criança está tranquila ou já está manifestando algo, ficou doente, esta mais irritada, como está o sono dela? Enfim observe bastante o seu mundo interno e tudo que está vindo a tona neste momento e observe também o bebe!
Lembrando que a criança, principalmente as pequeninas, são como um termômetro fiel do nosso campo emocional. Muitas das manifestações dos pequenos dizem de aspectos do nosso mundo interno e quando veem a tona por meio de algum comportamento de nossos filhos em realidade são grandes oportunidades de assimilarmos algo que estava em nosso inconsciente e agora nos foi revelado com mais clareza para nos ocuparmos disso.
E a partir deste cuidado com a relação, deste olhar atento para ambas as partes envolvidas neste processo. Sugiro que você comece a comunicar com a criança o que você está se dando conta, principalmente sobre o que você está sentindo. Mas lembrando que esta comunicação nasce de um espaço de muita responsabilidade, ou seja, é importante deixar claro para a criança que esta é uma escolha sua, que faz parte do momento que está vivendo hoje. Vamos falar para nossos pequenos sobre nossos medos, angustias e tudo que estiver vindo a tona deixando claro que eu escolhi trabalhar, que isso é importante para a nossa família, que desde o momento que eu engravidei eu sabia que isso ia acontecer, e que agora que está chegando próximo do momento estou com muito medo de como serão as coisas, de como ele será cuidado por outra pessoa, se ele vai sentir minha falta, se vai ficar tudo bem, que estou com medo de ficar tantas horas longe dele, estou em duvida se é isso que eu quero mesmo… enfim fale honestamente sobre o que estiver sentindo e deixe a emoção fluir junto durante o processo de comunicação. Se sentir vontade de chorar chore, se sentir medo se permita sentir este medo, não fuja das suas emoções… Um dica para entrar mais profundo neste processo é tentar falar quando o seu bebe estiver dormindo.
Outro aspecto importante que desejo ressaltar sobre este tema é que você mãe revise sua relação com o trabalho e fique atenta para não usá-lo como refugio. Trabalhe de maneira presente, tente tornar o seu ambiente e dia a dia no trabalho prazeroso, finalize suas tarefas no final do dia antes de voltar para casa e se possível deixe anotado o que precisa fazer no dia seguinte. Para quando chegar em casa e se encontrar com as crianças conseguir estar o mais disponível o possível pois ela vão precisar de sua presença ai. Elas se nutrem da sua presença, do seu olhar, do seu toque, da sua voz, da sua capacidade de escuta-los e observa-los….
E por hoje eu fico por aqui. Aguardo seu comentário aqui embaixo para seguirmos refletindo juntas sobre aspectos da volta ao trabalho, como podemos fazer isso da maneira mais harmônica o possivel. Me conta aqui embaixo como você está lidando com este momento…
E no final deste vídeo vai aparecer um outro vídeo que pode te apoiar a aprofundar em tudo que compartilhei aqui.
E caso você queira receber notificações do canal sempre que tiver video novo, se inscreve aqui embaixo e clica no sininho ao lado do botão de inscrição. 🙂
Um beijo com muito carinho e até breve
Hoje em dia percebo que muitas mulheres vivenciam a maternidade de maneira solitária, se fecham em seus lares e vivem em um silêncio avassalador. Em um dos momentos em que mais precisam de apoio em suas vidas, muitas mães se sentem sozinhas e abandonadas em suas experiências.
Cada mulher vai vivenciar a sua gestação de maneira única e a medida que a barriga cresce ela vai construindo interna e externamente este novo papel que vai desempenhar, o de ser mãe.
Este período de gestar um Ser é muito mais importante do que muitas de nós imaginamos. Ao meu ver o que torna este momento tão sagrado é o “simples” fato deste bebê estar intimamente conectado com esta mulher e ser capaz de sentir em tempo real tudo que está acontecendo com sua mãe. Na barriga mãe e filho vivem em unidade, naquele momento eles são um só!
Muitas mulheres vivenciam a gestação direcionado grande parte de seus pensamentos e ações apenas para questões de ordem prática, tais como o enxoval, a decoração do quarto, o desenvolvimento fisico do bebê, as consultas com o obstetra. Agora se olharmos para além dos olhos e elevarmos nossos pensamentos conseguiremos imaginar que este corpo do bebê não é apenas matéria, mas também há ali um corpo sutil, emocional, e espiritual.
E isso talvez fique mais claro quando este bebê nasce, neste momento há uma ruptura física entre mãe e filho, para nossos olhos eles já não são mais um só, mas a unidade de ordem emocional ainda persiste. Quero dizer que este bebê que saiu das entranhas de sua mãe ainda permanece conectado emocionalmente com ela.
E esta grande ruptura que é o momento do nascimento de um ser é para a mulher um momento de grande revelações e movimentos internos, nos quais a percepção de si mesma e do mundo podem sofrer um impacto profundo.
O puerpério é o momento em que percebemos que muitas de nossas expectativas e idealizações, construídas ao longo de nossas vidas, não correspondem mais à realidade. A rotina, a vivencia e a relação do bebê real e da família real podem ser muito diferentes das fantasias construídas durante a gestação.
É claro que há sim uma parte deste processo que pode ser belo e realizador e hoje quero me deter a esta outra parte que também existe e é um tanto quanto sombria e angustiante.
Vamos lidar com um bebê chorando, com a privação de sono, com o peito dolorido, com emoções intensas e às vezes inimagináveis para este momento, pensamentos nem sempre agradáveis, com o pai que está tentando se encontrar nesta nova configuração familiar, às vezes, com outros filhos que também estão se acomodando com a presença deste novo membro. Estas e outras infinitas possibilidades surgem e não se diferem tanto, de um lar para o outro.
Há aqui um ponto em comum que conecta todas estas mulheres: o bebê devido a suas capacidades intuitivas e sutis vai revelar aspectos sombrios da alma de sua mãe. Ele sente como próprio tudo o que sua mãe sente, principalmente o que ela não consegue reconhecer, ou seja, aquilo que ela relegou à sombra e não faz parte do campo de consciência desta mulher.
Dito de outra maneira, ademais das mudanças na rotina e dinâmica familiar um novo bebê revela vários aspectos do mundo interno desta mulher. Muitas vezes medos, angústias, tristezas, raivas e dúvidas se abrem de maneira muito intensa para esta mulher, especialmente no pós-parto. Mesmo estando felizes com a maternidade, podemos sentir tristeza e até uma vontade de reaver a vida que tínhamos antes. Novas dinâmicas nos relacionamentos, mudanças físicas e emocionais, a experiência de ter um bebê em desenvolvimento intenso, além de várias outras adaptações postas pelas vivências do pós-parto, são desafiadoras e muitas vezes angustiantes.
E exatamente por constatar a existência deste ponto tão fundamental que passa com cada mulher depois do nascimento de seu filho, que sinto que precisamos nos unirmos e criarmos espaços confiáveis entre mulheres, nos quais possamos falar abertamente sobre o que
está acontecendo no silencio, não tão silencioso, de nossos lares.
Precisamos criar “redes de apoio” que nos ajudem num primeiro momento nos aspectos práticos, nos cuidados com a casa, comida, com as contas a pagar, para que possamos mergulhar profundamente na experiência da maternidade, conectarmos e sentirmos nosso filho em sua totalidade e sutileza. Para pouco a pouco irmos compreendendo as necessidades físicas e afetivas deste pequeno. E tudo que esta conexão com este ser a principio extremamente frágil, dependente e demandante vai acessar em nosso ser.
E num segundo momento a partir dos movimentos internos provocados por este mergulho na relação mãe-bebê sinto que precisamos nos conectar com outras mulheres que já passaram ou estão passando por este processo. Mulheres que sejam capazes de nos escutar com compaixão e com respeito, pois elas também já vivenciaram isso e sabem exatamente como é acessar este espaço. Mulheres que saibam silenciar-se internamente e se abrirem verdadeiramente paraescutar outras mulheres. Para assim suavizarmos os desafios da maternidade por meio do suporte mutuo.
E se você que está lendo este texto se sentiu tocada por estas palavras e deseja se unir a outras mulheres e encontrar este apoio, a minha sugestão é que você comece a se movimentar. Vá em direção da sua rede de apoio, não fique parada esperando que ela venha até você.
Vou te contar como consegui criar duas redes de apoio presenciais durante os primeiros anos de vida dos meus dois filhos. Quando ambos tinham por volta de 6 meses senti que era o momento de começar a me movimentar mais, não tinha tanta clareza do que estava fazendo. E simplesmente comecei a frequentar uma pracinha que tinha perto da minha casa diariamente e nos mesmos horários. Ia para levar os meninos para tomarem banho de sol e respirarmos um pouco, pois naquela época eu morava em apartamento.
Aos poucos fui me dando conta que outras mães passeavam por ali também. E comecei a me aproximar delas. Geralmente as primeiras conversas giravam em torno da idade do bebê, do nome dele, se moravam ali por perto. E quando sentia abertura combinava de nos encontrarmos no dia seguinte e aos poucos com o passar das semanas outras mães foram se aproximando… E as relações foram se fortalecendo tanto a minha com as outras mulheres, quanto a das próprias crianças que já se reconheciam, compartilhavam brinquedos e escutavam as historias de suas mães.
Para você ter uma idéia quando me mudei de Belo Horizonte para o Chile em Agosto de 2016, meu filho mais novo tinha 1 ano e nove meses e naquela época já éramos mais de 12 mães que nos reuníamos diariamente na pracinha. Era um dos momentos mais especiais do meu dia e me permito dizer que para elas também. Compartilhávamos sobre o sono das crianças, amamentação, relação com nossos companheiros, nossa vida profissional, nossos desejos que vão além desta relação intensa com as crianças, sobre nossas emoções mais intensas, sobre os desafios diarios, assunto era o que não faltava. Todas estas conversas e confidencias eram sempre envolvidas por respeito, empatia e cumplicidade entre nós.
Estar entre mulheres ativa nosso Ser feminino, nos abre para aceitarmos nossas imperfeições, nossos desgastes diários, nossa dores, nossas confusões… Nos permite acessar uma sensação de que todas transitamos em espaços internos muito similares e que não há porque esconder.
Podemos nos unirmos, nos revelarmos e nos acolhermos. Conectarmos com espaços de mais autenticidade, positividade, criatividade, amor e sabedoria!
Acompanhem mais artigos inspiradores clicando aqui.
Como podemos ajudar as crianças a lidar com a morte de alguém especial?
Muitas vezes temos a tendência de encarar a morte de maneira superficial e evitamos contato com as emoções mais profundas que a morte de um bichinho de estimação ou um ente querido trazem a tona.
Principalmente com as crianças é preciso criar um espaço seguro para que elas possam elaborar bem o luto. É necessário dar espaço para que os pequenos expressem sua raiva, tristeza, medo e qualquer outra emoção que venha a tona neste momento.
É importante deixar claro que aquele Ser que se foi vai viver sempre em nosso mundo interno e que podemos mante-lo presente em nossas vidas honrando o que ele nos ensinou.
Gostou do vídeo? Vou adorar saber o que achou dele para juntos continuarmos refletindo sobre este tema tão delicado!
Te vejo por aqui no site da Bee Family! 😉
Com carinho,
TRANSCRIÇÃO DO VÍDEO:
Olá aqui é Clarissa Yakiara e você está assistindo ao canal da BeeFamily um lugar para pais e mães inspiradores.
Neste vídeo de hoje quero conversar com você sobre O Luto na Vida das Crianças, vamos refletir sobre como nós pais podemos apoiar e conduzir nossos filhos diante da morte de alguém especial.
E como é de costume antes de continuarmos com o vídeo quero te convidar a se inscrever em nosso canal e clicar neste sininho que está ao lado do botão de inscrição para que você receba notificações sempre que tiver video novo por aqui.
Beleza, agora pra começarmos nosso vídeo quero te contar uma historia que aconteceu com minha família: Perto da Páscoa nós ganhamos um gatinho, nunca tive gatos antes em minha vida e quando esse bichinho chegou em nossa casa foi incrível o que aconteceu. Ele era pequenininho, tinha menos de dois meses. Todo mundo se apaixonou por aquele filhotinho, as crianças brincavam e ficavam atrás dele dia todo. Eu e o Rafa depois que os meninos dormiam ficávamos brincando com ele em nossa cama até tarde. Enfim o Thor, esse era o nome do Gato, chegou em nossa família trazendo muita união, leveza e alegria.
E depois de 3 semanas que ele estava lá em casa, no auge da nossa paixão pelo Thor. Aconteceu algo bem impactante. Era uma sexta a tarde e o João tinha futebol naquele dia e saímos todos atrasados para levar o João. E esquecemos de certificar que o Thor ficou dentro de casa.
E quando voltamos do futebol nos deparamos com uma cena horrível o corpinho dele na garagem da nossa casa. Ele tinha morrido. Foi bem forte aquele momento pois estávamos todos ali e não tivemos tempo nem de processar a noticia antes de comunicar para as crianças. Eu não acreditava que aquilo estava acontecendo, sentei no chão abracei o gato e chorei compulsivamente. Meu marido conseguiu acolher as crianças e foi buscar uma pá para enterrarmos o Thor. Todos nos despedimos do gatinho e plantamos um alecrim ao lado do local onde o enterramos. Fizemos uma pequena cerimonia bem simples, na qual agradecemos a presença dele em nossa família, cantamos e tocamos tambor para despedir desse serzinho tão especial.
E foi por essa historia que resolvi gravar este vídeo para falarmos um pouco mais sobre isso. Quando estamos diante da morte de um ser querido e vamos ter que comunicar isso para as crianças, a minha primeira sugestão é que você revise a sua relação com a morte. Como você lida com isso? Como foram suas experiências anteriores de perda?
Eu por exemplo, venho trabalhando e me aprofundando nisso há algum tempo, em especial depois do nascimento do Lucas meu segundo filho. Percebi que Tinha uma tendência a vivenciar a morte de maneira superficial e substituindo uma perda por outra. Uma vez morreu um cachorrinho e menos de uma semana depois meu tio já tinha me dado outro de presente. Enfim sentia que sempre buscava algo para evitar o contato com minhas emoções mais profundas que tentavam vir a tona nestes momentos. Não conseguia aprofundar e elaborar bem o luto. E essa é a minha sugestão para você diante da perda de um ente querido, aproveite para permitir que as emoções venham a tona, não fuja, não substitua, não atue de maneira superficial, se preciso busque ajuda de um profissional ou fale sobre o que está sentindo com pessoas que estão disponíveis para te escutar e acolher.
E a medida que vai revisando, dê bastante espaço para SENTIR e EXPRESSAR tudo que vier a tona. Aqui em casa, depois da morte do Thor, ficamos atentos e entramos em contato com cada uma das emoções e sensações que surgiam. A raiva, a inconformidade do gatinho morrer tão novinho, a impotência de não poder fazer nada, não poder voltar no tempo, a tristeza, a dor da ausência dele em nossa casa, o medo deste desconhecido que se abre diante da morte… Em nosso caso, ficamos mais em casa, choramos juntos, falamos sobre o que aconteceu, sobre o que cada um estava sentindo, nos unimos muito e tentamos acolher uns aos outros.
O Lucas chorava muito, falava bastante sobre o tema contava pra todo mundo que o gatinho tinha morrido, brincava e nas suas brincadeiras a morte aparecia. Já o João ficou mais calado, começou a sentir medo na hora de dormir e pedia pra eu deitar com ele na cama e nesses momentos ele se abria, chorava e expressava mais o que estava sentindo.
E a minha sugestão para você depois de revisar sua relação com a morte, seria comunicar para as crianças o que está acontecendo de maneira honesta, fale sobre o que aconteceu, sobre o que você acredita sobre a vida e a morte, claro que numa linguagem bem simples e que a criança possa compreender. Fique atento para não fugir do tema, é importante mergulhar neste universo tão presente em nossa vida. O ser humano é o único ser na natureza que tem consciência da morte, mas muitas vezes atuamos como se não soubéssemos disso.
Viva cada instante daquele processo, é vivendo no aqui e agora , conectados com cada instante que nos liberamos dos nossos medos. Talvez este seja o maior aprendizado senti depois que o Thor se foi, uma urgência de viver intensamente cada instante, honrando esta grande oportunidade que é estarmos vivos.
Além desse aprendizado algo que desejo compartilhar com você também é sobre a importância de deixar claro para as crianças que aquele gatinho, ou aquele ser que sei foi, vai viver sempre em nosso mundo interno, vai estar sempre vivo em nosso coração se isso for o que a gente deseja. Podemos manter este Ser presente em nossa vida honrando o que ele nos ensinou, por exemplo no caso do Thor procuro brincar mais e com muita alegria com as crianças, a noite agradecemos a presença dele em nossa vida, outro exemplo é no caso da morte da vovó podemos fazer a comida mais gostosa que a vovó fazia, podemos brincar de cuidar das bonecas assim como a vovó cuidava tão carinhosamente dos netinhos. Enfim tentar manter a presença deste Ser que se foi, honrando, agradecendo e fazendo algumas coisas que nos conectam com a sua presença!
E para terminar o vídeo de hoje, sinto que poderia passar varias horas falando sobre este tema… Quero te dizer que para as crianças é extremamente inspirador, confortante e seguro estar ao lado de adultos que expressam com honestidade e responsabilidade o que estão sentindo, que comunicam o que está acontecendo com simplicidade e verdade e que deem tempo para as crianças brincarem com liberdade e elaborarem o que estão vivendo. Dar muito tempo para o brincar livre dos pequenos…
E por hoje eu fico por aqui. Aguardo seu comentário aqui embaixo para seguirmos refletindo sobre a morte. E caso você queira receber notificações do canal se inscreve aqui embaixo e clica no sininho ao lado do botão de inscrição.
Um beijo com muito carinho e até breve
A maioria de nós vive correndo de um lado para o outro. Temos horário para levantar, comer, trabalhar. Parece que nunca temos tempo para fazer tudo o que desejamos e o que “temos que fazer”.
Entre os afazeres de casa e do trabalho, muitas vezes sobra pouco tempo para os filhos. Não conseguimos verdadeiramente priorizar o que muitas vezes dizemos por ai que é nossa prioridade: nossos pequenos. Justificamos para nós mesmas dizendo que o que importa é a qualidade e não a quantidade de tempo. Explicamos aos nossos filhos que mamãe e papai trabalham muito porque tem que pagar pela casa, escola, as roupas, brinquedos…
Nos sentimos culpados e substituímos o carinho e a presença que “não temos tempo de dar”, alias que não priorizamos dar, por bens materiais, jogos e filmes para distrair e manter as crianças ocupadas. Esses brinquedos as deixam momentaneamente entretidas e gratificadas, mas a longo prazo trazem consequências que impactarão todo o sistema familiar.
Cristina Ramirez Roa professora de Psicologia Evolutiva e Educação da Universidade de Barcelona, tem estudado este fenômeno que se chama “A Síndrome da Criança Super Presenteada”. Segundo ela, as crianças que ganham brinquedos e joguinhos em excesso são “crianças com baixa tolerância a frustração pois as enchemos de presentes e gratificação sem razão alguma. São crianças que valorizam pouco o que tem porque não precisam se esforçar-se para consegui-lo; crianças muito mercantilistas, que catalogam as pessoas pelo preço do presente que recebe e não pelo valor emocional e afetivo; e quando recebe algo já pensa imediatamente no próximo presente que conseguirá.”
Acontece que como não consegue o que realmente necessita, nunca se sentirá satisfeito e seguirá pedindo mais e mais objetos.
E o que as crianças querem de verdade? O que estão solicitando por trás desta montanha de brinquedos?
Possivelmente estamos ensinando nossos filhos a substituir nossa presença por estes brinquedos. Em muitos casos as crianças aprendem também a não mais pedir o tempo dos pais, que estão muito ocupados com os afazeres mais importantes e desde pequenos nossos filhos se sentem menos importantes.
Dessa maneira podemos dizer que os pedidos de um brinquedo novo, de um chocolate, de mais um pouquinho de filme na TV, são pequenos sintomas perto de uma doença bem mais complexa.
Escutar o que as crianças realmente estão pedindo: nossa atenção, disponibilidade e presença, muitas vezes nos permite ir de encontro à maneira como nossa sociedade está organizada e a forma na qual nos submetemos e vivenciamos isso.
E a partir deste encontro deixo o convite para QUESTIONARMOS nosso estilo de vida:
Talvez podemos pensar que as crianças nos guiam em direção a verdadeira natureza do ser humano e nos trazem uma mensagem de que podemos viver com menos e viver melhor. E que esta chegando o momento de reordenar nossas prioridades e recordar que o mais importante são as pessoas que estamos formando em nossos lares e que necessitam nosso tempo: em qualidade e quantidade também.