Outro dia uma amiga me mandou uma mensagem descrevendo a seguinte situação: o filho dela, 6 anos, estava na sala da coordenadora da escola (que fica na zona sul de BH) jogando no celular da mesma. Quando a coordenadora disse: ” Vou pedir um celular mais caro que esse para sua mãe se você quebrar meu celular…”A criança ao ouvir isso foi até a sua mochila pegou R$50,00 e entregou a coordenadora dizendo: “Eu tenho dinheiro para comprar”. Ela se assustou ao ver uma criança de 6 anos com R$50,00 na mão e telefonou para a mãe dele perguntando se ela havia dado este dinheiro ao filho. A mãe respondeu que não. E assim a coordenadora levou a criança até a sala da diretora e as duas disseram ao menino de 6 anos que ele estava ROUBANDO… Quando a babá chegou para buscá-lo na escola ele estava triste e começou a chorar ao vê-la.
Eu fiquei tão impressionada com a situação que resolvi levantar algumas questões para refletirmos:
1) Para começo de conversa o que a criança estava fazendo na sala da coordenadora no horário da aula? A criança não deveria estar brincando ou estudando?
2) JOGANDO no celular da coordenadora? Que motivo uma coordenadora teria para emprestar seu celular a uma criança? Não tem nada melhor para ELE fazer na escola? (Isso sem falar da questão do celular e impactos deste tipo de estímulo no desenvolvimento infantil).
3) O que será que está acontecendo com essa criança? Porque ela pegou este dinheiro? Não sei os detalhes do que foi dito a criança e de como a situação foi conduzida, mas ao meu ver isso é uma questão a ser tratada com os pais da criança a principio. É importante entender o que levou a criança a pegar R$50,00 e levar em consideração que ROUBO para um adulto é muito diferente do que para uma criança. Ela podia simplesmente ter pegado inocentemente o dinheiro, ainda não sabe muito bem os significados, consequências e implicações de seus atos…. antes de condená-la ou julgá-la duramente é preciso entender o está por trás deste comportamento. E na realidade o que está por trás da estrutura familiar da criança.
Outro dia meu filho trouxe um passarinho de pano da escola para nossa casa. Eu perguntei a ele se a professora havia autorizado e ele disse que não, que ela não sabia que ele levou o brinquedo para casa. Eu disse que aquele brinquedo Morava na escola que o lugar dele é lá e que no dia seguinte ele iria levá-lo de volta. Ele concordou e me pediu para entrega-lo a professora junto com ele. Fomos juntos na manhã seguinte e quando João estendeu as mãos com o brinquedo a professora simplesmente disse: “Este passarinho foi passear na sua casa? Deve ter gostado muito… e que bom que você o trouxe de volta para a casinha dele!” E juntas, eu e a professora, depois, na ausência do João, interpretamos a situação como algo natural, neste caso um simples dar-se conta dos espaços que transita e de como “concretamente” a criança está lidando com a separação dos lugares e pessoas amadas (“eu amo tanto minha escola que quero levar um pedacinho dela para minha casa”)!
Depois disso João nunca mais trouxe nada da escola para nossa casa! 🙂 E você já passou por esta situação com seu filho? Como conduziu?
Eu prefiro sempre observar, escutar e acolher antes de julgar e condenar!!!
Hoje levei meu filho na natação e me surpreendi com uma fala da professora: “bate as pernas João! Se não bater as pernas o tubarão vai comer seus pés”. O João que é bastante questionador disse que não havia tubarão na piscina, mas com a insistência da professora na mentira ele acabou ficando na dúvida e com medo do Tubarão?!?!?!… Essa e outras falas dos adultos, “sobre coisas que podem gerar medo nas crianças”, é algo comum de se escutar: “Não vá lá que o Bicho Papão vai te pegar… Não corre que o homem do saco vai te pegar… Não levanta da cama que tem um monstro debaixo dela…”
Além da mentira que já é um ponto bem delicado quando educamos crianças, vejo uma segunda questão ai: estamos educando a criança a escolher / tomar suas decisões pelo MEDO e não pela CONSCIÊNCIA. Já parou para pensar nisso? Muitas vezes nós adultos também escolhemos pelo MEDO: “vou a academia porque não quero ficar gorda ou tenho medo de ficar doente, e não porque quero ter mais saúde e disposição!” “Me caso com este homem agressivo porque tenho medo de ‘ficar para titia’ e não porque quero evoluir e aprender com ele nesta união.”
Nós adultos somos modelos que a criança confía, ama e IMITA. Se pedimos para a criança não mentir, o mínimo que devemos fazer é estarmos atentos a nossa comunicação e falarmos a VERDADE, especialmente quando elas estão por perto. Se queremos que nossos filhos sejam pessoas auto confiantes e corajosas nada mais justo que apoia-las a atuar desde o reconhecimento da importância da ação em si, da consciência do todo.
“Bate a perna João, bate forte para fazer espuma na água, liga seu motorzinho para chegarmos ao outro lado da piscina!”. Eu comunico com a criança desde a verdade, sem gerar medo na mesma, falando uma linguagem mais próxima do mundo dela e de maneira que ela se sinta motivada a cumprir seu objetivo.
Fui convidada para dar um ciclo de palestras na Copasa sobre: Relações Conscientes! Foram 4 encontros intensos e transformadores. Começamos buscando melhores relações e terminamos nossos encontros em silêncio, olhando nos olhos uns dos outros. Percebemos que para nos relacionarmos melhor com o outro, precisamos nos relacionar melhor conosco mesmo. Entender melhor “Algo” que nos acompanha há muito tempo e nos “diz” o que sentir, fazer e falar: a nossa Mente.
Dentre vários ensinamentos nos deparamos com um que talvez resuma o trabalho destes dias:
“Se nos identificamos com a mente, criamos uma tela opaca de conceitos, rótulos, imagens, palavras, julgamentos e definições que bloqueia todas as relações verdadeiras.”
Eckhart Tolle (autor do livro: “O Poder do Agora”)
Constatamos juntos, por meio de pequenos exercícios respiratórios, o quanto é libertador manter a mente em paz, ou seja, focada no momento presente. É este silêncio mental que nos permite ser realmente quem somos, livre de crenças, padrões e papéis (aprendidos) que nos distanciam de nossa espontaneidade original. Deste espaço de silêncio nasce o verdadeiro poder da palavra.
A criança por volta de 2 anos começa a falar e isso só é possível quando existe diálogo e verdade ao redor da mesma. Ela sabe do poder de suas palavras e só fala quando confia e está a vontade para compartilhar algo de seu mundo interno com os demais. Confia e sente verdade naquelas pessoas, naquele ambiente… Enfim, o que dizer da verdade, é algo que estamos tão longe e tão perto ao mesmo tempo, mas é algo que só existe quando sou espontâneo, como uma criança, quando faço algo simplesmente considerando o aqui e agora… quando há silêncio! Olha ele ai de novo O Silêncio…
E não há outra alternativa, não que eu conheça, para nos relacionarmos de maneira consciente o foco é no Presente, a Mente é puro Silêncio, o Coração é puro Sentir e ai sim há espaço para falar com poder, sentir com amor, expressar com beleza, dançar, cantar, e SER quem você É e se relacionar com quem você quer!
“As crianças que não tem limite nos deixam exasperados e somos obrigados a nos deter e a nos observar. Descobriremos que somos nós, os adultos que estamos limitados em nossa capacidade de introspecção e comunicação com nós mesmos e com os demais.”
Laura Gutman
Há alguns anos atrás vivi uma situação que me deixou em choque: meu marido voltou de viagem e me disse que queria se separar. Naquela época eu fazia uma terapia em grupo e contei a história para meus colegas. Muitos ficaram surpresos, outros indignados, agora o que realmente mudou minha vida foi uma frase simples que veio da sabia facilitadora do grupo: “Clarissa, tente observar onde seu aspecto masculino rompeu com o feminino internamente e pare de buscar as respostas no seu marido!”
A princípio a pergunta ficou girando em minha mente, reverberando em todo meu corpo. Até que me deparei com uma Lei Universal que me apoiou a compreender o que estava acontecendo comigo. É a Lei da Correspondência que diz o seguinte: “O que se manifesta no exterior é um reflexo do interior”. Ou seja, a situação de separação que eu atrai para minha vida era uma projeção do meu estado interno de separação e desequilíbrio. Eu estava totalmente focada no meu filho, descuidei da minha relação de casal, descuidei da minha relação comigo mesma, andava desleixada, mal humorada e infeliz, fazia muitas coisas com raiva e reclamando… O mais fácil e esperado nesta situação seria culpar meu marido, o mundo e a todos que não compreendiam o meu sofrimento… Pobrezinha de mim! Era isso que minha “mente manhosa” me dizia.
E o tempo foi passando e compreendi de maneira profunda que eu não posso mudar o outro! Nesse momento parei de me ver como vítima e me deparei com uma grande oportunidade de assumir a responsabilidade da minha vida! Comecei um processo incansável de crescimento e tomada de consciência. Redesenhei hábitos e valores profundos que me limitavam e não apoiavam meu crescimento.
As grandes descobertas desta experiência deram origem a um novo estilo de vida mais feliz, fluido e responsável. E você vai continuar deixando que o OUTRO comande sua vida? Acredita que sua felicidade depende de algo ou alguém? Basta uma DECISÃO!
Não existe ser mais culpado, que o Ser Mãe, não é verdade? A maioria das mães em alguns, ou vários, momentos do seu dia a dia se sente culpada por não ser a Mãe que sonhou para seu filho. Porque será? Após vivenciar milhares de transformações internas e externas que acontecem ao longo da gestação e primeiros meses de vida do bebê, a Mãe, ainda em fase de adaptação, se vê cercada de “palpiteiros” de plantões e informações sem sentido, geralmente não sabe o que fazer e começa a duvidar de si mesma.
Nesse excesso de saberes, característico da pós modernidade, acabamos seguindo exigências externas e nos afastando da grande oportunidade que é Ser Mãe. Seguimos o impulso de nos tornarmos Super Mulheres, porque é isso que esperam de nós. Nos sentimos pressionadas a voltar a trabalhar o quanto antes, recuperar a forma, o apetite sexual e a disposição num passe de mágica… Ignoramos nossos sentimentos, nossa intuição, nossas fragilidades, enfim nossa relação com a mulher – mãe que está nascendo. Jogamos para debaixo do tapete a solidão após o nascimento do bebê, “engolimos” dia após dia a raiva que sentimos da “tal liberdade” vivenciada pelos homens, fingimos estar em paz com o corpo após tanta transformação, e sempre levamos um leve sorriso no rosto pois é assim que esperam que nos comportemos, certo?
Errado, pois é ai que perdemos a grande chance de nos conhecermos de uma maneira tão bonita e profunda. A criança dá a mãe a oportunidade de se ver refletida diante do espelho mais fiel que encontrará em toda a sua vida. Ali, refletida naquele pequeno corpo está a sua grande chance de Liberdade.
Como num gesto de amor, a criança que cresceu naquele ventre, que esteve tão intimamente ligada a mãe, que escutou seu coração durante 9 meses e que foi uma com esta mãe, lhe entrega um grande presente: Sua Sombra, as questões mais profundas e escuras que ao longo da vida escondemos dos padrões sociais e de nós mesmos. É o resgate de um baú de emoções e crenças que estavam escondidas (inconscientes): angústias, tristezas, medos, dúvidas e raivas, tudo vem a tona nos primeiros anos de vida do bebê.
O grande dilema agora é: Me aproprio disso? Sou capaz de mergulhar neste espaço que se abre diante de mim e empreender essa complexa jornada de auto conhecimento? Ou sigo novamente me esquivando de mim mesma, adaptando ao olhar do outro e olhando para fora?
A criança nasce e se entrega ao mundo, não questiona o que é. Aceita sua condição de Ser e se lança a essa aventura que é a vida humana.
Homem e mulher, conscientes ou não, chamam por ela e num gesto de amor e confiança ela diz SIM. Se abre para o mundo, para a vida, para a família, para a cultura e para tudo que vai permear sua vida a partir da primeira inspiração.
A partir deste momento, ou um pouco antes, nasce também o pai e a mãe. Dois seres que representarão papéis essenciais na vida desse novo ser. Eles serão “canais” físicos, emocionais, mentais e sociais que receberão e guiarão a criança, especialmente em seus primeiros anos de vida.
Os momentos de adaptação a esta nova realidade podem ser desafiantes para este novo pai e esta nova mãe. Mas nada como o tempo para fazer com que tudo vá se equilibrando e harmonizando novamente, ou não né?!
E se sua resposta for “Ou não” é o momento de refletir e perguntar para você mesmo: Como assumi este novo papel (de pai ou mãe)? Qual o tempo e espaço que ele ocupa em minha vida? O que posso fazer para apropriar da minha escolha com aceitação e amor?
Como você se sente quando seu filho começa a fazer pirraça?
Uma birra “daquelas” no meio da rua, do shopping, do supermercado, na hora de ir para a Escola…
Fica com vergonha?
Se sente frustrada, impotente?
Sente raiva, tristeza, irritação?
Muitas vezes me senti assim e confesso que as vezes ainda me sinto.
Sei bem o quanto estes conflitos emocionais que nossos filhos vivenciam “tem o poder” de acessar uma série de emoções dentro de nós.
E quando nos damos conta já atuamos de maneira agressiva com as crianças e perdemos totalmente o controle da situação. Depois disso só nos resta a culpa e o arrependimento por tratarmos nossos filhos de uma maneira que nem de longe é a que gostaríamos.
Transformar nossa maneira de atuar frente a uma pirraça não é uma tarefa nada fácil. Mas é possível, especialmente quando existe dentro de nós uma vontade real de fazermos diferente da maneira que aprendemos, um desejo de redesenhar a nossa maneira de ser e de educar nossos filhos.
Quando meu primeiro filho nasceu senti este chamado intenso, uma vontade de fazer diferente, de buscar novas possibilidades para questões antigas. Minha vontade era trilhar junto com meu pequeno um caminho mais autêntico, no qual o respeito e o amor pudessem ser a base que forma este chão firme para caminharmos.
E juntos ainda estamos trilhando este caminho, agora com mais um companheirinho (meu segundo filho) e a cada dia encontro mais possibilidades reias para lidar com as pirraças e com outros conflitos que vivenciamos.
Tenho que confessar que há alguns anos atrás eu sequer sabia que a pirraça era um conflito emocional. Pensava que o João queria me testar, que estava fazendo manhã, que estava cansado e precisava somente de descansar, que era egoísta e não sabia dividir e uma série de outros julgamentos que passam pela cabeça da maioria das mães, não é verdade?
Com o tempo fui descobrindo que o “buraco é mais em baixo”, que aquilo que ele estava vivendo era sim um conflito emocional e que faz parte de um processo muito importante do desenvolvimento infantil. E nós pais por não compreendermos isso, acreditamos que é pessoal, que nossos filhos estão fazendo para nos deixar com raiva e acabamos reagindo aquela situação. Gritamos, castigamos, recompensamos, chantageamos, agredimos, etc, fazemos qualquer coisa para que a criança volte ao seu “estado normal” o mais rápido o possível, sem se quer observar o que realmente está acontecendo com ela.
Por trás destes conflitos e comportamentos desafiadores de nossos filhos sempre há uma necessidade da criança que não está sendo atendida e a forma que ela tem de demonstrar isso muitas vezes é gritando, esperneando, chorando, batendo, etc.
No momento que decido parar, observar e compreender o que está acontecendo de fato com meu filho, posso escolher formas mais assertivas e respeitosas para lidar com estes momentos tão intensos.
Vou compartilhar com vocês os cinco passos para superar as pirraças que me apoiam a fazer escolhas mais conscientes na hora que observo que meu filho está fazendo uma pirraça (inspirados no trabalho da Rosa Jové):
Em linhas gerais isso significa que a criança por volta de 2 e 3 anos vive um processo de individuação, no qual ela começa a se perceber com um ser independente da sua mãe. E a maneira mais simples que ela encontra de nos dizer o que está acontecendo é negando as nossas escolhas. Ou seja, ela vai dizer NÃO para muitas das coisas que propusermos a ela.
Aquela criança que antes era extremamente dependente dos seus cuidadores, que cooperava e fazia o que era solicitado começa a mostrar que está crescendo, que deseja fazer escolhas diferentes, que quer experimentar o mundo por “si mesma”.
É importante entender que ela NÃO está te testando, te desafiando. Ela simplesmente está crescendo e experimentando como é ser autônoma e livre.
Permitir que a criança faça suas próprias escolhas é extremamente importante para sua auto estima e auto confiança.
No meu e-book Limite na Medida Certa explico com mais detalhes este processo de diferenciação.
Uma criança emocionalmente satisfeita, que tem suas necessidades básicas de amor, atenção, conexão e cuidados atendidas, não quer tantas coisas.
Uma criança emocionalmente satisfeita, que tem suas necessidades básicas de amor, atenção, conexão e cuidados atendidas, não quer tantas coisas.
Querer coisas é um substituto de uma necessidade básica. Um ambiente caloroso (contato com o adulto que cuida, que está atento) previne a maior parte das dificuldades das crianças pequenas.
No momento que seu filho te pedir algo PARE e PENSE, antes de responder imediatamente. Pergunte-se se é perigoso ou nocivo o que a criança está fazendo / solicitando? O mais importante é zelar pela vida humana. Agora de acordo com minha experiência poucas coisas que as crianças fazem são realmente perigosas a ponto de colocar a vida delas em risco.
Quantas vezes gastamos nosso “pouco” tempo junto dos pequenos e o restinho de energia que nos sobra para ficar com eles, brigando para que eles usem as roupas que desejamos, ou para que comam a última colher do prato, ou para que entrem no banho naquele exato segundo? Muitas vezes uma roupa pode atentar contra o “bom gosto”, mas dificilmente atentará contra a vida da criança.
Nosso papel de pai e mãe é cuidar do ambiente no qual a criança vai se desenvolver, criar um espaço seguro e adequado para que nossos filhos possam se movimentar livremente. Quando eu cumpro meu papel com excelência, posso deixar que meu filho “faça o que quer”!
Por exemplo quando a criança pega uma faca e começa a fazer uma pirraça porque eu “tirei”o objeto de sua mão, é importante que eu reconheça que a responsabilidade muitas vezes é minha por deixar a faca ao alcance dela, ou não? O mesmo acontece com uma guloseima ou algo que não quero que ela coma.
Se assumo a responsabilidade de cuidar deste entorno, deste espaço que cerca e da limite para as crianças posso deixar que ela experimente “aquele mundo” com liberdade. Somos nós pais e mães que definimos as fronteiras, os limites, as regras, que vão guiar os caminhos de nossos filhos. Ali naquele espaço “previamente” preparado com amor, responsabilidade e levando em consideração as necessidades básicas da crianças eu posso permitir que ela se movimente com liberdade e faça o que quer.
O fato da criança se movimentar de maneira autônoma, livre e experimentar os resultados das suas ações sem a rejeição paterna, ou a intervenção constante dos mesmos, apoia o desenvolvimento de um ser confiante, forte e motivado a desvendar os mistérios da vida.
Observe quais são os momentos que seu filho faz mais pirraça. Essa é a chave para que você descubra o que é uma tentação para seu filho e como evita-la em seu dia a dia.
Geralmente crianças fazem pirraça em supermercados querendo doces e guloseimas ou quando estão “passeando” em shoppings ou na hora que interrompemos seu brincar para fazer alguma atividade rotineira como tomar banho, comer, dormir, não é verdade?
Agora te convido a refletir sobre os momentos que os conflitos acontecem com seu filho! Será que você tem alguma idéia de como transformar estes momentos desafiadores e conflitivos em espaços de mais tranquilidade e cooperação? Como poderia evitar boa parte das birras e pirraças?
Minha sugestão é que a partir da sua observação atenta destes momentos, você faça pequenas mudanças de hábitos e atitudes que terão grande impacto na vida familiar.
Por exemplo estabeleça uma rotina que atenda as necessidades de sono, alimentação e movimento do seu filho e respeite os horários com constância, mas sem rigidez. Se pergunte se é necessário levar a criança para o supermercado, shoppings, festas e outros ambientes com excesso de estímulos que são pouco indicados para crianças pequenas.
Estas e outras pequenas mudanças podem evitar grande parte das pirraças. Observe seu filhote e a rotina familiar e comece a fazer pequenas mudanças, sempre atenta ao que é uma “tentação” para seu pequeno!
Quantas vezes julgamos nosso filhos por suas atitudes? Que menina feia… Mas assim você está muito bobo… Que egoísta não quer emprestar seus brinquedos pro amigo… Assim você está chato… Menina bonita come tudo… Que menino mais mal educado, não quer beijar a vovó…
Já se perguntou qual o impacto de frases como essa na vida do seu filho? Tudo que a criança quer na vida é ser amada, especialmente por seus pais. Ela ama e confia plenamente em você!
Será que consegue imaginar o peso de uma frase como as que mencionei acima na vida deste pequeno ser que está construindo sua personalidade, que ainda não sabe muito bem quem é, como o mundo funciona, como as pessoas se relacionam?
Frases como estas podem marcar profundamente as crianças. Coloque-se no lugar do seu filho e tente observar o que você sentiria caso a pessoa que você mais ama falasse esse tipo de coisa para você!
Isso não significa que você não deve expressar o que pensa, ou que deve concordar com tudo que a criança faz. Você pode não estar de acordo com o que seu filho está fazendo, mas isso não significa que ele é melhor ou pior por se comportar assim. E como adulto você pode buscar maneiras mais assertivas de se fazer entender sem julgar seu filhote.
“-Meu amor a vovó chegou, vamos dar um beijinho nela?
– Não!
-Sabia que quando as pessoas vem em nossa casa elas se sentem muito feliz quando a gente recebe elas com um beijinho?
-Sabia!
-Então, vamos dar um beijinho na Vovó, ela está esperando!
-Não quero!
– Mamãe está percebendo que você não quer dar um beijinho nela (valido aqui o sentimento dele) e como podemos fazer então para que ela se sinta bem em nossa casa?
– Eu quero mostrar meus brinquedos para ela / ou Eu quero dar um beijo na mão dela / ou Quero dar um aperto de mão nela… (caso a criança não sugira nada você pode dar alternativas para ela!)”
É verdade!!! Chegará um dia que a criança terá uma linguagem mais clara e adequada para explicar o que deseja! E cabe a nós pais termos paciência e amor para acolhermos todo sentimento que vem das crianças durante as birras e pirraças, essa é a grande chave!!!
Outro dia ouvi uma história emocionante… Um pai que agradecia ao seu filho de 4 anos que desencarnou, agradecia por tudo que passaram juntos e pelos aprendizados que obteve com a criança! Pode parecer estranho imaginar e é exatamente o que ele dizia: “vocês devem estar me achando maluco por agradecer ao meu filho que morreu aos 4 anos de cancer…”
“Dizia ele: certa manhã após passar uma noite quase sem dormir, pois precisava virar meu filho que já não movimentava mais seu corpo, “no limite da minha humanidade”, disse a ele que estava muito cansado e triste pois não tinha dormido bem a noite e por isso não iria tomar café da manhã com ele. Ele olhou nos meus olhos e disse: ‘Que pena que você está triste papai, eu estou tão feliz, olha como o dia está bonito lá fora!’.”
E é isso mesmo, simples assim, essa capacidade que as crianças tem de viver o momento presente, conscientes que O Presente é a única coisa que existe. E nós também já fomos crianças um dia e em que momento a ilusão do passado e futuro nos dominou??? Imagine se você tivesse a capacidade de controlar sua mente e mante-la ancorada ao presente, ela não ficaria viajando ao passado, te fazendo sentir culpado, ou ao futuro te deixando ansioso. Pense sobre isso e veja como a origem do sofrimento humano pode estar justamente ai…
Com uma mente conectada ao presente te pergunto: “Qual é o seu problema?”.
Sabe porque aquela criança não estava sofrendo, porque em sua mente não há problema, não passa um só pensamento negativo, nem dúvidas e comparações, ela vive o aqui e agora. Não compara o agora com um passado no qual andava e se movimentava livremente, ela aceita sua condição atual sem drama nem apego… e muito menos fica ansiosa pensando que está quase morrendo…. ela simplesmente vive, cada dia, cada segundo, cada momento, como se fosse a única coisa que existisse. E na realidade o que mais existe além do aqui e agora?
Muitas vezes meus clientes me perguntam como dar limite aos seus filhos. O que faço é devolver a perguntar para eles: Onde estão estes limites? Para dar limite a uma criança é preciso primeiro ter clareza do lugar onde se encontram os limites.
O limite começa no útero da mãe, aquele espaço escurinho, seguro, acolhedor, quentinho e aconchegante. Quando a criança nasce ela já começa a vivenciar o limite no colo da mãe, no ritmo de sono e vigília, no ritmo da alimentação, no amamentar, na rotina, nas roupas, no toque, no berço, no braço que o segura na hora do banho, etc. O limite nos primeiros anos de vida é vivenciado principalmente no plano físico. Nas mãos do adulto que segura com carinho a mão da criança, impedindo-a de bater no irmãozinho por exemplo e mostrando através do seu cuidado como se trata aos demais.
Já por volta dos 3 anos, quando o pensamento começa a acordar, as possibilidades de dar limite se expandem, além do limite físico agora o universo das palavras e a abertura da criança para o social vão apoiar pais e mães nesta jornada. A criança começa a entender (de uma maneira bem simples ainda) que ela e o outro são diferentes e esse espaço precisa ser experimentado pela mesma. Ai os pais tem um papel fundamental de apoiar esse encontro da criança com o mundo externo de maneira segura e entregue, permitir que a confiança primordial da criança perdure em sua vida.
O limite que falamos aqui anda lado a lado com a busca de três virtudes: amor, a paciência e a disponibilidade. Essas 3 palavrinhas apoiam pais e mães a desempenharem a verdadeira arte de dar limite a seus filhos. Amor por você mesmo e pela busca incessante de se tornar um exemplo digno de ser imitado por seu filho. Paciência para respeitar a si mesmo e o ritmo do desabrochar infantil. E disponibilidade para muitas vezes abrir mão de seus desejos em prol daquele pequeno ser que olha para você com tanta confiança e amor que a única coisa que ele faz é te imitar!
Saber ouvir é a chave para compreender o que seu filho deseja. Antes de julgar ou responder automaticamente ESCUTE e OBSERVE… ai a resposta virá!
Observe primeiramente a si mesmo, aos exemplos que inspiram diariamente aquela criança, observe os estímulos que cercam seu lar e sua família, observe a escola que ele frequenta e a pessoa que o “educa”, o que fala a TV e as pessoas ao seu redor…
Depois de se observar e observar o ambiente que envolve a criança ai SIM você começa a escutar o que a criança quer. E verá como é simples o que ela pede: amor e carinho, atenção e orientação, olhar e escuta, PRESENÇA e disponibilidade…
Agora fique atento pois nem sempre a criança diz de maneira objetiva, seu pedido pode vir disfarçado. E essa fantasia que envolve os desejos de uma criança falam muito dos estímulos que a cercam, apenas observe e desvende cada pedido… “Quero uma bala, um ipad, um brinquedo…” pode ir muito além disso, quem sabe ela está dizendo: “Quero sua presença mamãe e seu carinho papai…” Apenas ESCUTE e OBSERVE 🙂
Todo dia é o dia da criança. Os pequenos são Grandes Sábios a respeito do que é viver o momento presente. Eles sabem que aqui e agora é o único momento que existe, e por isso vivem tão intensamente cada instante!
Quando nasce uma criança, as pessoas que estão ao seu redor, durante o seu crescimento (pais, avós, tios, professores, cuidadores etc) recebem uma nova oportunidade de se inspirar e reaprender a viver o PRESENTE.
Ao observarmos os pequenos em sua simplicidade, alegria e espontaneidade podemos resgatar a nossa criança interior e vivenciarmos agora, mais maduros e responsáveis, a vida como ela é. Aceitando e aprendendo com cada desafio que a vida coloca em nosso caminho!
Nos dias em que estiver com as crianças, esteja ai de verdade, inteiro e aproveite para escutar mais, observar mais, respeitar mais e aprender mais com elas ….Agora atenção pois você pode se pegar vivendo uma vida mais autêntica, leve e feliz. E corre o risco de você se libertar de grandes ilusões criadas por sua mente que vive apegada ao passado, ao futuro, e ao que os outros pensam de você…