Criança roubando???

115958_Papel-de-Parede-Maos-de-crianca_1280x1024Outro dia uma amiga me mandou uma mensagem descrevendo a seguinte situação: o filho dela, 6 anos,  estava na sala da coordenadora da escola (que fica na zona sul de BH) jogando no celular da mesma. Quando a coordenadora disse: ” Vou pedir um celular mais caro que esse para sua mãe se você quebrar meu celular…”A criança ao ouvir isso foi até a sua mochila pegou R$50,00 e entregou a coordenadora dizendo: “Eu tenho dinheiro para comprar”. Ela se assustou ao ver uma criança de 6 anos com R$50,00 na mão e telefonou para a mãe dele perguntando se ela havia dado este dinheiro ao filho. A mãe respondeu que não. E assim a coordenadora levou a criança até a sala da diretora e as duas disseram ao menino de 6 anos que ele estava ROUBANDO… Quando a babá chegou para buscá-lo na escola ele estava triste e começou a chorar ao vê-la.

Eu fiquei tão impressionada com a situação que resolvi levantar algumas questões para refletirmos:

1) Para começo de conversa o que a criança estava fazendo na sala da coordenadora no horário da aula? A criança não deveria estar brincando ou estudando?

2) JOGANDO no celular da coordenadora?  Que motivo uma coordenadora teria para emprestar seu celular a uma criança? Não tem nada melhor para ELE fazer na escola? (Isso sem falar da questão do celular e impactos deste tipo de estímulo no desenvolvimento infantil).

3) O que será que está acontecendo com essa criança? Porque ela pegou este dinheiro?  Não sei os detalhes do que foi dito a criança e de como a situação foi conduzida, mas ao meu ver isso é uma questão a ser tratada com os pais da criança a principio. É importante entender o que levou a criança a pegar R$50,00 e levar em consideração que ROUBO para um adulto é muito diferente do que para uma criança. Ela podia simplesmente ter pegado inocentemente o dinheiro, ainda não sabe muito bem os significados, consequências e implicações de seus atos…. antes de condená-la ou julgá-la duramente é preciso entender o está por trás deste comportamento. E na realidade o que está por trás da estrutura familiar da criança.

Outro dia meu filho trouxe um passarinho de pano da escola para nossa casa. Eu perguntei a ele se a professora havia autorizado e ele disse que não, que ela não sabia que ele levou o brinquedo para casa. Eu disse que aquele brinquedo Morava na escola que o lugar dele é lá e que no dia seguinte ele iria levá-lo de volta. Ele concordou e me pediu para entrega-lo a professora junto com ele. Fomos juntos na manhã seguinte e quando João estendeu as mãos com o brinquedo a professora simplesmente disse: “Este passarinho foi passear na sua casa? Deve ter gostado muito… e que bom que você o trouxe de volta para a casinha dele!” E juntas, eu e a professora, depois, na ausência do João, interpretamos a situação como algo natural, neste caso um simples dar-se conta dos espaços que transita e de como “concretamente” a criança está lidando com a separação dos lugares e pessoas amadas (“eu amo tanto minha escola que quero levar um pedacinho dela para minha casa”)!

Depois disso João nunca mais trouxe nada da escola para nossa casa! 🙂 E você já passou por esta situação com seu filho? Como conduziu?

Eu prefiro sempre observar, escutar e acolher antes de julgar e condenar!!!