briga entre crianças

O que fazer diante de uma Briga entre Crianças, sejam elas irmãos ou não?

Muitos adultos reagem de maneira equivocada a uma briga entre crianças, geralmente eles estão mais preocupados com o que os outros adultos estão pensando do que em apoiar as crianças. Dizem que não aconteceu nada, que não precisa de chorar, distraem a criança, ou ainda agem de maneira autoritária, punindo as crianças.

Falta espaço para que a criança sinta, expresse e elabore o que aconteceu com ela.

É necessário levar em consideração as necessidades das crianças, sem distrai-las e sem ser autoritário. Devemos tentar perceber o que estas crianças estão querendo expressar com a briga. É muito importante acolher as emoções dos pequenos, tanto da criança que apanhou quanto a que bateu e direcionar as crianças para que elas se expressem de uma maneira mais sabia futuramente.

Gostou do vídeo? Vou adorar saber o que achou dele! Deixe seu comentário e conte como você lida com as brigas entre crianças!

Te vejo por aqui no site da Bee Family! 😉

Com carinho,

Clarissa Yakiara

TRANSCRIÇÃO DO VÍDEO:

Olá aqui é Clarissa Yakiara e você está assistindo ao canal da Bee Family um lugar para pais e mães inspiradores.

Neste vídeo de hoje quero conversar com você sobre a briga entre crianças, sejam elas irmãos ou não.

E antes de te contar uma historia que aconteceu com meu filho Lucas na Pracinha e um amiguinho dele, quero te convidar a se inscrever aqui no canal e clicar neste sininho que tem ai ao lado do botão de inscrição para você receber um aviso sempre que eu gravar um video novo!

Agora sim vamos pra história… outro dia fui pra pracinha com o Lucas e lá encontramos com uma amiga minha que tem um filho de 2 anos também.

Eu e minha amiga começamos a conversar e as crianças estavam brincando tranquilas, até que apareceu um carrinho e ambos quiseram andar no mesmo momento. Claro que tinham vários outros brinquedos, mas os dois cismaram com aquele carrinho velhinho, meio quebrado, de um outro menininho que chegou na praça. E como o Lucas tinha pegado primeiro ele se sentou e quando ia começar a andar o filho da minha amiga bateu nele.

Ai é claro, o Lucas começou a chorar e veio para o meu colo. Eu simplesmente acolhi aquele choro. O Lucas ficou sentado no meu colo e eu Pacientemente escutando seu choro. Em alguns momentos eu também nomeava pra ele o que estava acontecendo para apoia-lo a assimilar a situação. Eu falava assim: “Sim filho o amiguinho te bateu. Esta doendo muito né?! A mamãe entende e está aqui com você! Seu amigo tambem queria sentar no carrinho e ficou bravo que você sentou primeiro, por isso te bateu”. E o Lucas falava “Ele é chato, eu vou bater nele tambem”… “Filho a mamãe entende que é muito chato quando alguém bate na gente, da vontade ate de bater nele também ne? Mas é tao ruim quando alguém bate na gente ne?” …. “se voce quiser bater nesta bola vc pode, mas no seu amigo nao”… ele tambem não vai te bater mais”.  Basicamente nossa conversa girou em torno disso. Ele repetiu por varias vezes que o amigo era chato, que queria bater nele e eu seguia escutando, validando seus sentimentos e apoiando o Lucas a colocar para fora o que estava sentindo.

Isso pode parecer algo simples, mas é de grande importância para estes pequenos seres que acabaram de chegar ao planeta e que confiam no que nós pais e mães estamos nomeando deste mundo para eles. Nossa comunicação deve ser verdadeira, sensível e simples. Devemos estar atentos para captarmos o que está acontecendo naquele momento com nossos filhos para traduzirmos para eles em poucas palavras. O que eu comunico deve ir de encontro ao que aquele pequeno ser está sentindo e aos valores que pratico e desejo inspirar para meus filhos.

Muitas vezes quando presencio crianças brigando fico impressionada com atitudes imaturas de alguns pais… que muitas vezes nascem da preocupação com o que os outros adultos estão pensando deles ao invés de se ocuparem em acolher as crianças. Pais que nomeiam de maneira completamente equivocada, ou seja distante da realidade, o que está acontecendo para as crianças: “Dizem que não aconteceu nada… que não precisam de chorar, distraem a criança que está chorando com alguma coisa…” Ao invés de permitirem que a criança sinta, expresse e elabore o que acabou de acontecer com ela, que sim foi algo invasivo, doloroso e que gera tristeza, raiva, medo e tantas outras emoções… Tem adultos ainda que atuam de maneira autoritária, punindo a criança que bateu, retirando o brinquedo das crianças, e dizendo que ninguém brinca mais, que eles não sabem compartilhar… claro que não sabem eles são pequenos, as crianças por volta de dois anos ainda percebem o mundo de maneira bem egocêntrica e isso É natural! E muitas vezes somos nós adultos com nossas ansiedades que forçamos uma socialização num momento que a criança ainda está tentando entender que ela e o mundo são duas coisas diferentes.

Ao meu ver nenhuma dessas maneiras de atuar frente a uma briga entre crianças, leva em consideração as necessidades dos pequenos. Quando as crianças se metem em pequenas encrencas elas estão tentando falar algo de si para estes adultos. E talvez bater no amiguinho tenha sido a melhor maneira que ela encontrou de expressar algo que estava sentindo.

Mas e ai o que fazer diante de uma briga entre crianças?

Primeiramente sinto que nós adultos devemos parar e tentar perceber o que estas crianças estão querendo dizer com aquela briga. Pode ser que aquele menininho que bateu no Lucas queria a atenção da sua mãe. Ou ele já estava cansado de ficar tanto tempo na pracinha. Ou ele simplesmente estava sinalizando o quão difícil está sendo esta fase dos dois anos pra ele.

Alem de observar qual a necessidade dos pequenos por trás da briga é  importantissimo acolher as emoções que vierem a tona ali, em primeiro lugar as emoções da criança que apanhou. No caso que estou te contando foi o Lucas, por isso coloquei ele no meu colo, e deixei que ele chorasse a vontade. E aos poucos fui nomeando o que estava acontecendo de maneira bem simples e honesta para ele.

Num segundo momento se for possível vá em direção da outra criança, a que bateu e permita que ela também expresse o que está sentindo. Afinal de contas o que ela esta sentindo deve ser sempre validado, o que devemos direcionar é a forma como esta criança está expressando isso.  Podemos começar dizendo que: “estamos percebendo que ele está sentindo algo, que não gostou que o Lucas foi no carrinho primeiro e que as vezes isso deixa a gente com raiva. Agora bater no amiguinho não é legal, machuca e o amigo fica triste, você viu como ele chorou ne?” Neste momento a criança que bateu já viu o amigo triste, chorando e viu pelo meu exemplo de acolhimento como se deve tratar o outro. Não precisamos reforçar muito isso! E ai eu dou a oportunidade dele expressar o que estava sentindo de uma maneira mais sabia, quero dizer que ele consiga expressar o que esta sentindo sem invadir o espaço de ninguem. Neste caso eu poderia dizer: “Quando você sentir vontade de bater pode bater seu pe bem forte no chão, uma coisa que funciona pra mim quando estou sentindo vontade de bater é gritar bem alto, ou jogar essa bola bem longe, vamos ver se você consegue?” Posso dizer ainda:  quando eu estou na minha casa eu dou um soco bem forte no travesseiro…. assim você não machuca seu amigo e coloca sua raiva pra fora….

E por hoje eu fico por aqui… antes de terminar quero te convidar mais uma vez a se inscrever em meu canal. Aqui também você vai encontrar vídeos completares a este que acabou de assistir. Você pode clicar neles nesta tela.

Um beijo com muito carinho e até breve!

bebês descalços

Temos que calçar bebês que ainda não andam? Estudos apontam que não só não é necessário como pode ser negativo para o desenvolvimento da inteligência.

Sapatinhos pequenininhos, rosa, azul, com brilhos e enfeites, ou com tênis de corrida igual ao do papai… só que de 10 centímetros. Tudo indica que as botinhas feitas pelas vovós saíram de moda: agora as lojas de roupas de bebê oferecem muitas opções para calçar os pequenos, mesmo que ainda não consigam andar. Apesar do estilo a pergunta é: É bom calçar bebés que nem andam? Estudo indicam que vestir os bebês dos pés à cabeça pode ser negativo para o desenvolvimento.

Durante os primeiros meses de vida , quando o cérebro se desenvolve rapidamente, os pés são altamente sensíveis e ajudam o bebê a processar informação. O artigo “Podologia preventiva: “crianças descalças igual a crianças inteligentes”, elaborado por Isabel Gentil García, professora da Universidade de Madrid, justifica a necessidade de deixar descalços bebês que ainda não andam. A autora defende que o movimento físico e os estímulos sensoriais que o bebê recebe através dos pés descalços são fatores importantes para o amadurecimento, o desenvolvimento proprioceptivo e intelectual da criança.

“Temos presenciado profissionais da saúde que aconselham calçar crianças destas idades” diz o artigo. E continua “existe outro setor de profissionais que entendem que não só não é necessário calçar as crianças nessa etapa (exceto em ambientes frios) mas que calçar é prejudicial ao desenvolvimento”. Frente a diversidade de critérios, Isabel Gentil García estuda os motivos científicos de não calçar os bebês que não andam: fontes bibliográficas relacionadas com o desenvolvimento psicomotor de crianças, que tratam de neurologia e fisiologia.

De acordo com a análise teórica da autora “… o desenvolvimento é fruto de uma complexa interação entre o ambiente e o organismo e que no ponto inicial de desenvolvimento da inteligência não existe diferença entre o eu e o mundo externo”. Ela explica que o desenvolvimento ocorre de forma progressiva e os conceitos de eu, de objeto, de espaço, de causa e de tempo. Defende que um dos fatores ambientais que mais intervém no desenvolvimento é o próprio corpo, já que o conhecimento do mesmo e saber diferencia-lo do resto do mundo é uma noção mental fundamental para ir construindo as demais.

A partir do terceiro mês de vida aparece o interesse pelo próprio (que será o primeiro que a criança explora). Nesse momento o bebê começa a observar as próprias mãos e assim começa a descobrir seu corpo. “A imagem de si mesmo que a criança constrói (sua identidade) origina das experiências de todas as sensações táteis, cinestésicas e visuais resultantes da relação do bebê com o mundo”, ou seja o movimento do próprio corpo é fundamental para o desenvolvimento intelectual: “motricidade, sensibilidade e psiquismo estão intimamente unidos. Quando a criança controla controla motriz e sensorialmente o seu corpo poderá aprender e relacionar os elementos ao seu entorno e seguir desenvolvendo a sua inteligência”.Uma característica importante do desenvolvimento cognitivo na etapa pré andante é a superioridade do sensorial e do motor sobre qualquer outro aspecto. Brincadeiras motoras predominam nesta etapa: o bebê brinca com seus pés e isto estimula seu desenvolvimento porque permite o maturação do sistema nervoso e favorece controle neuromuscular, o desenvolvimento intelectual e habilidades sociais.

Os pés do recém nascido tem uma sensibilidade tátil muito mais fina que as mãos; isso se estende até os 8 ou 9 meses de vida. Por isso durante esta fase utiliza os pés para informar-se sobre o mundo exterior. Com cerca de um ano o pé vai perdendo a sensibilidade e se inicia outra mais profunda: a sensibilidade: a sensibilidade proprioceptiva (a que nos permite saber a posição e o movimento das distintas partes do nosso corpo), porém, antes de começar a caminhar, o bebê precisa da informação que ele recebe na planta do pé e das articulações para coordenar os movimentos para alcançar o equilíbrio.

Por que é importante poder experimentar com os pés? Porque segurar com as mãos os próprios pés produz experiências sobre os limites do próprio corpo, novas sensações, e como consequência aumenta o desenvolvimento cognitivo. Desta forma, os pés descalços e os pés levados a boca contribuem com a maturação propiocepção e exterocepção (a percepção dos estímulos provenientes do exterior).

É por isso que não devemos reprimir a sensibilidade tátil dos pés calçando-os, pois eles informam sobre o mundo exterior, transmitem sensação de textura e temperatura que favorecem o desenvolvimento da criança. Devemos potencializar a liberdade dos movimentos dos dedos e dos pés, que nesta idade, como órgão tátil, se movem muito. A criança precisa ter a oportunidade de colocar a planta do pé em contato com superfícies irregulares já que isto estimula as sensações cinestésicas e os reflexos posturais: bebês precisam do estímulo tátil, de presões e irregularidades do terreno para desenvolver a propiocepção das articulações e reforçar a musculatura.

A autora conclui que não tem justificativa para calçar a criança nesta etapa da vida, já que o calçado impede o recebimento de sensações e acrescenta um peso excessivo aos pés impedindo o movimento, o que pode causar lesões. Sendo assim, o movimento de autodefesa de se descalçar que as crianças utilizam adquire um significado maior do que antes nós interpretávamos. O artigo conclui “Não devemos colocar impedimentos ao desenvolvimento propioceptivo, neuromuscular e intelectual do bebê fechando seus pés num calçado que não é necessário. Ao contrario, devemos estimular as crianças a desfrutar de seus corpos e da sua motricidade com os pés descalços”.

Algo a menos para se preocupa quando vestimos nossos pequenos, que vai trazer diversos benefícios a eles. Se as temperaturas forem muito baixas, pode ser necessário proteger seus pés do frio; neste caso, devemos procurar sapatos que produzamo-nos tão fielmente possível pés descalços: sapatos macios, flexíveis, boas meias de lã com certeza podem cumprir essa função.

Artigo retirado do blog: crianzanatural.es

Autora: Cecilia Galli Guevara

Link: http://crianzanatural.es/art/art160.html

Esse vídeo foi inspirado pelo depoimento de uma participante do Zum Zum de Mães, rede de apoio materno online que coordeno! O módulo 2 do nosso curso gira em torno da conexão com as necessidades da criança! Dessa maneira convido as participantes a acessarem em primeiro lugar a sua criança interior, pois acredito que somente assim poderemos verdadeiramente perceber as necessidades de nossos filhos.

E essas vivências tem gerado um movimento muito bonito em nosso grupo! Senti muita vontade de compartilhar com você um pouquinho do Zum Zum e por isso gravei este vídeo.

Veja só o que essa participante (prefiro não revelar o nome dela) escreveu em nossa comunidade secreta do Facebook:

“Parece que tudo conspira em nosso favor… nesta semana de rever as brincadeiras e nossa infância estava totalmente perdida por onde começar. E confesso, esse primeiro modulo me deixou tão mexida que nem consigo descrever meus sentimentos. Parece que mexeu com meu filho tb, de alguma forma… 

Ontem, a escolinha me mandou um dever para fazer com ele, após aquela forte birra… fomos nós fabricar massinha… me dei conta que aquele dever era para nóss 2, cansada fui ao supermercado e comprei os ingredientes… quando cheguei ele de carinha boa foi logo me cobrando a massinha… foi quando percebi que eu nunca havia colocado a mão na massa, feito bagunça como ontem com tanta satisfação e envolvimento de todos os sentidos!! Mas o sentimento de repressão em minha criança se aflorou na hora. Meu esposo até disse: “é voce esta mesmo disposta a mudar…. lembra a briga que era quando eu brincava de arroz com ele e você preocupada com a bagunça, porquê tanta rigidez com uma criança? Por quê tanto estresse/ sofrimento sem necessidade? … foi aí que me dei conta do tempo perdido… a angústia, o aperto no peito agora domina… espero conseguir reverter …”

E para você que de alguma maneira se identificou com o depoimento desta mãe e observa que é Rígida com seu filho. Não perca mais tempo, o meu convite para você ir se libertando desta RIGIDEZ é que você movimente a sua criança interior.

Assista ao vídeo acima para compreender como você pode começar este movimento! E depois lembre-se de me contar como esta sendo este processo, vou adorar saber como você está cuidando das suas crianças! 😉

Um beijo com muito carinho,

Clarissa Yakiara

“Todo ser humano faz o melhor que pode com a consciência que tem no momento!” Eu acredito que todas nós mães estamos fazendo o melhor que podemos com nossos filhos! E a medida que nos observamos, observamos nossos filhos e buscamos informações que fazem sentido e tocam um espaço profundo em nosso ser, começamos a encontrar novas possibilidades de atuarmos, diferentes da maneira que aprendemos e isso pode ser chamado de evolução. E entender este processo natural que todos nós vivemos, com compaixão e respeito por nós mesmos e pelos demais é um primeiro passo para nos libertarmos da culpa.

A gente faz o que pode com a consciência que tem e podemos escolher conscientemente fazermos diferente. E é justamente ai que está o poder de se libertar da culpa: você pode experimentar FAZER/ ATUAR de maneira diferente e ver o que acontece! É na ação que mora o antídoto para se libertar da culpa.

No vídeo abaixo vou te contar uma história que aconteceu com meu filho mais velho e que durante muitos anos me culpei muito. E eu conto com a sua empatia para escutar o que vou falar agora que é muito importante para mim.

Gostou do vídeo, deixe seu comentário aqui embaixo, vou adorar te escutar!

Um beijo com carinho,

Clarissa

A observação atenta e verdadeiramente disponível de nossos filhos é o primeiro passo para estabelecermos uma rotina familiar harmônica e que traga segurança para os pequenos. Quero dizer que antes de qualquer coisa é importante entender as necessidades do seu filho de acordo com o momento que ele está vivendo!

Além de observar a sua criança que é única e que somente ela pode te indicar aspectos precisos sobre o que está acontecendo ali a cada momento, quero sugerir também que você observe a natureza ao seu redor. Mesmo que você viva em uma cidade grande e more em um apartamento, tente fazer o exercício diário de observar o ritmo que guia a natureza que há ao seu redor. Chamo de ritmo natural esta grande respiração planetária que ora contrai e que ora expande e que permeia tudo e todos. As crianças estão conectadas com este ritmo e para criarmos uma rotina, ou seja, para organizarmos a relação dos nossos filhos com o tempo de maneira harmônica não há como não olharmos para o ritmo natural que envolve o planeta terra.

Clique no vídeo abaixo para compreender de maneira PRÁTICA como a observação do seu filho e do ritmo natural podem te apoiar a estabelecer uma ROTINA saudável para seu filho e sua família:

Gostou do vídeo? Vou adorar saber o que achou dele! E se tiver alguma pergunta ou sugestão de tema para nossos próximos vídeo comente aqui embaixo também!

Te vejo por aqui no site da Bee Family! 😉

Com carinho,

Clarissa Yakiara

No vídeo abaixo vou falar sobre Crianças Desobedientes. Eu recebi uma pergunta da Jaquelini Santos que me disse o seguinte:

“Tenho uma filha de 1 ano e 7 meses e sou professora de maternal com crianças de 3 anos como trabalhar a desobediência nesta fase?” 

A primeira coisa que gostaria de pontuar para responder esta pergunta é que é muito importante que nós pais, mães e educadores observemos mais as crianças! Da maneira mais atenta, presente e imparcial que conseguirmos.

Quero dizer que precisamos dedicar tempo no seu dia a dia para observar seu filho: o que ele faz, como faz, os sons e palavras que emite, como te olha e olha para o mundo , como brinca, enfim esteja disponível para a criança. Pois as respostas que você busca para qualquer desafio que vive junto com o seu filho estão exatamente ai nesta relação!

E caso consiga observar bem o seu filho você vai perceber que por volta de 2, 3 anos algo começa a mudar e esta mudança este diretamente relacionada com a teimosia/ desobediência e a falta de cooperação dos pequenos que tanto nos incomoda.

O que que está mudando neste idade? Assista ao vídeo abaixo que vou te contar:

 

Caso queria Mergulhar ainda mais profundo neste tema sugiro que baixe meu ebook: Limite na Medida Certa aqui mesmo na página inicial do site da Bee Family! 😉

Te convido também a curtir nossa Fanpage no FB: http://facebook.com/escoladepaisbeefamily e me seguir no Instagram: @clarissayakiara

Vou adorar estar mais conectada com você! 😉

Um beijo com muito carinho,

Clarissa Yakiara

Quando você pensa em um momento especial da sua infância, qual a primeira imagem que surge em sua mente?

Em geral, quando faço essa pergunta em minhas conferências, as pessoas se lembram de imagens de brincadeiras, momentos que estiveram em contato com a natureza ou com pessoas que amam. São estas imagens carregadas de afetos, movimentos e liberdade que nutrem nosso ser e fazem a diferença em nossa vida adulta.

Hoje vemos crianças inquietas, agressivas, muito ligadas à televisão e ao computador e isso é extremamente prejudicial para a infância. As crianças precisam brincar, se movimentarem com liberdade, pois é dessa maneira que elas se expressam, interagem com o mundo, adquirem habilidades motoras, aprendem a se orientar no espaço, além de adquirirem noções de limite!

Como pais e educadores é necessário encorajar essa movimentação de duas maneiras:

  1. A primeira seria pelo exemplo, a criança é regida pela força da imitação, por tanto, é fundamental que ela esteja na presença de adultos se movimentando, cuidando da casa, caminhando, fazendo comida, etc. Isso inspira a criança a se movimentar também.
  2. A segunda maneira de inspirar mais movimento no dia a dia da criança é preparar o ambiente no qual a criança vai estar. Cuidar da segurança do espaço, ou seja, retirar do ambiente objetos com os quais a criança possa se machucar, deixar espaço livre para a movimentação, usar brinquedos simples para que a criança possa explorar sua criatividade. Fora de casa dar preferência para ambientes naturais como praças e parques ao ar livre.

Segue um pequeno vídeo que falo mais sobre este tema:

Se sentir vontade deixe seu comentário aqui embaixo!

Você é sempre bem vindo à Bee Family, volte quando quiser! 🙂

Esses dias eu recebi um áudio pelo celular com uma música linda de viver… Uma música doce, pura e verdadeira sobre a transitoriedade da vida e de como precisamos valorizar quem está ao nosso lado pelo tempo em que estão conosco. E isso me fez refletir sobre a minha caminhada dentro do Zum Zum de Mães, um programa online que fez uma verdadeira revolução na minha vida e na vida da minha família!

Eu acredito que nada, absolutamente NADA acontece por acaso e todas as pessoas que estão ao nosso lado tem um propósito a nos ensinar. Mesmo que seja ensinar como não queremos agir, o que não queremos seguir! Isso também diz respeito do quanto o amor e compaixão devem reger nossa vida, principalmente com as pessoas difíceis, as que pensam diferentes de nós, as que nos desafiam. Isso não quer dizer que precisamos abrir mão do que pensamos, principalmente se esse pensamento diz respeito à maneira com que queremos conduzir a educação dos nossos filhos. Mas querer que os outros engulam “goela a baixo” o que nós pensamos e sentimos é o caminho oposto do conviver em harmonia e fazer as pessoas também refletirem sobre maneiras mais tradicionais de educar!

É extremamente desafiador ter compaixão por quem nos desafia, eu bem sei. Quando eu iniciei o programa e comecei a me deparar com uma maneira totalmente diferente de encarar a educação dos filhos eu quis muito contar tudo para o meu marido para que entrássemos em sintonia com as nossas pequenas. Porém, o que fiz foi tentar impor minha verdade, considerando os métodos dele como “errados” e o julgando uma pessoa “acomodada” por não ter dado a mínima atenção ao que estava tentando falar pra ele. Isso me magoou muito e foi na comunidade do Zum Zum, cheio de mãe que estão imbuídas desse mesmo propósito de serem mais conscientes da sua maternagem, é que eu percebi, ao expor minha situação, o quanto eu estava sendo impositiva, controladora e o quanto eu não respeitava a maneira de paternar do meu marido e a sua contribuição na vida das nossas filhas, mesmo com as atitudes que eu considerava “erradas”. Também percebi o quanto as suas “atitudes erradas” me incomodavam exatamente porque, em maior ou menor grau, elas estavam presentes dentro de mim e o que me causava raiva era justamente esse lado meu que eu não queria enxergar.

A “discussão” por lá foi muito rica e produtiva. Várias mães deram seus relatos, compartilhando textos, vídeos, depoimentos e sugestões de como lidar com essa situação. As contribuições ímpares da Clarissa de Yakiara sobre essa necessidade de olhar pra dentro, corroborada por mais outras tantas mães me fizeram entender que os filhos não vem até nós por acaso! Aquele pai e aquela mãe sempre tem algo a ensinar, aprender e resgatar com aquela criança. E se você e seu marido tem divergências com relação à educação dos filhos, não é brigando, julgando e impondo seu pensamento é que você vai fazê-lo entender o quanto os seus comportamentos podem estar “equivocados”.

Sabe como a gente pode lidar com as pessoas que pensam diferente de nós com relação à educação dos filhos???

VIVENCIANDO o que você acredita ser melhor com amor e comprometimento e assim INSPIRANDO uma mudança de comportamento por parte do outro. Ninguém muda ninguém, a mudança começa dentro de nós. A única coisa que podemos fazer é inspirar através do EXEMPLO e da conversa amorosa e empática, livre de julgamentos do tipo “você é violento”, “você grita muito”, “você não considera a individualidade do nosso filho”,  etc, etc, etc… É em conversas amorosas e empáticas que você pode colocar o seu ponto de vista confessando o quanto é desafiador pra VOCÊ aquele comportamento “X” do seu filho e de que maneira VOCÊ lidou com a situação de maneira mais amorosa e respeitosa, mas só depois que a situação complicada passar e os ânimos estiverem mais calmos. Você pode fazer um convite à pessoa para refletir e tentar modificar o padrão, muito mais através do exemplo do que da conversa. Mas cabe a pessoa decidir se irá mudar ou não. E cabe a VOCÊ aceitar o que ela tem a oferecer pra você e seus filhos. Ou talvez tomar outros rumos…

larissa-simon

Isso vale pra todos em todas as relações! E é muito desafiador, eu sei! Mas quando a gente consegue colocar em prática, é muito lindo… O movimento de mudança que vi acontecer em mim, no meu esposo e na nossa família depois que eu realmente entendi pela via do pensamento e do sentimento o que estou tentando passar pra vocês, foi simplesmente maravilhoso!!! Não quer dizer que não tenhamos mais divergências! Não quer dizer que sejamos amorosos e empáticos o tempo todo entre nós e com nossas filhas! Não! Somos humanos, erramos pra caramba, mas estamos no movimento de tentar melhorar todos os dias, com amor e compaixão também por nós mesmos! Depois que eu comecei a inspirar pelo exemplo e fiz ele enxergar o quanto essa nova maneira de educar era muito mais efetiva e empática, passamos a respeitar muito mais a opinião um do outro, mesmo sendo contrária! Passamos a agir como uma “equipe”, tendo como meta uma vivência de essência e verdade. E reconhecemos um no outro as potencialidades e a importância do que temos a oferecer para nossas filhas, individualmente e como família…

Dá um trabalhão enorme olhar pra dentro, mas quando a gente faz isso e assume a responsabilidade sobre o que nos acontece sem nos vitimizar, nos relacionando com as pessoas pela via do amor, da compaixão e da empatia, os resultados podem até demorar. Mas com certeza ele vem… E são absolutamente transformadores e maravilhosos!!! Vale a pena tentar…

Este texto foi escrito por: Larissa Simon que é mãe de duas garotas encantadoras, Helena de 6 anos e Luísa de 2 anos. Participou da primeira turma do Zum Zum de Mães e através dele reformulou não só seu fazer como mãe, mas também seu fazer profissional. Era Fonoaudióloga, hoje também é doula pós-parto e educadora perinatal,  apoiando mães a vivenciarem uma maneira mais plena, autêntica e empoderada de maternar. 

Contatos:

www.larissasimon.com.br (no ar a partir de dezembro de 2016) 

www.facebook.com.br/LarissaDoula

[email protected]

Era a terceira vez que meu marido viajava nos últimos dois meses. E durante estas viagens,“coincidentemente”, meu filho mais novo ficara com febre. Desta última vez percebi que isso não era apenas uma mera coincidência, uma febre devido ao nascimento dos dentes caninos ou porque ele estava com o nariz cheio de catarro, tinha algo meu ali e que eu precisa me apropriar.

Meu filho estava me sinalizando com seu pequeno corpo quente, com sua necessidade de grudar-se a mim, com seu choro, com seu olhar triste e sem brilho, que ele já estava cansado de me mostrar que existia algo em mim que se enfraquecia na ausência do pai.

Passei o dia inquieta, remexendo por dentro, refletindo sobre minha história de vida, sobre minha relação com meu esposo, com meus pais, com meus filhos… e me PERGUNTANDO onde estava a minha RESPONSABILIDADE naquela situação? Como eu poderia estar co-criando esta realidade que estávamos vivendo? Como de alguma maneira eu era responsável pela febre que meu filho estava manifestando a cada vez que seu pai se ausentava?

Naquela noite quando fui coloca-lo na cama, disse sim para mais uma grande oportunidade que a vida me apresentava. Lucas estava agitado e inquieto, assim como eu, ele chorava, e não me deixava sair do seu lado nem por um segundo. Pude sentir e me conectar com aquela sensação de medo e de insegurança que ele estava manifestando através do seu comportamento. E naquele ambiente aparentemente angustiante e confuso, em meio ao seu choro e ao calor do seu corpo, peguei-o em meus braços, abracei-o fortemente e fui silenciando minha mente que insistia em fugir dali. Fui aos poucos me conectando com aquele instante, fui para dentro, sem muitas expectativas, simplesmente comecei a sentir o que estava acontecendo ali dentro, tornando-me um pouco mais intima de mim mesma.

E calmamente, a medida que as palavras vinham para dar nome a todo este movimento interno eu tratava de compartilha-las com meu filho. Me COMUNICAVA e dividia com ele cada insight, cada novo aspecto do meu SER que se revelava! Vieram a tona muitos medos… medo de ficar só, de não conseguir cuidar de mim e das crianças sozinha, vi também uma necessidade de controlar meu marido e te-lo por perto para me sentir segura, um apego forte. Senti também raiva da liberdade do outro, dos homens… Percebi que a medida que eu sentia as emoções que vinham à tona, que eu permitia que elas se revelassem e as acolhia com respeito, meu coração e minha mente se aquietavam e as palavras surgiam com força, elas eram capazes de expressar ao meu filho o que estava acontecendo em meu mundo interno.

Lucas começou a suar, senti que de alguma maneira ele compreendia minhas palavras, ou melhor as intenções que elas traziam consigo. Eu estava completamente entregue e aberta para o processo que estávamos vivendo ali. Simplesmente procurei aquietar minha mente e sentir o que  meu filho estava despertando em meu ser com seu comportamento. E a cada nova sensação, a cada momento de clareza, sentia vontade de me expressar e comunicar para ele o que estava acontecendo, o que eu estava me dando conta com o seu apoio. E naturalmente comecei a AGRADECE-LO por seu amor, sentia que no fundo ele confiava que em algum momento eu ia me  apropriar do que era meu naquela relação. E o fato de nomear para ele o que eu estava me dando conta e me abrir para a possibilidade de assumir o que era meu ali, permitiu que ele se libertasse . E seu corpo foi suando e limpando todo aquele movimento que já não mais lhe pertencia.

Era como se ele me dissesse: “finalmente neste instante vejo que há um adulto responsável nesta relação. Alguém capaz de se apropriar do que lhe corresponde e me deixar livre para viver os meus processos.”

E naquela noite ele suou e suou por várias horas seguidas e no dia seguinte não teve mais febre e nem no outro…

Até que novas oportunidades de crescimento apareçam para esta mãe que não se cansa de aprender com seus pequenos grandes filhos!

Um passo mais profundo na CURA por meio da COMUNICAÇÃO com as crianças…

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Comunicar para as crianças o que está acontecendo em nosso mundo interno de maneira responsável e honesta, quero dizer, assumindo a RESPONSABILIDADE pelo que nos corresponde em determinada situação, deixando claro que estamos atentos e cuidando daquilo, pode ser extremamente curativo para a relação mãe/pai/educador e filho.

Isso porque as crianças estão disponíveis emocionalmente para as pessoas e ambientes que se relacionam. Elas se conectam com o entorno e acabam absorvendo uma série de emoções que “não lhes pertencem”. Elas não sabem como se protegerem do que estão se relacionando.

Vejo esse movimento como um grande gesto de confiança de nossos pequenos na vida e especialmente em nós, pais e mães. Eles nascem tão entregues e abertos, que simplesmente amam e confiam no que temos para lhes oferecer.

O que acontece então é que a partir do momento que a criança absorve algo do entorno, ela vai começar a atuar de alguma maneira inspirada por aquela emoção. Ela vai nos entregar o que captou através de um comportamento, de uma mudança de atitude, ou até mesmo por meio das doenças. E se este adulto que cuida da criança estiver atento e se dispuser a assumir o que é seu naquela relação, ele terá a oportunidade de vivenciar todo um processo de tomada de consciência e crescimento junto com aquele pequeno ser.

Dessa forma, quando escolhemos trazer uma criança para este planeta, assumimos a responsabilidade de  proteger de nossos filhos, de cuidar deste entorno que eles estão inseridos. E não digo cuidar somente do ambiente fisico, incluo aqui também o ambiente emocional e mental. E para isso é preciso trabalhar com o auto observador e manter-se atento e RESPONSÁVEL pelo que você sente e pensa quando se relaciona com a criança.

E se você que está lendo este texto já está vivenciando (ou deseja começar) este processo de assumir a responsabilidade por sua vida e estabelecer um compromisso com sua evolução e do seu filho, vou te dar algumas dicas práticas que podem te apoiar muito neste movimento. Já te adianto que é um processo longo, desafiador e que é preciso ter muita paciência, coragem e honestidade para se ver ali, refletido em seu filho. Agora uma coisa é fato, se você se entregar e persistir vai colher frutos incríveis, vai experimentar uma relação mais profunda e conectada com  você e com quem ama!

Então, vamos aos pontos que levantei para que você comece logo a mergulhar neste universo de crescimento e possibilidades de cura para a sua relação com seu filhote:

  1. Observe atentamente seu filho: Mantenha-se atenta e presente para seu filho a maior quantidade de tempo que conseguir. Imagino que tenha vários afazeres em seu dia a dia, ou até mesmo trabalha fora de casa, mas é importante buscar momentos em sua rotina para se conectar com o seu filho. Tente parar tudo o que está fazendo e observe-o, mantenha-se em silencio ou fale pouco, olhe nos olhos da criança e mostre por meio do seu olhar e dos seus gestos que está ali disponível para ela. E somente depois de observar muito comece a identificar o que te incomoda ali.
  2. Pratique a auto observação: Observe seus pensamentos, emoções e ações especialmente na presença da criança. Entre em contato profundo com suas motivações quando está junto de seu filho. E caso observe em seu filho comportamentos desafiadores, que você se sinta confrontada ou incomodada aproveite a oportunidade para se questionar sobre sua responsabilidade naquela situação, como você poderia estar co-criando isso? Como de alguma maneira você é um exemplo disso que ele está manifestando? Como você pode estar inspirando a criança a atuar desta determinada maneira? Gosto de deixar as perguntas vivas em meu ser, conviver com elas por dias, deixa-las reverberarem. E logo sentir o movimento que as perguntas me inspiram a fazer. Quando estamos tratando de olhar para dentro, de questões existenciais, não há presa, não há certo e errado, não há uma resposta correta. As respostas podem “matar” as perguntas, muitas vezes nos enrijecem numa única possibilidade, num único caminho e nos desconectam da vontade de seguir em movimento, experimentando e buscando caminhos e possibilidades criativas, inovadoras.
  3. Comunique com responsabilidade: Depois de observar a criança e se observar, é hora de comunicar com seu filho o que você está sentindo e aprendendo sobre você neste processo.  Vale lembrar que a criança já está sentindo o que está acontecendo no mundo interno da mãe, mas ela precisa de escutar de você e sentir veracidade em sua fala, sentir que você está consciente de suas próprias questões internas, para soltar e liberar o que está absorvendo nesta relação. É importante que, além de falar que esta consciente das suas questões, você comunique suas intenções de trabalhar e organizar o que está percebendo.

Agora de maneira bem prática atente-se para estes pontos que podem facilitar sua conversa com a criança:

  • Comunique-se de forma responsável, sempre na primeira pessoa. Não responsabilize outras pessoas pelo que você está vivenciando.
  • Converse com seu filho num momento tranquilo, de preferência alguns minutos depois que ele adormecer.
  • Fale como se estivesse falando com um amigo intimo que é capaz de te escutar profundamente.
  • Conte para seu filho como você está se sentindo, quais são as suas angustias, etc. Se sentir vontade de chorar, chore…
  • Fique bem presente e conectada!

Este três passos básicos se bem aplicados, com compromisso e responsabilidade, podem trazer um crescimento profundo em sua vida além de te entregar uma grande oportunidade de LIBERAR seu filho de questões familiares complexas e abençoar o caminho da criança para que ela possa seguir de forma autêntica, LIVRE, sendo quem ele realmente É! 

pirraça-3Outro dia fui buscar meu filho João na pracinha e, para variar, ele resistiu. Eu repeti algumas vezes, com firmeza e tranquilidade, que “era hora de irmos para casa”. Ele seguia resistindo e quando estava quase entrando no carro, seu melhor amigo chegou na pracinha. Naquele momento, pensei comigo mesma que sua resistência a ir embora aumentaria. Respirei fundo! Era o momento de não ceder, e por um instante, quase deixei meu filho brincar mais um pouco, mas me lembrei que o caçula estava em casa, que já era hora do João tomar banho, jantar e dormir, pois tinha aula cedo no dia seguinte. Mantive-me firme e disse mais uma vez: “Agora é hora de irmos pra casa João! Amanhã você brinca mais.”. Dessa vez ele acatou o que eu disse, entrou no carro e começou a chorar copiosamente. Entrou rápido, pois não queria que seu amigo o visse chorando.

A partir daí foi um percurso intenso e rico em aprendizagens para nós dois. João seguiu chorando forte e brigando comigo até chegar em casa. Ele dizia coisas do tipo “eu era a pior mãe do mundo, que eu não deixava nada, que a mãe do amigo era muito mais legal, que eu não gostava dele, que eu era feia, chata” e assim por diante. Eu dirigia, escutava em silêncio e respirava lenta e profundamente para manter minha mente no momento presente. O silêncio não era só de palavras, mas também de pensamentos, com a mente tranquila, sem julgamentos a respeito do que estava acontecendo; isso é fundamental para gerar empatia e conexão com a criança para que ela entre em contato com o que está sentindo.

Depois que ele disse tudo que sentiu vontade a meu respeito e eu o escutei atenta, ele entrou num processo de auto ataque e começou a se ofender, dizendo que era “o pior filho, a pior pessoa, que era feio, chato, que queria morrer, que nunca mais ia sair de casa…”. Chegamos em casa e eu passei para o banco de trás do carro e me sentei ali com ele, simplesmente escutei tudo que ele tinha a dizer, tentei fazer contato visual e mantive minha mente no presente, conectada com o que aquela criança tinha para expressar.

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Num determinado momento, ele parecia mais calmo e tentou chegar perto de mim para que eu o abraçasse. Mantive-me ali, presente, mas não correspondi ao abraço, senti que se fizesse isso iria interromper o processo que ele estava vivendo de extravasar suas emoções reprimidas. Repeti mais uma vez a frase que despertou todo o movimento de colocar para fora tudo aquilo que estava guardado fazia algum tempo: “Agora é hora de subirmos para nossa casa João!”. Novamente ele começou a chorar forte, e então percebi que as emoções ainda estavam ali e precisavam serem extravasadas. Nesse momento, suas reações foram de chorar, gritar e chutar forte o ar, além de correr pela garagem por uns 10 minutos, até que foi para o hall de entrada do prédio e sentou-se no sofá. Aos poucos foi se acalmando, diminuindo os gritos e o choro, respirando mais devagar e começando a procurar mais o meu olhar.  Senti que era hora de chamá-lo novamente para subirmos e disse mais uma vez: “João agora é hora de subirmos!”. Dessa vez, João respirou fundo e em silêncio subiu as escadas. Ao chegar em casa foi bastante colaborativo com o que deveria ser feito, tomou um banho demorado, o qual permiti para que, naquele momento, a água levasse o que ainda precisava ser lavado. Enquanto se secava, João me disse: “mamãe, amanhã quero ir mais cedo para a pracinha e vou ligar antes para o Tom (aquele seu amigo do início da nossa história!) para ele ir mais cedo também, pois assim vamos brincar muito!”.

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Ouvir aquilo me deixou emocionada e confiante de que o caminho é por ai. Uma sensação de paz e bem estar tomou conta do meu ser, como se naquele momento eu tivesse cumprido com excelência o meu papel de mãe. A possibilidade de expressar  o que estava reprimido em seu mundo interno de forma vigorosa e contando com a conexão de um adulto presente foi fundamental para surgir essa atitude colaborativa do João e, principalmente, para que o mesmo encontrasse por si só uma solução para a questão que estava vivendo.

Muitos adultos, ao se depararem com situações como essa, vão chama-la de pirraça, birra, “falta de coro”, falta de limite, criança mimada, e uma série de outros nomes que escutamos com frequência. Afinal de contas, o que aconteceu com o João? E o que eu fiz para que ele mudasse sua atitude e me sentisse tão bem?

Quando cheguei para buscar o João na pracinha senti que ele precisava extravasar suas emoções, como já vinha percebendo há algum tempo. Ele vinha me dando sinais, estava irritadiço, pouco colaborativo, agitado, agressivo, enfim com uma série de comportamentos que me indicavam que havia algo ali dentro que precisava vir à tona.

Com o passar das horas, dias e semanas vamos acumulando emoções que por algum motivo ou outro não conseguimos expressar, mas que não desaparecem, ficam ali dando voltas em nosso inconsciente, e vão trazendo mais e mais pressão para a nossa “panela” interna. Em algum momento, essa pressão interna está tão grande que a panela explode e as emoções transbordam pelos olhos, pela boca e por todo o corpo.

As crianças, com sua autenticidade e sabedoria primordial, procuram em seu dia a dia formas naturais de liberar suas emoções acumuladas: correm, pulam, fazem movimentos rápidos e intensos com o corpo, brincam livremente, gargalham, choram etc. No entanto, muitas vezes a falta consciência e maturidade emocional dos pais e cuidadores para propiciar vivências adequadas impedem que isso aconteça de forma natural. Há também outras questões que estão se passando ao entorno e no ambiente das crianças, como por exemplo no caso do João, o nascimento do irmão caçula a poucos meses, sua entrada no primeiro ano do ensino fundamental etc,  que requerem o apoio de um adulto para ajudar a criança a lidar com as emoções que por ventura venham à tona.

Foi exatamente o que senti ali naquele momento.  Era hora de ajudar o João a extravasar. E quando isso acontece, tudo que você precisa fazer é estar presente e disponível para seu filho, pois o resto você vai sentir a medida que a relação for acontecendo. Boa sorte! 🙂

 

mamusca7-620x337Há mais ou menos 6 anos atrás, na época em que o meu primeiro filho nasceu, imaginava a maternidade como uma grande e prazerosa descoberta. Me lembro que, desde os 6 meses de vida do João, eu o levava para a pracinha pela manhã para tomar sol, brincar e, principalmente, para que eu pudesse compartilhar experiências com as outras de mães que moravam, por ali, na vizinhança.

Aquela troca entre mulheres, que estavam passando por desafios parecidos, deixava meu dia muito mais alegre e a maternidade parecia sempre mais leve e tranquila. As mães da pracinha eram um grande apoio e fonte de informação para lidar com pequenos desafios que apareciam durante os primeiros anos de vida do João.

Depois de seis anos, eu e meu marido resolvemos ter um segundo filho. E agora que o Lucas já está com 8 meses, percebo o quanto as coisas mudaram desde então.

Dentre as diversas mudanças ocorridas, destaco o acesso à informação que tem se tornado cada dia mais fácil. Mesmo sem procurarmos as informações chegam até nós com uma rapidez impressionante. Gosto de brincar fazendo a pergunta: quem foi que contou pro Facebook que eu tive um segundo filho? Recebo continuamente matérias, produtos e vídeos relativos á maternidade, segundo filho e coisas correlatas. Aliás, cá entre nós, fico receosa com quanta informação o Google sabe de mim! Daqui a uns dias não vou precisar mais fazer terapia e curso de crescimento pessoal. Caso sinta alguma angústia, medo, ou desafio emocional basta digitar “o que fazer?” no Google que ele me responderá. 😮

Você poderá ver que há uma  infinidade de sites e “especialistas” em maternidade e educação infantil, tudo muito prático e acessível. Muitas vezes nem precisamos sair de casa para comprar um livro, eles chegam direto em nossa casa pelo correio, em alguns casos nem pagar é preciso, simplesmente fazemos um download e zaz!!! Ali está o livro. Além disso, eventos on line, palestras, cursos com profissionais renomados estão a nossa disposição.

Essa acessibilidade à informação traz consigo diversos benefícios, mas também muitos desafios. Um deles vem me acompanhando já faz alguns meses: uma angústia enorme por acreditar que preciso acompanhar toda as informações que estão sendo produzidas, pois isso me tornará uma mãe melhor e infalível. A angústia é não conseguir fazer isso, é claro! Constantemente, quando não estou atenta, me pego buscando informações de forma distraída, desorganizada e compulsiva, presa mentalmente numa competição louca criada pelo “inconsciente materno coletivo” querendo levar o título: “MELHOR MÃE DO PEDAÇO!”.

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Por mais que eu saiba que a informação consumida desta maneira não é necessária e quase sempre não ajuda minha relação com meus filhos, percebo que muitas vezes minha mente fica buscando mais e mais informação. Deixo me levar por esta grande desconexão que ronda a relação das mulheres com a maternidade. Em busca de modelos prontos, pré-estabelecidos, seguimos consumindo dados produzidos por um sistema social que deseja nos manter pouco reflexivas, em disputas umas com as outras e, muitas vezes, guiadas pelo medo de errar e não sermos as melhores.

Frente as possibilidades nas quais podemos pautar nossas escolhas e a imensidão de informações, tomar uma decisão fica cada vez mais difícil. Nos vemos paralisadas frente a essa diversidade ou simplesmente escolhemos o que a maioria, ou alguém de nossa confiança, vem escolhendo sem refletir e sem saber se a resposta é coerente e adequada às suas necessidades e de nossos filhos.

E quando entramos nesse jogo de olhar para fora e buscar incessantemente mais e mais referências externas, incentivamos uma competição velada, as vezes nem tanto, que permeia o universo feminino. Entramos nessa disputa para saber quem é a Melhor Mãe em todos os aspectos, competimos umas com as outras, nos protegemos por meio de rótulos, ideais que não correspondem à realidade da vida que almejamos! E a final nossos filhos pagam o pato nessa disputa insana. Eles são os “troféus’ que exibimos nessas nossas tolices.

E por trás dessa situação, dessa aparente segurança trazida pelo excesso de informações percebo um universo de mulheres inseguras, plenas de emoções reprimidas e com muito medo de silenciar a própria mente para enfrentar seus próprios problemas e refletir internamente sobre o caminho a trilhar.

Essa angústia que me acompanha, provavelmente faz parte da vida de outras mulheres, vivemos seguindo essa necessidade de buscar referenciais externos que mascaram e justificam o que acontece em nossa relação com nossos filhos. Entretanto, o desafio é que entre quatro paredes não conseguimos sustentar esta postura de mulher segura, equilibrada, inteligente, feliz, realizada, boa mãe, ótima profissional, e tudo mais que buscamos ser quando estamos conectadas exclusivamente com as expectativas sociais. Na intimidade de nosso lar as máscaras caem e dão espaço para uma mulher insegura, fragilizada e cansada que não sabe o que fazer, que sente medo, que fala firme com o bebê que acorda de madrugada fora de hora, que perde a paciência com os filhos que suplicam sua atenção com comportamentos agitados e agressivos, que trata seu companheiro sem carinho, que grita e discute na frente das crianças, que não tem energia nem libido para ter uma relação sexual satisfatória com o marido.

E quando olho para esta realidade vejo que há outras alternativas e que posso escolher como desejo me relacionar com meus filhos, com meu marido, com as pessoas. Posso seguir pelo caminho mais fácil, rápido e seguido pela grande maioria das mulheres/mães que escolhem guerrear contra si mesmas, o olhar para fora, o comparar seus filhos com modelos e padrões estabelecidos pelas pesquisas mais modernas dos “últimos minutos”, o sofrer por nunca alcançar os resultados sonhados e o tentar, como um cachorro que corre atrás do rabo, chegar em primeiro lugar numa grande competição da melhor mãe do pedaço! Ou posso escolher o caminho mais difícil, não vou te enganar, o caminho da paciência, da disponibilidade, da disciplina e do comprometimento com sua auto educação e com a educação do seu filho. E caso você opte por  trilhá-lo vai se deparar, aos poucos, com um universo de mais paz no qual você será a mãe que realmente pensou em ser.

As respostas que você tanto busca estarão sempre ao seu alcance, bem ai dentro de você, essa é a boa notícia! Você não precisará mais ficar buscando freneticamente no Google ou Facebook. Simplesmente, vai estar diante da possibilidade de encontrar a paz mental e auto confiança para educar seu filho da maneira como deve ser.

Voltando ao meu processo materno, aquele em que ora me vejo conectada com o caminho rápido e ora buscando arduamente o caminho verdadeiro da paz e silêncio interno, percebo o quanto amadureci como mãe, profissional e ser humano de forma geral. Não foi só o mundo que mudou desde a época da pracinha, eu também mudei bastante. Quando tive o João tinha acabado de me formar no curso de psicologia, fiquei dois anos por conta de cuidar dele e de nossa casa. Hoje, tenho que admitir, com o coração em paz, que já não sinto mais prazer em ficar o dia todo cuidado das crianças, tem algo lá fora que me chama, sinto vontade de sair, trabalhar e me colocar a serviço do mundo, de outras mães e mulheres que, assim como eu, buscam a integralidade do Ser. É como se sentisse que o meu “mundo”, que antes se resumia ao João, a nossa casa, o meu marido e a minhas amigas da pracinha, cresceu e já não cabe mais nas paredes da minha casa. E assim como ele cresceu, a minha consciência também e trouxe consigo uma grande necessidade de amadurecimento e organização. É hora de assumir a responsabilidade por todos os papéis que represento e organizar meu tempo e minha energia para dedicar ao que é prioritário em cada um deles. A mãe, a esposa, a profissional e a dona de casa precisam se harmonizar e dialogar dentro de um espaço de aceitação. A cada instante buscar o referencial interno que me diz sobre o que refletir, sentir e fazer, que me mostra as necessidades e em qual contexto/pessoa estou me relacionando.

Isso só é possível quando vivo minha vida no aqui e agora, quando me liberto dos rótulos, da rigidez e dos padrões que criei e sigo criando em minha vida. Quando me conecto com o desejo autêntico de olhar para dentro e paro de olhar para fora, de me comparar, de comparar meus filhos, de criar expectativas, e de me sentir culpada e estressada.

caminhandoQuero caminhar pelo caminho do meio, com equilíbrio, paz, aceitação e a harmonia com o que é. Confiante de que sou a mãe perfeita, possível para meus filhos, afinal de contas foram eles que me escolheram para guia-los e mostrar-lhes o mundo! 😉

 

 

 

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No dia que o Lucas, meu segundo filho nasceu, João seu irmão mais velho passou a noite ardendo em febre e vomitando. Ficou assim por quatro noites e depois todos os sintomas sumiram. O filho mais velho de uma amiga caiu e quebrou o braço, nos dias que se seguiram ao nascimento do seu irmãozinho. Conheço outra criança mais velha que quando sua irmãzinha tinha apenas dois dias de vida pediu a sua mãe para devolvê-la a cegonha! A filha de outra amiga beliscava a irmãzinha sempre que a mãe não estava por perto.

Enfim, quando um bebê nasce emoções de todos os tipos vão emergir nos membros daquela família, que está passando por uma profunda transformação. Adultos e crianças sentirão este impacto.

Abaixo reuni algumas dicas sobre como podemos nos preparar para a chegada de um bebê na família e seguir apoiando as crianças mais velhas a lidarem com suas emoções diante da chega de um irmãozinho ou irmãzinha.

A princípio as crianças podem ficar muito animadas com a chegada deste novo Ser, mas aos poucos sentimentos como ciúmes, raiva, tristeza e ansiedade podem vir à tona. Sendo assim, pais e mães precisam estar atentos para apoiar suas crianças a trilharem esta jornada com suavidade e confiança.

Da mesma maneira, falarei nas dicas 06 e 07, sobre a importância da criação de uma rede de apoio familiar para que a mãe possa mergulhar nesta relação com os filhos tranquilamente, desfrutando de cada aprendizado que possa emergir. Vamos lá então:

1) Inclua um tempo exclusivo mãe – filho na rotina das crianças mais velhas!

Desde antes do nascimento do bebê é importante que você separe um tempo na rotina diária dos seus filhos mais velhos para que eles façam, juntos com você, o que eles quiserem. Passear na praça, dançar, cantar, pular na cama, explorar um jardim, o que quiserem será bem vindo e você será sua grande parceira. Fique atenta e mergulhe no brincar da criança. Convide sua criança interna para participar da brincadeira e deixe o adulto de lado, evite dar conselhos, orientações e simplesmente deixe-se guiar por seus filhos. Você está ali para conhecê-los ainda mais, para estreitar os laços desta relação e gerar um espaço de intimidade e confiança fundamental para qualquer desafio futuro que possa surgir.

Meia hora diária, ou umas duas horas semanais são suficientes para ajudar no aprofundamento da relação. Desligue seu celular, faça um lanchinho, vá ao banheiro antes do seu tempo exclusivo com as crianças! Nada nem ninguém deve tirar seu foco nestes minutos especiais de conexão, amor e presença, eles podem revitalizar seus pequenos e você, também, poderá se sentir muito bem. Essa atitude vai mostrar para seus filhos o quanto ele é importante para você e vai gerar segurança para que ele enfrente a mudança que está por vir. Lembre-se de continuar este trabalho após o nascimento do bebê sempre que possível.

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2) Fique atento ao brincar e as brincadeiras das crianças mais velhas.

O brincar é o lugar onde a criança vai expressar o que vem absorvendo do mundo ao redor. É ali que a criança elabora suas emoções. Um adulto que sabe disso assume sua responsabilidade de “guardião do brincar” e vai favorecer ao máximo que seu filho entre em atividade lúdica. É responsabilidade do adulto preparar um ambiente seguro com estímulos adequados para que a criança possa se movimentar livremente, tanto dentro quanto fora de casa.

Tente presenciar alguns momentos deste brincar, você não precisa brincar junto aqui, simplesmente prepare o ambiente e fique por ali fazendo suas atividades de adulto, cuidando do bebê, limpando a casa, cozinhando, etc. Fique sempre atenta, observando. Vozes, histórias, personagens, podem dizer muito do que a criança está sentindo, você poderá se surpreender com a quantidade de questões que serão explicitadas pelas crianças. Essa é mais uma oportunidade de você aprofundar o conhecimento sobre seus filhos e apoiá-los a liberar as emoções que por ventura estejam trancadas em seu mundo interior.

3) Favoreça a relação do seu filho com amigos e familiares.

Os filhos mais velhos vão precisar de alguns momentos para “respirar” longe do seu lar que está passando por intensas mudanças. Nesse momentos é fundamental que eles estejam com um adulto de confiança, com o qual possam se expressar livremente e passar um tempo juntos. Esse adulto pode ser uma avó, uma tia, uma amiga da mãe, enfim encontre pessoas próximas que deem atenção e apoio aos seus filhos e combine encontros mesmo antes do bebê nascer. Essa relação entre adulto e criança pode ser muito confortante e acolhedora para a criança.

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Além do adulto, dependendo da idade da criança (sugiro a partir de 3 ou 4 anos) é legal criar uma rotina com amigos com os quais ela possa brincar junto. O João meu filho, 7 anos, depois do nascimento do Lucas, 7 meses, se aproximou muito do seu amigo Tom, que por sua vez também havia ganhado um irmãozinho recentemente. Os dois vão e voltam da escola juntos, brincam ao menos duas tardes na semana livremente na pracinha perto de nossa casa, além de fazerem aula de skate duas vezes por semana. Essa relação entre os dois é extremamente positiva para ambos, eles se apoiam e se divertem muito brincando juntos.

4) Ajude seus filhos a lidarem com a angústia da separação antes do bebê nascer.

A Angústia da separação é um sentimento comum para as crianças em diversos momentos de sua vida. A chegada de um irmão ou irmã pode evocar ainda mais este sentimento e trazer comportamentos desafiadores para os pais.

O que sugiro aqui é que você observe, mesmo antes do bebê nascer, em quais momentos de separação a criança tem maior dificuldade. Pode ser durante a chegada na escola, à noite antes de dormir, quando a mãe vai para o trabalho, ou quando ela está conversando com outra pessoa, ou prestando atenção no celular, enfim, observe o que vem à tona nestes momentos de pequenas separações. Às vezes ela ficará mais chorosa, irritada, agressiva, manhosa.

UnknownO que fazer para apoiá-la? Imaginemos que antes de dormir a criança peça para você contar mais uma história. Fique atenta, pois isso pode indicar que ela está angustiada diante deste momento de separação. E você deve colocar o limite com muito amor. Simplesmente pode dizer: “Meu amor, agora é hora de dormir e já contamos a história de hoje!”. Caso ela comece a chorar, fique ali presente. Este choro está te dizendo o quanto é difícil se despedir e se entregar sozinha a uma longa noite de sono. Escute o choro com compaixão pelo que seu filho está sentindo, sem julga-lo, sem intervir demais, sem tentar dizer para ele o que está sentindo. Não coloque os sentimentos dele em palavras neste momento. Somente fique presente, escutando e siga firme e amorosamente com sua intenção. Dessa forma ele terá a oportunidade, por meio do choro, de trazer este sentimento para a superfície e esvaziar seu campo emocional de forma natural.

5) Faça da chegada do bebê um momento especial para as crianças também.

Alguns dias antes do nascimento do meu segundo filho pedi a uma grande amiga que costurasse um boneco de tricô para o João. Assim, no dia que o Lucas nasceu, deixei o bonequinho envolvido em uma mantinha de flanela em cima da cama do João. Quando ele chegou no seu quarto e viu o boneco ficou muito surpreso, seus olhinhos brilhavam de alegria e seus gestos diziam o quanto ele estava grato pelo presente trazido “dos céus” por seu pequenino irmão. Eu e meu esposo dissemos para ele que o boneco foi um presente do anjo da guarda do Lucas: “Ele trouxe o bonequinho para você no mesmo momento que trouxe o Lucas para nossa família!”

A ideia de presentear a criança mais velha tem o intuito de trazer um objeto simples e aconchegante que possa apoiar a criança a lidar com este momento novo. É claro que o boneco não irá substituir nada, mas pode servir como um pequeno conforto para momentos nos quais o irmão mais velho se sentir sozinho, “abandonado”, etc. Sinto que ajuda a criança a elaborar e expressar melhor o que está sentindo. É importante também deixar claro para a criança mais velha que você a ama muito e ninguém jamais vai tirar o lugar dela em sua vida, em seu coração.

O ideal aqui é dar algum presentinho simples e que traga conforto e alento para seu filho. Pode ser um boneco, um paninho destes gostosos de dormir, um anjinho, uma fadinha, enfim algo que faça parte da crença familiar e que simbolize este momento especial!

6) Crie uma rede de apoio para você após o nascimento do bebê.

mother-grandmother-babyNos primeiros dias após o nascimento do bebê toda ajuda é bem vinda! A mãe está se recuperando do parto e toda a família se reorganizando com a chegada do bebê. Há muito o que se fazer.

Eu me recordo que nas duas primeiras semanas após o nascimento do Lucas, minhas amigas se organizaram para trazer o almoço para minha família, cada dia uma preparava uma comidinha deliciosa e a entregava por volta de 11:30 em minha casa. Foi um presente especial que me trouxe uma sensação de amparo e cuidado maravilhosos. Esse gesto me permitiu ficar mais tranquila e liberada para cuidar do bebê e descansar.

Durante os primeiros quarenta dias de vida do bebê, é importante que a mãe organize uma rede de apoio que a deixe amparada o suficiente para que possa cuidar do bebê e de si mesma. Avós, tias e tios, amigos, vizinhos, ou até mesmo uma empregada doméstica que façam as tarefas da casa, limpeza, comida, roupas, etc. que apoiem nos cuidados com as outras crianças, cuide coisas que precisariam ser feitas em bancos, lojas, fora de casa que antes poderiam ser de responsabilidade da mulher, para que a mesma fique liberada para mergulhar neste momento profundo de auto descoberta e conexão com o bebê.

7) Mantenha seu auto observador ligado após a chegada do bebê.

Como disse anteriormente, sentimentos de todos os tipos surgirão após a chegada do bebê, tanto nos adultos quanto nas crianças. A mãe, que está física, emocional e mentalmente “revirada” , além de lidar com tudo isso, precisa estar tranquila para cuidar do bebê.

Eu me lembro que, após o nascimento dos meus dois filhos, tive uma sensação parecida: quando estava escurecendo eu sentia uma tristeza tão profunda que as lágrimas brotavam dos meus olhos e eu ficava ali debruçada no bercinho deles por alguns minutos olhando para aquele pequenino ser, tão frágil e delicado. Era uma sensação de angústia que tomava conta e trazia uma mistura de sentimentos tais como medo, tristeza, ansiedade e esperança.

Estas e outras sensações são comuns após a chegada de um bebê. Elas trazem, junto com a alegria pela chegada do filhinho, a possibilidade de mostrar à mãe parte de sua sombra, ou seja, aquilo que é rejeitado pelos padrões sociais e por ela mesma ao longo de sua vida e fica ali escondido povoando o seu inconsciente. Estas criações mentais reprimidas precisam vir à tona, vez ou outra, para que façamos uma “limpeza”, e assim possamos integrar esta parte sombria que nos amedronta, afim de buscar a verdadeira liberdade de nosso ser.

A relação mãe-bebê é uma grande oportunidade de auto descoberta e crescimento para a mãe, se ela está disponível e relaxada o suficiente para se conectar com seu bebê e mergulhar neste universo desconhecido de sua sombra. Neste momento o apoio de uma grande amiga, um terapeuta, ou uma rede de mães é fundamental para amenizar e amparar esta jornada intensa e muitas vezes desafiante.

Eu tenho praticado todas as dicas relatadas acima nestes últimos meses após a chegada do Lucas. Penso que eles podem ser úteis e vão apoiar você e sua família nesta linda jornada que é a gravidez e a chegada de um filho!

Aguardo seus comentários para aprender com você!!! 😉

Inspirado no artigo do site “Hand in Hand Parenting”: http://www.handinhandparenting.org/article/five-keys-preparing-for-the-birth-of-a-sibling/?inf_contact_key=aed2e0440926fe4cafd57df1b27837955167993a9e11cd21fa8a50975f9f3e55

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