Tenho acessado minha ira com frequência. Sinto o corpo todo esquentar enquanto minha mente tagarela assume o controle. Isso tudo geralmente se intensifica quando estou perto de outras pessoas que podem ou não necessariamente compartilhar da mesma linha que escolhi para criar meu filho e, geralmente pelas quais tenho grande carinho apesar das diferenças.

Dentre elas, amig@s e familiares e, ainda que eu já tenha lido inúmeras vezes que no momento da crise de uma criança o mais importante é conexão com ela, minha mente (meu ego) me teletransporta para um tempo-espaço que ainda não chegou. Na realidade, nesse momento quero (pra não dizer exijo) respeito. Quero encarecidamente que meu filho pare de bater, gritar, fugir (de mim, do sono, do banho, da escovação dos dentes, da arrumação do quarto e de todas as atividades básicas de uma criança de três anos recém completos), quero enfim que ele se acalme e pare de me constranger e sobretudo de me apontar todas as possíveis falhas que cometi antes de chegar nesse caos.

Se você reparar bem (sem me julgar), esse ainda desconhecido (e temido) tempo-espaço, me fazem crer diante do caos que meu filho é uma criança incontrolável, mimada e desrespeitosa. Me iludo com a ladainha de que “se ele não for corrigido com rigor se tornará um adolescente e um adulto degenerado e que nunca irá me respeitar e que, e que, e que…” Alô mente tagarela! Peraí! Será que eu penso mesmo nisso? 

A grande verdade é que, ao escrever neste exato momento, me dou conta de que nada disso passa realmente na minha cabeça. O que fica mesmo martelando aqui dentro é: “o que vão pensar de você?”, “O que vão pensar da sua competência enquanto mãe?”, ” O que vão pensar do SEU filho?”. Acredite, conscientemente sei que isso é obra do meu Ego que, para sobreviver, precisa se manter no controle, mas também sei conscientemente que, quando ele assume o controle, é o meu inconsciente quem dita as regras, as reações, os medos, as angústias e escancara as crenças que me limitam ser quem realmente, em essência, sou.

Mas então, como fazer? Como mudar o mindset? Como virar a chave que me faz usar com propriedade uma personagem inconscientemente agressiva para se manter no controle? Por que raios eu preciso tanto desse controle minha Deusa? 

Se você me deu as mãos ali em cima e também deseja encontrar as respostas para todas essas perguntas, vamos juntas até porque eu mesma – sinto muito em dizer – ainda não conheço as respostas para as minhas perguntas. Mas, sei que encarar e lidar com meu filho nessas situações acima citadas, são o que mais me fazem ter, mais uma vez, a certeza de que não tenho controle de absolutamente nada. Descobri com o tempo que, é também nessas mesmas condições, que me dou conta de que meu grande desafio é justamente esse: baixar a guarda do Ego, tirar o alimento dele para que ele não assuma a liderança e me afaste cada vez mais da minha essência. E mais, outra verdade que encarei e assumi, é que é certamente muito mais simples fazer esse movimento de desidentificação com a mente tagarela no aconchego de nossas casas, no perímetro das nossas paredes protetoras, do que diante de olhos expectadores – ou nem tão expectadores assim.

À medida em que escrevo, percebo e integro a informação de que essas pessoas são personagens de uma história que precisava ser delicada e homeopaticamente revelada para mim. Elas são, nada mais que o meu reflexo no meu filho, elas são as atrizes e os atores da minha peça – chamada vida,  que eu precisava para entender que, em realidade, elas não existem, estão apenas projetando o que já existe em mim, ancorado em algum canto do meu inconsciente, tentando me salvar de algum perigo que, algum dia – num outro tempo-espaço que minha mente consciente não se lembra – me marcou.

Então eu paro, olho e acolho as infinitas inseguranças inerentes da maternidade. Acolho aquilo que compreendo e também o que ainda não compreendo, acolho a mulher e a mãe que sou: possível, imperfeita e eternamente buscadora de uma melhor versão de mim mesma. E não que esse movimento introspectivo de se acolher seja tão natural quanto parece, acredite, me levou tempo para aceitá-lo e ainda me leva tempo para colocá-lo em prática, mas no final das contas, eu tô tentando. Permito-me ainda afirmar que, certamente esse movimento é tão desafiador quanto lidar com os desafios de educar meu filho com limites, gentileza e amorosidade, tudo junto e ao mesmo tempo. Mas, ainda assim, não tenho dúvidas que a grande chave para abrir essa porta desconhecida, é a tomada de consciência, onde o acolhimento e conexão só se tornam possíveis quando abrimos espaço para enxergarmos além da sombra. E aí, você aceita o convite? 

TEXTO escrito por: Iara Schmidt
Iara é mineira, e como boa sagitariana é uma viajante nata e buscadora de si. Mãe de um aquarianinho nascido em fevereiro de 2016 – fonte do puro amor e inspiração infinita – realizou da gestação ao puerpério ritos de passagem que transformaram – e continuam transformando – sua essência.

Fui canonizada em 16/06/2016. A data é bonita, cheia de seis até combina com Santos Reis.

Antes disso ninguém me notava, era apenas uma mulher comum e aparentemente emancipada, do século XXI.

Eis que naquela data nasceu meu filho e com ele a língua afiada do mundo:

-Aonde ela vai essa hora da noite?

-Quem será que está com o filho?

-Por que ela não dá o peito toda vez que o bebê chora?

-Por que ela gritou com a criança?

-Ela já o colocou na escolinha?

E por aí vai. A exigência em relação à minha CONDIÇÃO DE MÃE foi tão assustadoramente preocupante para a sociedade, que eu cheguei à inevitável conclusão de que a partir do momento em que eu pari fui erguida à condição de Santa. Por isso insisto: fui canonizada.

Ser Santa não é tarefa fácil nos dias de hoje, se fossemos vistas com erros e defeitos, bem humanas, a expectativa sobre o nosso maternar seria diferente, e qualquer sinal de superação: aplausos.

Agora ser perfeita, QUADRADINHA, feito um pote de margarina “sorrisos à mesa” é duro, duro feito uma pedra de gelo, que nos deforma e nos deixa engessadas, quando na verdade nossa essência é livre como uma cachoeira.

O passado explica os muros altos que construímos sobre nós. De puta à Santa, a mulher passou por diversos papéis de autoprivação. O fruto da mulher contemporânea (veremos) parece um descompasso entre a conquista pela liberdade externa e a desconexão interna.

Pincelada Histórica

Começamos sendo coisa, a mulher era tratada como mercadoria, domesticada para servir o homem.

Enxergavam-na com o peso do pecado original (corpo sexuado) e a Igreja teria motivos, inclusive, para “castrar” a sexualidade feminina.

A sensibilidade e intuição deveriam ser extirpadas, já que apresentavam uma ameaça ao Estado Canônico. Daí surgem os inúmeros relatos de mulheres queimadas na fogueira feito bruxas (como Joana Darc).

As crianças também não eram dignas de qualquer consideração, sem acolhimento familiar ou assistência à saúde, morriam aos montes, pois suas mães não recebiam apoio na amamentação, nem tampouco na dedicação aos filhos.

Preocupados com a mortandade infantil, a partir do século XVIII as autoridades começaram a lançar os olhos para a proteção das crianças. E a solução passava pela construção da família ideal, inserindo a mãe como serva da família.

Nesse contexto surge a figura da MÃE SANTA, erguida à condição de ser humano capaz de criar filhos saudáveis e bem educados.

Quanto mais perfeita era a mãe mais protegidos estariam seus filhos. A mãe Santa deveria renunciar à própria vida em prol da dos filhos, amamentar a qualquer custo, viver um sacerdócio solitário na chamada “casa que habita”.

Mas os ventos contemporâneos mudaram e as algemas femininas receberam chaves para a libertação:

 1) as mulheres foram inseridas no mercado de trabalho, 2) os eletrodomésticos foram criados, otimizando o tempo despendido em casa, 3) o voto feminino passou a ser um direito, 4) o anticoncepcional foi lançado como símbolo da liberdade sexual, 5) a Lei Maria da Penha foi criada para conter casos de violência contra a mulher e etc.

O grito da independência foi lançado, o mundo abriu suas comportas para a revolução política, social, cultural e sexual feminina. 

O inimigo externo não mais existe

Conquistamos liberdade no tempo e no espaço. A civilização caminhou a favor da evolução feminina, e podemos afirmar que a maioria das mulheres (principalmente no ocidente) já estão emancipadas.

Então por que ainda hoje as mães continuam a carregar a cruz da CULPA MATERNA?

Porque a MÃE SANTA persiste em existir dentro de cada uma de nós. 

Convivemos com a necessidade diária de darmos satisfação de tudo, de nos desculparmos todo o momento, de irmos contra a nossa própria existência.

É exatamente neste ponto nevrálgico que os outros entram em nossas vidas. Damos passagem para os palpites alheios, porque estamos presas nesse padrão tóxico da perfeição.

A pedra que nos atiram bate em nossa mente (de gelo), ecoa um barulho estranho e sem fim, os outros passam a existir dentro da gente, a verdade é cruel: os outros somos nós, o inimigo externo não mais existe.

Por isso, é urgente que nos transformemos em cachoeira, mulheres de nado livre ao encontro da nossa verdade. Se eu me aceito como sou a pedra jogada não bate em mim. Ela atravessa minhas águas internas, não ouço barulho na minha natureza.

É também urgente percebermos que a revolução foi prática, de fora para dentro e não de dentro para fora.

Não é simples estalarmos os dedos e mudarmos aqui dentro. O convívio social nos mostrou que quanto mais nos controlássemos mais nos daríamos bem na sociedade.

O padrão sempre foi: deixarmos de lado quem a gente é de verdade, para nos transformarmos em quem deveríamos ser.

E foi assim que pouco a pouco evoluímos por fora e nos afastamos a cada dia da nossa energia feminina de dentro.

No livro “Mulheres Que Correm Com Lobos”, da escritora Clarissa Pinkóla Éste, aprendemos que precisamos nos aproximar o máximo possível do nosso instinto selvagem.

Selvagem não no sentido primitivo, rudimentar, não se sugere que deixemos o salto alto e voltemos às cavernas.

Precisamos resgatar a energia vital instintiva que existe dentro de cada uma de nós.

A mulher tem ciclos menstruais, carrega um feto no ventre, dá a luz, amamenta; quer algo mais natural do que isso?

A mulher é natureza pura, sabe quando é hora de plantar e sente quando é hora de colher, percebe quando algo precisa nascer, e se prepara para a hora de deixar morrer.

No entanto, a mulher do século XXI deixa viver a verdadeira mulher que existe dentro de si?

Quando engravida foca no enxoval do bebê, quando o filho nasce se atenta ao que tá escrito na internet, nas redes sociais, na TV.

Escuta tudo que os outros falam, e ela mesma fala o quê?

Nos momentos de desafio não olha com os olhos de dentro; intuição, sexto sentido, sentimentos, pelo ralo se vão.

A pedra de gelo emoldada pela sociedade é tamanha que reflete em casa. Privação atrás de privação.

Acostumadas a se aprisionarem para se defenderem, o resultado tem sido esconder até o prazer, prazer de cozinhar, cuidar do bebê, entram numa disputa com o parceiro pelo que cada um tem de fazer.

E de embate em embate nos separamos não do companheiro, mas de nós mesmas.

Talvez, se começássemos a fazer as coisas do nosso jeito, o nosso parceiro passaria a fazer a parte dele também por reflexo, de nos ver e ter vontade também de fazer com prazer.

O nosso jeito é a nossa verdade, as nossas energias primitivas do querer.

Sim, estamos fartas. Eu sei. Mas a pergunta que não quer calar é: há algum problema em ser simplesmente você?

Gosto de usar minha energia feminina para cozinhar, nutrir com amor o outro me alimenta internamente. Também gosto de usar minha energia masculina para trabalhar, sinto meus pés tocarem mais firmes sobre o chão.

Há tempos, deixei minhas algemas de lado. Mas vira e mexe eu me pego presa novamente.

Espero um dia nadar pelada numa cachoeira, para me sentir parte do mundo, e não refém. Nem puta, nem santa, o que me define só eu sei, mais ninguém. 

SOBRE A AUTORA:

Este texto foi escrito por Lígia Freitas, Mãe do João e Participante do Zum Zum de Mães.

@ligiafreitasescritora

A maternidade me transbordou. E eu que já sou toda água na vida, me entreguei de corpo e alma nessa aventura que é se tornar responsável por alguém, mas sobretudo por mim mesma.

Talvez esse tenha sido um dos maiores aprendizados que tive ao me tornar mãe. Talvez a célebre frase do livro “O pequeno príncipe” passava realmente a fazer sentido em mim :  “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”. Ser eternamente responsável pelo o que cativo é, em suma, assumir a responsabilidade, tomar as rédeas da minha vida, tomar a vida nas minhas próprias mãos. E confesso, aprender isso em meio ao puerpério foi quase que um tratamento de choque, pois, sejamos francos, como é confortável responsabilizar o outro pelo o que nos acontece!? Temos quase a sensação de um prazer mórbido, o de tirar o corpo fora. Aliás, que sábias palavras, “tirar o corpo fora“, é senão a personificação da não responsabilização, é ausentar meu próprio corpo de mim mesma, é sair de cena e continuar sendo a protagonista. Quantas vezes seguimos esse roteiro? Quantas vezes tiramos o corpo fora por medo de encarar a verdade? E que verdade pode ser mais dolorosa do que a dor de viver fugindo dela?

Essas são algumas das minhas reflexões quando penso na sensibilidade do trabalho da Clarissa, e posso afirmar com toda certeza que o Zumzum de Mães foi um divisor de águas na minha vida. Existe uma Iara antes e uma Iara depois do Zumzum. Me lembro, como se hoje fosse, quando finalmente consegui assistir ao workshop gratuito (tentara fazer outras duas vezes e não conseguia – obra do destino?). Tive então a certeza que eu precisava estar entre as mulheres daquela sexta turma que iniciava, tive a certeza também que, aqueles vídeos, disponibilizados generosamente, eram apenas uma pequena, embora generosa, amostra do que realmente a Clarissa tinha a nos oferecer. Fiz a inscrição, consciente de aquele não seria mais um curso online, aquele seria o meu comprometimento real comigo mesma, e assim foi e assim tem sido desde março de 2018. 

Me lembro de cada desafio, de cada conquista, de todas as vezes que eu pensei em desistir, e hoje, um ano e meio depois percebo com gratidão o universo de infinitas possibilidades diante de mim. Agradeço por me comprometer diariamente comigo mesma, me auto responsabilizando e assim, promovendo as mudanças que desejo. Agradeço por cada desafio que me fez e me faz mais resiliente e cada vez mais consciente das minhas escolhas. Sou profundamente grata à generosidade e transparência da Clarissa que, com toda a sua entrega, nos conduz de mãos dadas a um despertar e desabrochar de nós mesmas, para que possamos, diante das dores e delícias de maternar, ser cotidianamente uma versão melhor e mais elevada de nós mesmas. Por nós, pelos nossos filhos, que são a faísca e também o combustível dessa mudança, pela nossa família, pelo futuro de todos nós que merecemos um mundo com muito mais amor, cuidado e acolhimento contornados pelo despertar da consciência com auto responsabilidade e comprometimento. Gratidão 💓

TEXTO escrito por: Iara Schmidt
Iara é mineira, e como boa sagitariana é uma viajante nata e buscadora de si. Mãe de um aquarianinho nascido em fevereiro de 2016 – fonte do puro amor e inspiração infinita – realizou da gestação ao puerpério ritos de passagem que transformaram – e continuam transformando – sua essência.

Engravidar, parir, amamentar, cuidar, educar são atos da maternidade carregados de desafios. A mulher contemporânea enfrenta diariamente muitos desafios para maternar e é sobre eles que vamos conversar.

Para Ana Paula Cury – médica antroposófica, fundadora da escola de pais do Colégio Rudolf Steiner e mãe de três filhos – o maior desafio é o fato da maternidade não se assentar mais sobre uma base natural e instintiva. Sendo que nós mães precisamos reaprender esse ofício sagrado, a partir de um esforço consciente. Precisamos a cada dia buscar por informação de como fazer e não fazer, nos alimentando de novos conhecimentos para agir de forma a maternar de maneira responsável.

Outra dificuldade que enfrentamos é o sentimento de estarmos sós. Desde o momento que o bebê nasce nos afastamos do mundo para nos entregarmos as demandas do pequeno ser, assim a cada dia o mundo também se afasta de nós. Para Ana Paula Cury, o fato de termos nos individualizado tanto gera uma polaridade entre o que sentimos, ora nos sentimos individual, livre e ora solitária. Isso gera em nós sentimentos de angústia, aborrecimento, tristeza e tédio.

Aliado a isso, outro obstáculo que enfrentamos é o nosso distanciamento da natureza interna e externa. Hoje em dia, vivemos longe da nossa natureza interna, de momentos de introspeção, de inspiração e também nos distanciamos da natureza externa, e habitamos um mundo artificial vazio que necessita ser preenchido de vida.

A pergunta que nos fazemos é: O que fazer para superarmos esses desafios?

Para Ana Paula Cury, a natureza é plena de referências sobre a vida, o viver e o educar. Observar a natureza nos ajuda a reconectarmos com as nossas próprias necessidades e as das crianças. Observando conseguimos muitas lições sobre a vida e as dificuldades que ela nos impõe. Observando descobrimos que tudo que é vivo transcorre em ciclos no tempo, alterna polaridades em uma linda dança pulsante, saber viver respeitando esse ritmo é um dos caminhos para uma maternidade com mais leveza, alegria e confiança.

Para Rudolf Steiner, fundador da antroposofia e da Pedagogia Waldorf, as primeiras coisas que devemos ensinar para uma criança é dormir e respirar. Ele não se refere aos ciclos biológicos que nos sustentam, ele se refere a aprender a dormir, restaurar e aprender a acordar e estar consciente, mantendo esse ritmo para dentro e para fora, fundamental para a saúde física e anímica.

Para assistir a ENTREVISTA com a DRA. Ana Paula AO VIVO clique na imagem abaixo e inscreva-se:

Para superarmos os desafios precisamos entender que as crianças nos trazem a possibilidade de crescer e evoluir. Elas trazem a oportunidade de nos tornarmos uma pessoa melhor e aprender a amar. Para Ana Paula Cury, os filhos são nossa maior motivação para que a gente cresça e se torne um ser humano melhor, porque eles vieram para nós pelo amor e nos elegeram como guardiões dos seus mistérios. Cabendo a nós adultos oferecermos à criança um ambiente na qual ela possa revelar seus mistérios no mundo. A médica antroposófica afirma que o primeiro ambiente que precisa ser trabalhado é o nosso próprio corpo, as nossas próprias emoções e fazemos isso através do autoconhecimento, da autoeducação.

Apesar das dificuldades diárias da maternidade, segundo Ana Paula Cury, o que nossos(as) filhos(as) esperam de nós, não é a perfeição, e sim o compromisso genuíno de amor e de dar a eles(as) o melhor de nós mesmas a cada momento. E sobre nossos erros… já estamos perdoadas antes mesmo de cometê-los.

TEXTO ESCRITO POR ISADORA SETTE, mãe de duas crianças, Pedagoga, Bióloga, participante do Zum Zum de Mães – Turma 8.  

Texto inspirado na entrevista com Ana Paula Cury para o Portal da Escola de Pais Bee Family.

Desde que engravidei pela primeira vez, comecei a ouvir de algumas pessoas, sobretudo outras mães, as seguintes expressões: “Nossa, que CORAGEM!”, “Que CORAJOSA!”, “CORAGEM, hein?” ou outras expressões com o mesmo significado.

Acontece que nunca me achei tão corajosa assim, pelo contrário, sempre me julguei até muito medrosa! Devido a tanto ouvir tais expressões, e principalmente pelo fato da frequência com a qual as escuto ter aumentado nestes últimos quatro anos, resolvi refletir a respeito. É sobre esta reflexão que quero compartilhar com você.

Mas antes disso, o que é a CORAGEM?

Agir com o coração

Do Latim, CORAGEM é Agir com o Coração. Ou seja, agir de acordo com o que se sente, com aquilo que se acredita verdadeiro.

Nos dicionários, encontramos alguns significados como:

  • Moral forte perante o perigo, os riscos; bravura, intrepidez, valentia.
  • Força espiritual para ultrapassar uma circunstância difícil; confiança.
  • Capacidade de enfrentar algo moralmente árduo; perseverança.

Algo interessante que descobri fazendo esta reflexão e pesquisando um pouco, é que, CORAGEM não é a ausência de medo, mas sim se colocar em ação apesar do medo.

A partir desta constatação, muitas fichas começaram a cair. Conclui de fato que sou mesmo uma pessoa muito corajosa, e tenho certeza que você também é!

Vamos aos fatos!

Primeira Gestação e a Escolha do Parto

Para quem ainda não sabe, eu tive dois partos domiciliares planejados (Laís e Gael) e estou me planejando para o terceiro (Lara). Sempre tive o desejo de ter parto normal, daqueles tradicionais que a gente conhece, no hospital, deitadinha, com anestesia… Não que eu achasse que esta era uma escolha melhor para o bebê ou para mim, mas porque eu tinha medo da Cesárea, de ser cortada, de levar pontos e até então, eu desconhecia totalmente as alternativas de parto natural (hospitalar ou domiciliar).

Meu marido, osteopata, foi quem plantou em mim a sementinha do parto natural domiciliar. A princípio rejeitei a idéia, tive medo. Porém, me informei sobre o assunto e abracei a causa. Foi então que comecei a ouvir: “Que CORAGEM!” e algumas outras vezes também ouvia “Você é louca!” sempre seguidos por olhares de desaprovação.

Se tive medo? Claro que sim!

Acredito que independente do tipo de parto sempre existirá um pouco de medo, principalmente para a mãe de primeira viagem.  São tantas coisas que podem acontecer, sobretudo quando a mulher não se prepara e não se informa.

Considerando que o bebê já está dentro de você, e que quando estiver pronto ele vai ter que sair de alguma forma, o que pode ser feito para minimizar o medo deste momento? Eu me informei, busquei pessoas capacitadas para me apoiar e encorajar.

Fiz minha escolha pelo parto domiciliar baseada em estudos e pesquisas que comprovam que, quando bem planejado e em gestações de baixo risco, o parto domiciliar é muito benéfico para mãe e bebê. Apesar do medo, segui em frente e agi conforme meu coração. CORAGEM!

Segunda e Terceira Gestações

Eu já compartilhei um pouco sobre a minha segunda gestação e também sobre a descoberta da terceira. Em ambas senti medo. Na verdade, ainda sinto.

O que quero dividir neste momento é que, com a gravidez do Gael passei a ouvir mais a tal da expressão: “Que CORAGEM!”. E agora então, com a Lara em meu ventre, imagino que você faça idéia do quanto esta expressão se tornou familiar para meus ouvidos. Duvido que você que está lendo este texto, e que é mãe de um ou de dois não pense a mesma coisa sobre quem é mãe de três, ou de quatro ou de mais. Principalmente quando os filhos são bem pertinho um do outro.  Por aqui são três filhos em quatro anos. Dá para imaginar o Tsunami? Realmente é preciso muita CORAGEM!  Agir com o coração apesar dos muitos medos que envolvem a maternidade.

A Transformação da Vida Profissional

Um outro fato da minha vida que faz com que as pessoas digam que sou corajosa foi o da mudança profissional.

Sou Engenheira de Alimentos, e desde a minha formação em 2006 atuei como tal (até agosto de 2018). Todavia, antes mesmo de ser mãe, eu não estava satisfeita com a minha vida profissional. Eu trabalhava como Supervisora de Produção em uma empresa multinacional de grande porte, sonho de consumo de muita gente. Tinha um salário bom, benefícios, mas trabalhava demais e não estava realizada com o que fazia. Estava procurando emprego em outras empresas com a idéia de que talvez mudando de ambiente eu pudesse me encontrar profissionalmente de novo e me realizar.

Laís nasceu e comecei a perceber que o mundo corporativo não fazia mais sentido para mim. Não adiantaria simplesmente mudar de emprego, eu queria um trabalho que me realizasse não apenas financeiramente, mas que estivesse alinhado com os meus valores, e que me permitisse maternar com mais qualidade. Fiz um processo de Coaching e me encantei. Em paralelo, estava participando do Zum Zum 4 e também me encantei. Percebi que eu podia unir as duas coisas e através do Coaching ajudar outras mães. Comecei a me preparar para isso fazendo uma formação em Coaching e estudando sobre Parentalidade Consciente, Ciência do Início da Vida, Disciplina Positiva… A idéia era terminar a formação, iniciar a nova carreira em paralelo à antiga, estabelecer-me na nova profissão, pedir demissão da empresa e depois engravidar do segundo filho.

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Mas… não temos o controle de tudo, e foi então que engravidei do Gael. Alguns planos precisaram ser revistos, inclusive o da transição de carreira. E agora?

Segui a gestação trabalhando e ao mesmo tempo me dedicando aos estudos e à formação para a nova profissão, todavia em passos mais lentos do que antes, pois outras demandas se tornaram prioridade. Continuar no mundo corporativo não dava mais. Dois filhos pequenos, pouca rede de apoio e meu marido viajando bastante a trabalho não combinavam com minha antiga vida profissional. Por outro lado, eu não estava com a nova carreira consolidada e pedir demissão naquele momento seria mais um ato de loucura do que de CORAGEM.  Ainda assim, mais uma vez foi preciso CORAGEM para o próximo passo. Conversei com meu gestor sobre a possibilidade de um acordo ou demissão. Precisei retornar ao trabalho ao fim da licença maternidade e após dois meses a demissão aconteceu.

“Que corajosa!”, ouvi de muita gente. Trocar o certo pelo duvidoso é para a grande maioria um ato de muita CORAGEM.

De fato, a CORAGEM aqui foi fundamental, visto que a nova carreira ainda não estava totalmente consolidada quando sai do emprego. Muitos medos me rondavam e eu precisava enfrentá-los com bravura, com CORAGEM.

Tomando posse da CORAGEM

Em minhas reflexões, percebi que era comum eu pedir a Deus em oração por CORAGEM. E como obter CORAGEM se não diante de situações que exijam esta virtude? Deus, em sua sabedoria me atendeu enviando exatamente aquilo que eu precisava para colocar em prática a tão almejada CORAGEM.

Diante de tais fatos, e entendendo que CORAGEM não significa ausência de medo, como até então eu julgava ser, resolvi assumir a mulher CORAJOSA que sou. Não tem sido fácil nem gostosinho, principalmente porque me considero muito medrosa.  Entretanto, acredito que CORAGEM é uma virtude fundamental para a maternidade. Instintivamente, quando nos tornamos mães nos tornamos mais corajosas. Fazemos coisas que jamais imaginávamos que seriamos capazes de fazer.  Mas no meu caso eu sentia e ainda sinto que preciso de mais.

  • CORAGEM para mergulhar mais fundo nas profundezas do meu ser;
  • CORAGEM para trazer luz para minhas sombras;
  • CORAGEM para reconhecer e aceitar que sou a melhor mãe que posso ser;
  • CORAGEM para reconhecer e aceitar minha “beleza imperfeita”;
  • CORAGEM para me amar em primeiro lugar;
  • CORAGEM para assumir a responsabilidade pela minha felicidade;
  • CORAGEM para aceitar que a Amanda de hoje não é e mesma Amanda de ontem, e nem será a mesma Amanda de amanhã;
  • CORAGEM para dizer não, mas também para dizer sim;
  • CORAGEM para partir, mas também para ficar;
  • CORAGEM para deixar ir aquilo que não se encaixa mais em minha vida;
  • CORAGEM para ser quem eu nasci para ser!

(Já estou me tremendo inteira só de pensar nas situações que o Universo vai preparar para que eu possa exercitar a CORAGEM em cada um dos casos que citei acima…)

Coragem: Um Presente da Maternidade

Não sei o que você pensa sobre isso, mas para mim, quando nos tornamos mães, automaticamente ganhamos uma dose extra de CORAGEM. São tantas situações novas no nosso dia a dia que temos que lidar e não sabemos como, tantos medos diante do desconhecido. Mas como mães, temos consciência que não podemos ficar paradas diante do medo, temos que agir de alguma forma. Então surge a CORAGEM de onde nem imaginamos! E não tem essa de que o fato de eu ter três filhos me faz mais corajosa do que quem tem apenas um. A CORAGEM não está relacionada com o “tamanho do perigo”, mas sim com o “tamanho do medo” diante do perigo.  Para exemplificar: talvez uma mãe que tenha só um filho exercite muito mais a CORAGEM do que uma mãe que tenha dois, três, ou quatro, considerando que a primeira não tenha se planejado para ser mãe, e a segunda se planejou para ter exatamente este número de filhos.

Ser mãe, por si só, é um ato de CORAGEM desde a gestação. Enfrentamos os riscos da gravidez, do parto, e depois o de cuidar de um serzinho que depende totalmente de nós. Estamos constantemente agindo de acordo com nosso coração. Precisamos nos reinventar, nos redescobrir… Muitas de nós, antes de ser mãe, nunca experimentou trocar uma fralda, dar um banho em um recém-nascido…e para estas, cada uma dessas simples ações exige CORAGEM.

Como tem sido com você?

Observe-se!

Quais os seus medos?

Como você pode agir para enfrentá-los?

De que maneira você pode encorajar-se?

Quero te convidar a aceitar mais este presente da maternidade e assumir a CORAGEM que existe em você!

Experimente sentir aquele friozinho na barriga ao enfrentar seus medos, aquele que a gente sente quando está em uma montanha russa. A vida com CORAGEM fica mais dinâmica e divertida.

Texto escrito por Amanda Balielo, Mãe da Laís e do Gael, Coach de Mães e participante da turma 4 do Zum Zum de Mães.

@amandabalielocoach 

Http://facebook.com/amandabalielocoach

Nesse episódio vamos falar sobre umas das coisas que mais angustia as mães: a alimentação dos filhos. Amamentação, Introdução alimentar, Criança que não come, Hora da mãe voltar ao trabalho…

São tantas questões que convidamos a Fabiolla Duarte, Mãe do Hari, Educadora, Criadora do Colher de Pau e Colher de Pau festival, Trabalha com Introdução Alimentar e Comportamento Alimentar Infantil, Curadora e Criadora de Feiras, para falar um pouco com a gente sobre esses temas.

A Fabiolla vai trazer um olhar extremamente respeitoso, interessado, cuidadoso e natural sobre as questões relacionadas a alimentação infantil! Vocês não imaginam o quão rica está esse papo e o quanto ele pode ampliar o seu olhar para essa relação com a criança, com a maternidade…

Entra em nossa Tenda, dá o Play e desfrute desse episódio delicioso… 😉

No artigo anterior A Maternidade e As Projeções comentei sobre uma ferramenta que, INFELIZMENTE, ainda vejo sendo muito utilizada para “educar”. Trata-se da comparação, julgamento e da vergonha! No passado, nós fomos educados sob os ditames destes parâmetros, mas isso não precisa se repetir! Afinal, quem aqui não se lembra de ser comparada com a amiguinha, com a prima ou seja lá quem for e ser desmerecida ao final?

Vale ressaltar, que estou fazendo um mergulho ainda mais profundo a respeito do tema merecimento em meu blog Conexão Profunda. Inclusive, já analisei esta questão sob a ótica da maternidade no artigo Merecimento e Maternidade. Contudo, sinto que este é um assunto profundamente enraizado em nossa cultura social e tem inúmeras interligações. Vamos analisar algumas delas!

Necessidade Básica: ser amada(o)

Todos nós, para além das necessidades físicas básicas, temos as necessidade emocionais! Ou seja, todos PRECISAMOS nos sentirmos amados, aprovados, reconhecidos! Aliás, imagino que seja esta a emoção do toque em recém nascidos como destaca a reportagem Contato físico pode melhorar o desenvolvimento cerebral de bebês:

“Para os recém-nascidos, o contato pele a pele com os pais e cuidadores pode ajudar a moldar como seus cérebros respondem ao toque, um sentido necessário para conexões sociais e emocionais, sugere um novo estudo do Nationwide Children’s Hospital in Columbus, nos Estados Unidos, também publicado na revista Current Biology”. Disponível em:https://veja.abril.com.br/saude/contato-fisico-pode-melhorar-o-desenvolvimento-cerebral-de-bebes/

Assim, estudos mostram como o toque, a voz, o carinho e a atenção podem contribuir para o desenvolvimento físico de bebês. Para além disso, já sabemos como todo este envolvimento emocional interfere no comportamento e na capacidade relacional de uma criança!

Quantas vezes a solução de um problemas com criança NÃO passa por um brinquedo novo, uma festa, uma viagem… MAS passa por um olho no olho, brincar junto, conversar? Esta necessidade é humana de sermos olhados, reconhecidos, considerados! Atualmente, percebo isso de forma muito frequente em minha filha: ela quer muito brincar comigo, quer que eu VEJA cada conquista, cada ideia criativa que ela teve! Confesso que às vezes chega a ser sufocante porque NÓS estamos desconectados desta necessidade básica de amor!

Infelizmente, acredito que a maioria de nós estão buscando algum tipo de anestésicos (trabalho, comida, dinheiro, internet) para amenizar a dor de não nos sentirmos amados! Deixo o convite para assistirem a sensacional animação de 8 minutos Alike. Gentilmente, nossos filhos nos convidam para olhar para isso novamente! Minha filha sempre repete com as mãozinhas no meu rosto: “Olha me!”

Amor é atenção e interesse genuíno!

Geralmente, adultos complicam muito as coisas! Tudo o que as crianças querem é atenção e interesse genuíno! Isto não se encontra no shopping, no currículo da babá ou na melhor metodologia educacional! A atenção e interesse que nossos filhos querem e, de fato, PRECISAM é a dos pais! Vale a pena assistir este vídeo de 2minutos que ressalta isso com a lógica dos adultos: Quem você convidaria para jantar?

A forma como exercitamos o amor com nossos filhos será sua grande referência de amor na vida! Ou seja, a forma como exercitamos o amor com nossos filhos será a forma como eles exercitarão o amor consigo mesmos e com o mundo!

Sim, eu sei que é um processo desgastante, especialmente se não estivermos atentas nos abastecendo e nutrindo também!

Controle Social: medo

Uma das coisas que mais me chamou a atenção logo durante a gravidez foi o medo. De forma geral, eu percebia as pessoas com muito medo e isso era estimulado diretamente ou indiretamente em mim! Na verdade, costumo chamar este processo de terrorismo contra grávidas! Afinal, por que alguém em sã consciência precisa enaltecer para uma gestante que serão cortadas 7 camadas de pele numa cesárea? Ou pior, comentar dos inúmeros casos de morte no parto ou de aborto espontâneo que ela ouviu falar?!

Nossa sociedade vive apavorada e as pessoas já perderam completamente o senso, o respeito e o amor para decidir o que dizer e o que calar! Infelizmente, se apareceu no Jornal Nacional é verdade e se ela leu no WhatsApp é notícia! Assim, o medo impera sob a forma de ignorância e de controle social! Lamentavelmente ainda escuto mães falando do “homem do saco” para seus filhos e coisas do gênero e penso: “Meus Deus, até quando?!

Será mesmo que precisamos educar pelo medo, pela comparação, ameaça e julgamento? Será que o caminho não pode ser pelo amor, aceitação e valorização de cada ser em sua singularidade?

Comparação e Julgamento

A comparação e o julgamento são grandes artifícios de controle em nossa sociedade! Isto ocorre porque tememos ficar para trás, tememos a competição e ninguém quer ser considerado um fracasso. Estes são os pilares da sociedade do consumo em que vivemos: competição, comparação e medo!

Certa vez, me perguntaram qual seria a coisa mais desejada por qualquer pessoa! A primeira resposta que me ocorreu foi o dinheiro! Afinal, ele parece justificar tantas escolhas e modos de vida! Entretanto, a pessoa que me fez a pergunta me disse que era sentir-se amado(a)! Sinceramente, eu nunca havia parado para refletir sobre isso, mas fez todo sentido do mundo! Todos queremos e precisamos de amor! A questão é que algumas pessoas pensam que dinheiro, fama ou poder serão os atrativos do amor, do reconhecimento e respeito!

Infelizmente, vejo muitos pais transferindo esta lógica da escassez para o Universo infantil! E isto se manifesta através do quarto do bebê, do enxoval, da escola, da festa de aniversário, dos brinquedos etc. Deste modo, as pessoas parecem querer assegurar que seus filhos terão um lugar privilegiado na hora da comparação! Ao invés disso, que tal pensar na importância da Essência? Que tal respeitar o ritmo de desenvolvimento e as singularidades que nossos pequenos trazem ao mundo? Ao invés de olhar a grama verde do vizinho para se colocar por baixo ou pisar no jardim morto do “adversário”, que tal parar de comparar?! Que tal olhar para dentro e com profundidade?

Vergonha e Mecanismos de Defesa

O livro A Coragem de ser Imperfeito: como aceitar a própria vulnerabilidade, vencer a vergonha e ousar ser quem você é! conquistou lugar seleto na minha cabeceira! Já avancei as páginas, mas amo tanto que volto a relê-las e cada vez tenho um insight mais importante e profundo no meu processo!

Neste livro a autora Brené Brown menciona suas pesquisas com a vergonha e explicita muitos mecanismos que usamos para nos defender de algo que nos incomoda tanto!

“Vergonha é o sentimento intensamente doloroso ou a experiência de acreditar que somos defeituosos e, portanto, indignos de amor e aceitação”. (Brené Brown: 2016, p.52)

Fato é que vergonha é um sentimento universal e primitivo, por isso nossa tentativa é fugir ao máximo dela! E, segundo a autora, quanto menos falamos de nossa vergonha, mais ela cresce e parece ser apenas nossa!

Muitas vezes, ansiosamente, queremos proteger nossos filhos de experiências de vergonha. Isto porque sabemos como ela é desconfortável e dolorosa! Neste momento, buscamos ensinar ferramentas para que nossos filhos se protejam deste “monstro”. Isto pode acontecer através de dinheiro: “olha, mostra como seu brinquedo é mais legal que o dele!” Ou, através dos pais que vociferam conquistas de seus filhos como se te convidassem para um duelo: “Olha, fala pra tia que você já não usa fralda!”. Enfim, acredito que todos nós conhecemos muito bem este caminho da comparação, julgamento e a tentativa de esquiva da vergonha!

Vamos Construir uma Nova Consciência?

O grande intuito deste artigo é exercitar a tomada de consciência de ações, muito automáticas, que já foram introjetadas em nosso cotidiano como “naturais!” Ou seja, parece que olhar para fora, comparar, julgar e perpetuar a lógica da escassez é a única forma de viver! Mas não é! Esta era uma lógica de sobrevivência, muito utilizada por nossos antepassados, e gratidão por nos trazer até aqui. Entretanto, agora, com mais consciência, podemos assumir as rédeas em nossas mãos e mudar o curso desta realidade!

Que tal construirmos uma cultura da suficiência? Onde somos o melhor que podemos e isso é suficiente, é o bastante! Podemos nos arriscar a viver com ousadia porque não precisamos ter medo da vida, da escassez ou da falta de amor! Que tal se nossos filhos se sentissem tão amados que soubessem como se amar e assim também amar aos outros? Que tal uma lógica baseada no auto-cuidado, na gratidão e na suficiência, usando com sabedoria todos os recursos que temos e desenvolvemos?

Nesta sociedade da suficiência, sabemos o nosso valor e ele está muito além do que fazemos! Somos seres únicos e, por isso não precisamos provar nada para ninguém! Só precisamos desfrutar da vida com sabedoria e plenitude, aprendendo com cada passo. Assim, sem medo de errar, sem medo de sermos autênticos, sem necessidade de pertencer a nada que não seja a nós mesmos, honrando nossa Essência! Este é o verdadeiro compromisso! Leia também Pertencimento: você se pertence ou anda se perdendo por aí?

Os pilares desta nova consciência, para mim, são o merecimento, a suficiência e a plenitude! Se você gostou deste texto, deixo o convite para acompanhar esta jornada de busca por uma nova consciência no site Conexão Profunda!

Gratidão pela leitura! Namastê!

SOBRE A AUTORA

Este texto foi escrito por Gisele Mendonça, cientista social, mestre em sociologia, participante do Zum Zum de Mães e, principalmente, MÃE! Tem um blog chamado Conexão Profunda, visite www.conexaoprofunda.com.br e curta a página no facebook Conexão Profunda  e siga no instagram gm_conexaoprofunda

Era um dia típico de trabalho, no final da tarde fui informada que seria indicada para uma viagem de campo na Escócia! Primeiro um frio na barriga e a sensação de iminência de perigo, talvez o alerta tenha sido fruto do instinto de fêmea mamífera, ou à tradicional culpa materna, ou quem sabe meus velhos padrões e crenças ainda em desconstrução… Seja lá o que foi, olhei, acolhi, senti, compreendi e enfim me permiti curtir a ideia!

Alguns dias depois tivemos uma primeira reunião com os instrutores e todos os indicados ate então, o primeiro assunto que trataram foram as datas, estava lá contido naqueles 10 dias, o domingo do dia das mães, pensei: “Tudo bem se nós não enfatizarmos a data em casa, minha filha não vai nem perceber”. Me concentrei de novo na reunião e de repente me veio à cabeça o calendário da escola, lembrei vagamente de ter visto uma apresentação das crianças para o dia das mães, diferente do ano anterior que só teve comemoração do dia da família. Procurei nos meus arquivos do celular e lá estava o calendário, com a apresentação marcada bem no meio da semana que eu estaria fora! Pensei comigo: “Não vou mais! Vou dar um jeito de fugir dessa vez!”

Com a voz tímida e com pouca esperança, alertei que a data pegava o dia das mães. “Ichi é mesmo” disse um colega, que em tom de brincadeira completou: “Ah, minha mãe vai entender!” Na sala haviam uns 7 homens e 3 mulheres contando comigo, dentre as mulheres só eu era mãe, porem nessa hora as outras duas também estavam apreensivas, talvez pensando em suas próprias mães. Além de indicadas, ambas estavam na organização de questões práticas e burocráticas do campo, virei para que estava ao meu lado e disse baixinho: “Isa, vou perder a apresentação de dia das mães na escola da minha filha.” Ela me olhou com toda a empatia de quem entendia a situação, interrompeu imediatamente um dos instrutores perguntando se havia alguma possibilidade de mudar a data, ele respondeu que sentia muito, mas a janela de clima era apertada e já tínhamos reservas na hospedaria em uma das ilhas, que o mês de maio era o mais concorrido e eram poucas as opções de hotel na região. Do outro lado da mesa, a terceira mulher ainda me olhava apreensiva, a reunião seguiu, meu desconforto persistiu até o final.

Terminada a reunião, os comentários e olhares, mesmo dos amigos que tinham filhos, eram de incompreensão, como se fossem coisas diferentes de mais em termos de importância para serem comparadas. Quando disse que existia a possibilidade de eu não ir por causa disso, pelas reações deles, percebi que não tinham noção da magnitude do meu dilema. Eu entendo, eles queriam que eu fosse, afinal uma oportunidade profissional dessa! Entendo que, do jeito deles, era uma tentativa de ajudar, de me motivar a não “desistir”. Mas quando me tornei mãe, sabia que em alguns momentos eu teria que abrir mão de alguma coisa, não poderia ter tudo sempre, e vamos combinar aqui entre nós, abrimos mão de tantas coisas, desde a gestação, são incontáveis as situações, vamos nos acostumando, vamos criando uma resiliência absurda em relação à isso…. Acho que eles jamais entenderiam.

Cheguei em casa e desabafei com meu marido, ele disse que daríamos um jeito, mas que eu não devia abrir mão dessa oportunidade, sugeriu simplesmente dela não ir na escola no dia da apresentação e pronto! “Mas meu Deus e os ensaios, e os presentes que ela mesma vai fazer?” Sim, essa poderia ser uma das soluções, mas não seria fácil, já é difícil para ela quando eu viajo e ainda mais numa época dessa! Entendo que foi o jeito dele de me apoiar, mas ainda me sentia solitária  na minha duvida cruel! Senti raiva, esbravejei: “Como podia ser tão simples e racional para eles? Para todos eles?” Fui para o quarto me sentindo incompreendida, lembrei da solidariedade nos olhares das duas outras colegas e isso por hora me confortou!

As mães 

De repente caiu uma ficha: “É isso! Outras mulheres, as mães da escola, e se eu dividisse com elas? E se elas me apoiassem e se pudéssemos mudar a data da festa na escola?  Sem duvida elas me entenderiam.” Falei primeiro com as que eu tinha mais intimidade e elas foram simplesmente maravilhosas, falei de como eu me senti, elas foram tão empáticas, algumas compartilharam comigo situações parecidas e algumas bem piores no ambiente de trabalho. Percebi como ainda é muito complicado para nós mulheres assumirmos esses dois papéis, como que ainda dói, como que ainda estamos divididas sendo metade em cada um deles, quase nunca inteiras…

No dia seguinte, conversei com a secretária na escola, descobri que a festinha ia ser pequenina dentro da sala de aula mesmo, que provavelmente não haveria problema nenhum em mudar a data, mas que era preciso falar com a coordenadora, que dias depois me recebeu com um sorriso no rosto, dizendo que se todas as mães concordassem, a escola estaria disponível para a data que combinássemos. Na reunião escolar de início de ano letivo, pedi a palavra e expliquei a situação para cerca de 20 mães, duas eu tinha acabado de conhecer, mas elas foram unânimes em topar de cara a mudança de data. Agradeci com todo meu coração, cheguei em casa leve e foi só aí que comecei a me preparar e me animar para a viajem.

Os caminhos sagrados

Os meses passaram e voei para longe, meus pés pisaram no lugar mais incrível que meus olhos já viram, aprendi muito, os instrutores eram os três vulcanólogos mais famosos da Terra, a geologia do lugar é única e a paisagem de tirar o folêgo, que privilégio eu tive.

O Frio atípico da primavera, sussurrou no meu ouvido histórias remotas, de uma civilização nativa que honrava o sagrado feminino, que assumia e enaltecia a força feminina em total equilíbrio e equidade com a masculina, que entendia as duas forças como complementares e harmônicas, como essências da própria natureza! Andando pelos mesmos caminhos que elas, senti a força daquelas mulheres que dançavam para lua, que abençoavam os ventres, que reverenciavam seus ciclos e os ciclos da natureza, do dia e da noite, das estações do ano, do plantio e da colheita, mulheres que estavam conectadas com o todo, sacerdotisas do próprio poder, de todo o poder que a condição feminina oferece, de intuição, de predição e da criação. Como deve ter sido incrível viver em uma sociedade estruturada para que as mulheres também atingissem todo seu potencial, onde elas se reconheciam poderosas e sagradas.

Depois de termos esvaziados nossos potinhos de pedras coloridas, como da outra vez (https://beefamily.com.br/percorrer-muitos-caminhos/), depois do vento frio e a chuva fina gelarem minha pele e meus ossos, voltei para casa com o coração aquecido de amor, com a mala cheia de presentes e historias, olhei tudo com olhos de primeira vez. Abracei cada pedacinho dos meus amores, dormi abraçadinha com eles e cheirando os cachinhos da minha florzinha!

 As sacerdotisas 

Dias depois estava eu na porta da escola, esperando ansiosamente dar 18h para ver o sorriso e a dança da minha pequena, outras mães também foram chegando, uma balburdia danada, beijinhos e abraços para cá, conversas animadas para lá, uma excitação deliciosa, formando uma egrégora poderosa de alegria.

Fomos convidadas a subir, nos degraus das escadas, pegadinhas coloridas com os nossos nomes nos indicavam o caminho até à sala de aula, paramos diante da porta, a professora saiu para nos receber, um pouco tensa ela disse: “Meninas temos um problema! Tem uma mãe presa no transito, o que faremos? A decisão é de vocês.” E mais uma vez, elas, nós, fomos unânimes em um sonoro: ” Vamos esperar!” Uma de nós disse algo do tipo: “Vamos esperar todas, não vai ficar ninguém de fora, não quero nenhum rostinho triste hoje.” Fiquei ali, olhando extasiada aquelas mulheres incríveis, gentis e fortes, algumas fugidas literalmente dos seus escritórios/consultórios/chefes, ansiosas com o coração em festa, esperaram mais de uma semana por mim e pareciam ainda dispostas e felizes em doar mais alguns minutos de seus preciosos tempos por outra mãe.

A última mãe chegou enfim, pediu desculpas em chinês, nem sei se ela fala a língua portuguesa, mas foi recebida com sorrisos, que são universais. Entramos todas em fila indiana, os pequenos gritaram por nós quando nos viram, uma delícia a alegria contagiante daquelas fofuras. Nunca vou esquecer os olhos brilhantes da minha filha quando me viu, ela estava radiante de felicidade, sentamos de frente para o semicírculo que as crianças formaram e eles começaram a dançar enfim: “…Coisa linda, estou onde você está, não precisa nem chamar… Ah se a beleza mora no olhar, no meu você chegou e resolveu ficar, para fazer seu lar…” A Ive com flores no cabelo cantou e dançou lindamente, fazendo todos os gestos e passos olhando para mim, olhos nos olhos, o mundo parado lá fora, lágrimas escorregaram pelo meu rosto, mas não desfiz o sorriso nem um segundo sequer! E mesmo sem desviar os olhos da minha filha, pude perceber e sentir todas as outras lágrimas, molhando todos os outros sorrisos, nos rostos de todas aquelas mulheres emocionadas ao meu lado.

Mais uma vez pensei nas mulheres das tribos celtas, imagino que elas eram desse mesmo jeito, conectadas ao coletivo e ao mesmo tempo à si mesmas, vibrando pela alegria das suas crias e também pelas crias das suas irmãs. Que alegria e que honra celebrar aquele dia ao lado delas, para mim não era uma celebração do dia das mães, dia das mães é uma data comercial, dia das mães é todo dia, para mim era uma celebração da maternidade, intensa e transformadora que me arrebata de amor e cansaço todos os dias, uma celebração do amor e do vínculo que construímos com nossas crianças, dia a dia, as duras penas e  contra todo o sistema. Me senti grata por ter encontrado, nos dias de hoje, essas mulheres sagradas. Por causa delas, por causa dessa tribo, eu pude pelo menos dessa vez ter tudo, pelo menos dessa vez eu não precisei abrir mão de nada, não tive que escolher, não precisei viver nada pela metade, tive as duas experiências inteiras e incríveis.

Esse texto foi escrito por: Vivian Pessoa,  Mãe da Ive de 3 anos, Geóloga, Participante da turma 5 do Zum Zum de mães, Educadora Parental pela Positive Discipline Association.

 [email protected]  

@viviancpessoa

 

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Inicialmente, vale a pena definir o termo projeção segundo as intenções deste texto: tudo o que temos dentro e colocamos para fora em outro ser, no caso, nossos filhos! Segundo a teoria de Freud trata-se de um mecanismo de defesa psicológica para aliviar a ansiedade que temos por sentimentos dolorosos ou desagradáveis.

Este mecanismo de defesa é mais utilizado do que imaginamos! Vale a pena ler o artigo Brasil na Copa: vamos refletir sobre as projeções? Ao refletir sobre o desafio de educar, fica visível vários aspectos destas projeções! Se estivermos realmente comprometidos com um processo de auto-observação e auto-educação, perceberemos facilmente este mecanismo. Afinal, quantas vezes projetamos nossos sonhos, expectativas, medos e frustrações sobre nossos filhos?!

Observar E Identificar A Ferida

Quem nunca viu uma mãe obcecada com a ideia de que a filha seja modelo, bailarina ou atriz? Este é o estereótipo mais caricato da projeção entre mães e filhas! Outro exemplo interessante é mostrado de maneira muito sensível no filme Billy Elliot, em que o pai que sonhava com o boxe, precisou se render ao talento natural do filho para o ballet!

Nestes exemplos, nossa tendência imediata é pensar como as pessoas podem projetar seus sonhos nos filhos, sem considerar a vontade deles! Aqui, confesso que sempre olhei o filme pela ótica do filho(a) que tinha seu sonho podado pelos desejos dos pais! Contudo, após a maternidade sou convidada a olhar a questão novamente, com mais atenção, buscando observar e identificar a ferida destes pais!

A partir deste exercício, eu consigo perceber que os pais estão ainda presos em suas respectivas crianças feridas! Leia também Pedidos deslocados: as consequências das necessidades não atendidas. Desta forma, eles têm muita dificuldade para enxergar os próprios filhos e permitir que eles desenvolvam seus próprios talentos e habilidades! Tudo o que estes pais estão projetando em seus filhos é a vontade de serem aceitos, amados e terem seu valor reconhecido!

O Mapa Não É O Território

Vale ressaltar que observar e identificar nossos movimentos ao educar nossos filhos é fundamental para que possamos diferenciar o mapa e o território! Por vezes, caminhamos por lugares de muita dor e, se não estivermos atentos, a tendência automática é reproduzir padrões conforme analisamos no post Merecimento e Maternidade.

Assim, é preciso observar a coerência entre o que pensamos, falamos e fazemos! Como gosta de dizer a Clarissa “É preciso ser um exemplo digno de ser imitado!” E, realmente concordo, que a única forma de liderar efetivamente seja pelo exemplo!

Neste ponto, percebo que é mais fácil identificar quando projetamos sonhos e expectativas! Você sonha com a carreira profissional de seu filho? Faz questão de colocar o boletim dele nas redes sociais? Cuidado! Este pode ser um sinal de alerta de projeção! Observe-se e perceba quais as emoções que são mobilizadas em você quando isso acontece? Orgulho, merecimento, satisfação, reconhecimento? Talvez, tudo o que você gostaria de ter sentido na infância e não aconteceu?!

Questão De Ego!

Ah, como é complicado escrever sobre “Ego”! Tão defendido por nós, tão demonizado pelas religiões e linhas espiritualistas! Aqui vou trabalhar a ideia de ego da perspectiva de que é outro mecanismo de defesa, que busca apenas nos proteger do sofrimento! Ou seja, trata-se de uma máscara que colocamos para nos blindar de vivenciar algo que pode ser doloroso novamente!

Por este ângulo de visão, o ego sustenta uma imagem “gostosa” de nós mesmos, nos faz ficar mais confortáveis para a exposição e o relacionamento social! No entanto, quando nascem nossos pequenos este centro de controle e poder fica fragilizado. Francamente, não sei se acontece isso com todo mundo, acho que não! Mas o meu mundo interno ficou muito tumultuado e me senti muito exposta, sem conseguir esconder mais minhas fragilidades! Na verdade, eu me senti tirando muitas máscaras e precisando olhar para a vida sem todas as armaduras que eu havia usado até então!

Assim, confesso que tentei colocar muitas máscaras novamente, mas ou ficavam largas ou apertadas! Neste sentido, percebo que o convite de minha filha era sempre para olhar para a ferida aberta e parar de querer fingir que estava tudo bem! Recentemente, me perguntaram quem eu gostaria de ser no futuro! E eu respondi: eu mesma! E a pessoa me olhou sem entender, mas naquele momento percebi toda a coragem do trabalho interno que eu estou fazendo! Quero ser eu mesma em toda minha inteireza, luz e sombras, integrando todas as minhas partes e reconhecendo todo valor que tenho no mundo enquanto pessoa única que sou!

Da Mente Para O Coração

Iniciei 2019 fazendo uma jornada de reflexão sobre merecimento em meu blog Conexão Profunda! Durante estes meses, tenho trabalhado arduamente para ressignificar a ideia de merecimento que tenho internalizada! Nesta caminhada tenho olhado para muitas feridas de minha criança que eu ainda não tinha me apropriado! Noto que fiquei muito tempo parada no movimento de acusação de meus pais, apesar de estar exausta de saber que eles fizeram o que puderam com a consciência que tinham!

Agora, percebo que estive estacionada neste movimento porque era o que eu suportava neste momento. Ou seja, projetar nos outros nossos medos, raivas e frustrações às vezes é a única coisa que conseguimos fazer! A grande sacada é estar atento ao processo, se permitindo e se dando amor para dissolver essas camadas de ferida!

“É preciso sentir para curar!”, frase de Domingos Cunha muito utilizada por Tatiane Guedes! Esta frase ressoa profundamente dentro de mim! As projeções são formas que utilizamos para fugir de nossas feridas! Infelizmente, se não tomarmos consciência delas, acabamos por perpetuá-las em nosso sistema familiar! Leia Merecimento e Limpeza de Padrões Familiares

O Medo Da Escassez

Atualmente, estou lendo um livro que está iluminando muito minha perspectiva das coisas! A Coragem de Ser Imperfeito de Brené Brown trouxe à tona questões muito profundas, feridas de minha criança. Ou melhor, feridas de NOSSAS CRIANÇAS que não soubemos ainda como curar! Um dos conceitos centrais do livro é a vergonha, um sentimento que poucos conseguem admitir, mas é universal! Inclusive, é muito enfatizado em nossa sociedade como forma de nos fazer obedecer às regras, consumir e dita também muito de nosso comportamento!

Todos nós sentimos vergonha e procuramos formas de não entrar em contato com ela! Em geral, utilizamos máscaras para encobrir nossas fragilidades, nossos medos e o que a autora conceitua como VULNERABILIDADE! Neste ponto, trago a seguinte reflexão: quanto de nossa vulnerabilidade mostramos aos nossos filhos? Esta pergunta traz o incômodo de que, muitas vezes, nem nós mesmos nos permitimos acessar a nossa vulnerabilidade! E isso ocorre pelo nosso grande medo da escassez!

Agora, faço um convite: o que é escassez para você? Dinheiro, tempo, carinho, comida, seja lá o que você responder estará atrelada à ideia de medo! Todos nós viemos de gerações que passaram alguma situação de escassez e procuraram criar um alerta dentro de nós para que não vivéssemos o mesmo problema! Assim, esta escassez, ou seja, o medo da insuficiência seja lá em que aspecto for ronda nossa vida 24 horas por dia!

Fórmula Da Escassez!

Sob este prisma, a autora monta o que considera ser a fórmula da escassez cujos componentes são: vergonha, comparação e desmotivação.

Vale a pena lembrar das experiências de vergonha, do sentimento envolvido e de toda forma de controle associada a isso. Particularmente, e acho que não seja exclusividade minha, tenho lembranças muito dolorosas dos tempos de escola. Por muito tempo e, infelizmente, ainda sobrevive uma ideia de que a vergonha é uma forma de controle social. Conforme a autora nos convida a refletir pelos questionamentos a seguir:

“O medo do ridículo e a depreciação são usados para controlar as pessoas e mantê-las na linha? Apontar culpados é uma prática comum? O valor de alguém está ligado ao sucesso, à produtividade ou à obediência?” Brown: 2013, p.25)

Agora, convido a refletir de que forma nossas projeções estão relacionadas à vergonha e o medo da escassez que sentimos no fundo de nossa alma. Quantas vezes usamos este tipo de mecanismo como a vergonha para fazer nossos filhos caminharem por territórios que julgamos mais seguros? Mas que oprimem e impedem que estes seres tão especiais tragam aquilo que é único e vibrante em sua Essência?

Vergonha, Comparação E Projeção

Outro elemento que se retroalimenta da vergonha é a comparação. Ah, quem de nós não tem mágoas relacionada à comparações na época da infância? Apesar de me policiar neste aspecto, já me peguei comparando minha filha e pensando se está tudo ok com o desenvolvimento dela! Desde muito cedo fomos ensinados a ser validados pelo externo! E a autora provoca:

“A criatividade tem sido sufocada? As pessoas são confinadas a padrões estreitos em vez de serem valorizadas por suas contribuições e talentos específicos?” (Brown: 2013, p.25)

Apesar de um movimento de maior consciência, percebo que temos muita dificuldade em concentrar o olhar para dentro e valorizar o que é único. Infelizmente, ainda temos um desejo de competir, de vencer, de ficar por cima! Isso apenas contribui para que criemos um ambiente de guerra!

Acredito que é preciso pensar na sustentabilidade das relações, criar pessoas saudáveis que saibam o seu valor e o seu lugar no mundo, independente de qualquer comparação! Ou seja, acredito que é preciso colocar uma consciência de valor intrínseco em nossos filhos. Isto é, eles são merecedores pelo simples fato de existirem, são únicos e não precisam provar nada para ninguém! A partir disso, estas crianças estarão aptas à construir o mundo que desejam ao invés de estarem defensivas e reativas com medo da insuficiência e escassez do mundo da forma que NÓS descrevemos para elas!

Gratidão pela leitura! Namastê!

SOBRE A AUTORA

Este texto foi escrito por Gisele Mendonça, cientista social, mestre em sociologia, participante do Zum Zum de Mães e, principalmente, MÃE! Tem um blog chamado Conexão Profunda, visite www.conexaoprofunda.com.br e curta a página no facebook Conexão Profunda  e siga no instagram gm_conexaoprofunda

Temos consciência, então somos todos pais conscientes. Só que não, como diz a garotada.

Ter cérebro não significa automaticamente ter clareza mental.

A capacidade de se expressar e de se relacionar com o filho não é facilmente adquirida naquela loja da esquina ou numa padaria.

-Quero um pão, por favor, bem clarinho e uma consciência renovada, repleta de paz e resiliência.

-Não tenho.

-A consciência?

-Não, o pão.

-Então, quanto é a consciência?

-Quanto você paga?

-Até 200 reais.

-Não vendo para você.

-Por quê?

-Porque não merece. Se você quer preço vá numa padaria.

-Mas não estou numa padaria?

-Não, você está num hospício.

A maternidade é o passo mais próximo da loucura que podemos alcançar. Isso não quer dizer que iremos direto para um hospital psiquiátrico.

Sábio é aquele que convive com a insanidade, sabedor de que assim seus pés tocarão mais a liberdade.

A maré alta traz restos de quem não se salvou, daqueles que naufragaram em alto mar, ausentes de equipamentos de mergulho, daqueles que se aventuraram num caiaque em mar escuro.

Daqueles pais que olharam para a criança e se desesperaram com suas ondas altas e aparentemente traiçoeiras.

O mar responde: – não se enganem não, sou natural, rítmico e consistente, há sentido em cada chuá chuá reluzente.

Não há vingança, birra, pirraça das crianças, não enquanto elas permanecerem crianças, distantes das armadilhas de enganação e castigo dos adultos.

O mundo da criança é sim um mar aberto, de movimento, autonomia e expansão. Quando captarmos um pouco dessa maresia nosso navio começará a ser construído com as nossas próprias mãos.

E nossos mares também são profundos, muitas vezes nunca antes navegados, esta é a grande oportunidade que nossos filhos nos delegam: evolução.

Ouso mudar a letra da música de Paulinho da Viola “Não sou eu quem me navega, quem me navega é o mar” para dizer que pais conscientes são capazes de construir um transatlântico para atravessar o mar interno da própria família.

Aguço meus ouvidos e ouço-os cantando: “Sou eu quem me navego, sou eu quem navego o mar”.

 

SOBRE A AUTORA:

Este texto foi escrito por Lígia Freitas, Mãe do João e Participante do Zum Zum de Mães.

@ligiafreitasescritora

Este episódio com a querida Malu, @universodalizebel, foi simplesmente surpreendente.

Quando a convidamos para entrar em nossa tenda para falarmos sobre o “Brincar”, não imaginávamos que chegaríamos a lugares tão profundos. Rimos muito e também nos emocionamos. Percebemos o quanto o brincar nos coloca em contato com nossas emoções, com nossa experiência infantil, diz de quem somos e da relação que temos com nossos filhos.

De uma maneira muito leve e envolvente, a Malu nos conduz por um caminho que pode ampliar o seu olhar para o Brincar.

Dá o PLAY e seja super bem vinda a nossa Tenda:

Falamos sobre o brincar como relação e linguagem da criança; o ambiente para o brincar livre acontecer; TELAS e seus impacto no desenvolvimento das crianças; nossas experiências infantis com o brincar e como isso impacta na relação com nossos filhos hoje; o papel do adulto no brincar e muito mais…

Entre em nossa Tenda e desfrute desse universo encantador! E lembre-se de contar pra gente depois o que achou desse episódio, vamos adorar te escutar!

Um beijo com muito carinho por receber você em nossa Tenda,
Clarissa & Maira

Eu já escrevi para vocês sobre a escolha de ter ou não mais que um filho (Mais de um filho, ter ou não ter).  Já contei também do meu antigo desejo de ser mãe de três, mas que no momento o marido e eu havíamos decidido “fechar a fábrica” no segundo (A maternidade como oportunidade para o autoconhecimento), afinal, como diz uma querida amiga, já tenho um exemplar de cada (uma menina e um menino).

Eu estava tão decidida conscientemente a este respeito, que assim que Gael nasceu doei todas as minhas roupas de grávida e conforme ele foi crescendo fui doando tudo que já não lhe servia mais, diferente do que fiz com Laís. Quando Gael tinha cerca de sete ou oito meses, meu marido voltou de uma imersão de Coaching que estava participando em um final de semana e me disse que nos exercícios de visualização do futuro que fez ele sempre via nossa família com três filhos. Na hora reagi: “Está louco? Nem brinca com uma coisa dessas.” Mas no fundo, eu fiquei feliz em pensar na possibilidade de me ver grávida de novo, de parir, de ter mais um filho. Sabe quando parece que uma sementinha que estava dentro do saquinho é plantada em um vaso e ela percebe que a partir de então ela pode desabrochar? Nem toda semente que é plantada de fato se torna uma planta, mas há uma possibilidade. Foi mais ou menos isso que senti. Não que eu necessariamente teria mais um filho, mas a possibilidade me trouxe uma grande felicidade para o meu coração.

Eu nunca escondi de ninguém o desejo de ter mais um filho, todavia, queria esperar mais tempo dessa vez, daqui uns três ou quatro anos quem sabe, eu pensava. Ao mesmo tempo, eu sabia que se fosse esperar todo esse tempo ia acabar desistindo. Aquela história de não querer revirar tudo de novo quando as coisas já estão se encaixando. Assim, eu estava conformada com a idéia de continuar só com um exemplar de cada.

Por vezes, quando via alguma grávida, ou bebê recém-nascido, ou alguma família com três filhos ou mais, eu achava lindo! E, novamente, o sentimento de ter mais um filho me invadia. Outras vezes, ao rever fotos das minhas gestações e dos partos, eu pensava: “Será que não vou ter a oportunidade de estar grávida e parir novamente?”.  Todavia, o diálogo interno começava: “Deixa de ser doida e se aquieta com dois, já está bom. Dois é o suficiente, você só tem duas pernas e dois braços para dar colo, um para cada. Se vier mais um, como você vai fazer? Como vai dar conta? Como vai administrar mais um filho?”. E assim eu ia procurando calar o desejo que desde sempre esteve comigo.

Uma semana após Gael completar um ano, voltei a menstruar. Uauuuuu, meu corpo estava pronto novamente. Agora mais do que nunca era preciso cuidado. As relações sexuais eram todas protegidas, e com dois filhos pequenos, eram também pouco frequentes. Mas um belo dia, após quase uma quarentena (ou mais) sem sexo, não achamos a “abençoada camisinha”. Pelas minhas contas o período fértil já tinha passado, sendo assim, deixamos a proteção de lado. Pronto, estava feito!

Menstruação atrasada.

No mês seguinte a menstruação não veio. Senti um frio na barriga, mas minha mente tagarela entrou em ação tentando me tranquilizar:

“Fica tranquila, seu ciclo não é regulado, logo a menstruação chega.”

“Algumas mulheres demoram para voltar a ter o ciclo normal após o parto.”

“Após o parto da Laís a menstruação veio só depois de um ano e três meses, então pode ser que logo ela chegue.”

Pensei em fazer um teste de farmácia, mas eu estava sem coragem. Sonhei que tinha feito um e que o resultado era positivo: “Ah, foi só um sonho!” – minha mente dizia.

E assim eu ia fugindo da realidade.

No segundo mês, de novo ela não veio. E agora?

“Ah, mas não estou sentindo nenhum enjoo.”

“Este sono que as vezes sinto é porque tenho dormido pouco devido a rotina intensa das últimas semanas.”

Eu continuava fugindo.

Até que em um domingo percebi que uma calça jeans já não estava tão folgada como antes. A noite, antes de ir dormir, subi na balança que tenho no banheiro e estava um pouco esquecida no último mês. Quase 2,5kg a mais. Chamei Rafael e disse: “Nossa, preciso voltar a cuidar da minha alimentação, tenho comido em excesso, olha como engordei?”.

Ele olhou para mim e disse: Você esta grávida!

Meu corpo inteiro estremeceu! Como assim grávida? Eu não podia estar grávida! Não agora! Eu estava com vários planos e projetos para este ano, e neles não estava incluído estar grávida. Resisti. Ainda não queria acreditar.

Naquela noite quase não dormi.

O teste de gravidez

Na segunda feira Rafael foi trabalhar logo cedo, e na volta para o almoço me trouxe duas caixinhas de teste de farmácia. Eu estava resistente, não queria fazer, talvez porque eu já soubesse da resposta. Eu queria ver apenas um risquinho no marcador, mas nem sabia qual era a sensação de ver apenas um risquinho, os dois testes que fiz foram positivos de cara, eu já sabia que este também ia ser, só não queria ver.

E realmente foi. Na verdade eu fiz o xixi, coloquei o marcador e pedi para o Rafael ir avaliar. Ele, sem entender direito, disse que estava negativo, pois os risquinhos eram de intensidades diferentes. Mal sabia ele que a intensidade da cor não importa. Bastam dois risquinhos para que o resultado seja positivo.

Chorei, chorei, chorei e chorei mais um pouco.

E agora?

Um turbilhão de coisas vieram à minha mente. Coisas negativas que eu não queria que viessem, mas não consegui evitar. Agradeci a Deus pela oportunidade de mais uma vez gerar a vida, porém os pensamentos negativos não iam embora.

Minha mente tagarela não conseguia silenciar um segundo:

“Como pude ter sido tão irresponsável?”

“E todos os planos que eu tinha pra 2019, como vou fazer?”

“Como Laís e Gael vão lidar com a chegada de um bebê? Ahhh, e Gael é ainda tão novinho…”

“Como Rafael vai lidar com mais um filho? Como vai ficar nossa relação?”

“Já é tão desafiador ser mãe de dois em alguns momentos, imagine de três? Como eu vou dar conta?”

“O que as pessoas irão pensar? (Este foi de fato o pensamento mais medíocre de todos. Percebi o quanto ainda tenho que desconstruir com relação a necessidade de ter minhas atitudes aprovadas pelos outros.)”

Enfim, neste primeiro momento tive muito medo. Chorei e chorei!

E chorei pelo fato de estar chorando, pois sabia que o bebê que estava em meu ventre estava sentindo tudo aquilo e eu não queria que ele sentisse. Sabia que todo o tempo que ele já estava lá dentro e eu o negando tinham impactos na sua formação… ele não merecia esta carga. Por outro lado, eu não conseguia controlar. Precisava colocar para fora de uma vez por todas o turbilhão de sentimentos confusos que estavam em meu ser. Eu chorei.

Rafael me acolheu!

Voltando para o eixo

Em meio ao meu desespero, Rafael usou suas habilidades de Coach e começou a me questionar várias coisas do tipo, o que eu estava sentindo, por que eu acreditava que estava sentindo aquilo, quais meus medos e inseguranças. Eu estava reativa, não queria pensar em nada do que ele estava falando, só queria ficar no papel de vítima coitadinha que não se cuidou e agora teria que lidar com mais um bebê. Eu só pensava nos planos que eu teria que adiar e no medo de não dar conta. Entretanto, Rafael me deu uns bons chacoalhões. Ele me fez refletir que ter três filhos sempre foi um grande desejo do meu coração, e que se eu fosse esperar mais tempo para engravidar talvez eu desistisse. Também me lembrou do quanto eu amo estar grávida, e do quanto eu devo ser grata pelo meu corpo estar saudável e fértil. Ele me fez imaginar o quanto será gostoso ter uma casa cheia de filhos, e me fez enxergar que a chegada deste bebê tem um propósito muito importante, considerando que foi uma única relação sem camisinha. Deus deve ter falado, é agora ou nunca! Enfim, era pra ser! E era pra ser agora, neste momento. Os demais planos podem ser adiados, mas a chegada deste bebê, que já chegou chegando e nos mostrando que não temos o controle de tudo, não.

Eu, que acredito tanto em Deus, que confio e que procuro estar sempre aberta para as manifestações divinas na minha vida, neste momento estava totalmente cética. Mas aos poucos Rafael conseguiu me trazer para o eixo novamente, abraçou-me, acolheu-me e abriu-me os olhos para aquilo que eu acredito e defendo. Quando estamos abertos à ação divina em nossas vidas, devemos repetir o mantra: Entrego, confio, aceito, agradeço!

Apesar de já estar mais calma, naquela noite eu ainda tive um sono agitado. Por vezes ainda não acreditava que estava grávida, e só para ter mais certeza, fiz o outro teste assim que acordei no dia seguinte, que confirmou o que já era certo.

Eu, o Bebê e Deus

Pensei em tudo que Rafael tinha me falado no dia anterior. Olhei para dentro, busquei meus valores, minhas crenças, minhas forças. Repeti para mim mesma mais uma vez o mantra: Entrego, confio, aceito, agradeço!

Senti que precisava ter uma conversa íntima comigo mesma, com Deus, e com o bebê. Precisava “colocar os pingos nos is”, entender melhor meus sentimentos, pedir perdão.

Fui para o Jardim Botânico com meu tapetinho de yoga.  Sentei-me em posição de meditação com as mãos no ventre, olhei para o céu e a natureza ao meu redor, tudo tão lindo, cheio de vida, de abundância, em perfeita sintonia. Em silêncio chorei! Busquei entender cada sentimento, e comecei a conversar com Deus. Pedi perdão pela minha falta de confiança. Entreguei a Ele meu ser, minha gestação, meu bebê. Agradeci pela confiança d’Ele para comigo, pois mais uma vez eu fui escolhida para ser o canal através do qual uma alma vem ao mundo para cumprir sua missão. Mais uma vez eu vou ter a grande oportunidade de experimentar o milagre da vida acontecendo em meu ventre. Mais uma vez eu vou poder entrar em contato com minhas sombras e evoluir. Mais uma vez eu vou ter a graça de experimentar o amor mais puro, de ensinar e aprender… Agradeci pelo meu corpo perfeito, pela minha fertilidade.

Em seguida, iniciei o diálogo com meu bebê. Pedi perdão pelos meus medos e inseguranças, pela falta de aceitação da gravidez, pelos julgamentos e pelo sentimento de culpa. Disse que sentia muito por ter compartilhado todos estes sentimentos negativos com ele, pois ele não merecia. Agradeci por ele ter me escolhido como mãe, apesar de todas as minhas imperfeições. E disse também que desde já eu o amava muito, e que ele será muito bem vindo, amado, e querido em nossa família. Chorei, mas desta vez um choro de alívio misturado com felicidade.

E depois de sentir a alma mais leve, aproveitei e pratiquei um pouco de yoga com a consciência que dentro do meu corpo habita um ser em desenvolvimento que precisa de todo meu amor e cuidado.

Uma nova realidade

No momento em que escrevo este texto já estou com 14 semanas de gestação, e por vezes ainda esqueço que estou grávida. Não sinto enjoos e nenhum outro desconforto, sigo meu dia normalmente, na deliciosa e louca rotina de ser mãe de dois. Em breve a barriga vai começar a crescer e sei que virão outros desafios. Algumas vezes me pego pensando no que pode vir de mais desafiador, mas quando me dou conta já mando estes pensamentos embora e foco na alegria que é ser mãe.

Laís e Gael estão numa fase super gostosa de irmãos, brincam juntos, se abraçam, se beijam, cuidam um do outro. É encantador! Lógico que existem os momentos de rivalidade, e são bem intensos, mas são bem poucos se comparados aos momentos de parceria.  Ver o amor entre os dois tranquiliza meu coração quando penso na chegada do novo integrante da família.

Laís, a princípio, não aceitou a gravidez. Disse que só queria o Gael de irmão, que estava bom a família do jeito que estava e não precisava crescer. Nem preciso dizer que, de alguma forma, ela estava colocando para fora aquilo que era meu, a minha resistência em aceitar. Fui conversando com ela, explicando os meus sentimentos, e agora está tudo ok, exceto a expectativa por parte dela para ser uma menina!

Gael ainda não consegue se expressar de forma clara, mas com certeza já percebeu que tem algo de novo acontecendo. Tenho o percebido mais apegado. Também conversei e tenho conversado com ele, explicando o que está acontecendo e o que irá acontecer.  Ainda sigo amamentando, mas não ofereço mais o tetê. Quando ele pede, dependendo do momento eu dou, ou mudo o foco para outra atividade.  Por enquanto seguimos assim!

Diferente das duas primeiras gestações, desta vez não estou mais na loucura do mundo coorporativo. Tenho minha liberdade e faço meus horários de trabalho conforme minha necessidade. Além disso, conto com uma pessoa em casa para me ajudar com os afazeres domésticos e com as crianças quando preciso, o que me tira um grande fardo das costas.  Isto será um diferencial extremamente positivo nesta gravidez.

Minha relação com Rafael está numa fase muito boa, de evolução e aprendizado. Já passamos por alguns momentos de altos e baixos, e a vinda deste bebê com certeza foi para nos colocar mais para o alto, e assim tem sido.

Conforme já aprendi, cada gestação é única. Sigo desta vez mais leve, sem expectativas. Sinto-me mais preparada tanto física quanto emocionalmente. Estou em um momento maravilhoso da minha vida. Sou só gratidão!

Por um mundo melhor

Apesar do susto inicial, estamos muito felizes por aqui.

Eu acredito que a maternidade tem o grande poder de transformar o mundo. Por isso, para mim, cada filho é uma oportunidade que tenho de deixar para o mundo alguém que pode fazer a diferença de um modo positivo e amoroso. Todavia, para que isso aconteça, eu sou a responsável por ser para este filho a melhor mãe que posso ser. Dar a ele todo meu amor e educa-lo através do amor. É fácil? Lógico que não! Ainda mais com três filhos para amar e cuidar… A jornada é longa e desafiadora, mas estou disposta a encarar este desafio com unhas e dentes. Ser o que eu nasci para ser e educar meus filhos com este propósito.

Ao contrário do que muitos pregam por ai, que querem deixar um mundo melhor para os filhos, eu acredito que só é possível existir um mundo melhor quando deixarmos para o mundo filhos melhores! E já que eu tenho pressa, fiz logo três filhos para colaborar mais! Rs. Brincadeiras a parte, também acredito que ser mãe de três será para mim uma grande experiência, inclusive do ponto de vista profissional, visto que poderei viver na prática o que as mamães de três que atendo também vivem. Deste modo, fica mais fácil colaborar com algumas questões específicas.

Assim, sigo minha jornada na busca incessante por ser a melhor mãe e a melhor Coach de gestantes e mães que posso ser, de forma equilibrada e consciente, repetindo o mantra: Entrego, confio, aceito, agradeço.

Texto escrito por Amanda Balielo, Mãe da Laís e do Gael, Coach de Mães e participante da turma 4 do Zum Zum de Mães.

@amandabalielocoach 

Http://facebook.com/amandabalielocoach

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