Inicialmente, deixo claro que este texto não é um manual cheio de receitas para a quarentena! Na verdade, é um convite para um desabafo e uma reflexão inspiradora! Afinal, parece que este vírus nos pegou em nosso ponto fraco: nossa dificuldade em equilibrar os pratos da vida moderna. Ou seja, ser mãe sem perder a habilidade de ser sexy, cuidar da casa, sem se tornar escrava do lar, tipo gata borralheira; ser profissional, sem nos tornarmos a típica executiva sem vida pessoal.
Desta forma, esta necessidade de reclusão na quarentena está esfregando na nossa cara todas as nossas dificuldades de conciliar papéis. Além dos papéis, também todos os nossos medos de nos relacionarmos e todas as nossas vulnerabilidades, escondidas a duras penas embaixo do tapete!
Mas calma, este texto também não é um convite para a reclamação, a lamentação queixosa que de nada serve e apenas nos desgasta! Então, vamos por partes!
Apesar de toda nossa capa de fortes, duronas e guerreiras, como bem gostam de exaltar as propagandas de dia das mulheres e dia das mães, somos humanas! Isto significa que temos nossos defeitos, nossos medos e falhas e precisamos aprender a olhar para estes aspectos como tesouros a serem lapidados!
Então, relaxe e saiba que aprender a se vulnerabilizar é um recurso de maturidade emocional. E, quando fazemos isso com amor e humildade, geralmente, conseguimos poderosos aliados como consequência! Assim, esqueça as recomendações de que você precisa ser durona! Saiba que se você se permitir sentir, tudo vai ficar mais leve e você conseguirá lidar com suas emoções com maior sabedoria!
Para isso, recomendo muito o lindo trabalho feito no Zum Zum de mães com a Clarissa e algumas leituras e vídeos como os da Brené Brown. Assim, nutrindo-se de acalento para o coração, fortalecendo-se na vulnerabilização, começamos a criar uma estrutura de sustentação para os outros “pratos da vida moderna”.
“É preciso coragem para ser imperfeito. Aceitar e abraçar as nossas fraquezas e amá-las. E deixar de lado a imagem da pessoa que devia ser, para aceitar a pessoa que realmente sou”. Brené Brown
Muitas vezes, nós utilizamos a capa de mulheres guerreiras para forjar uma coragem para enfrentar os desafios de ser mulher, de ser esposa, mãe e profissional. E, quero deixar claro que reverencio esta guerreira dentro de mim, que me impulsionou a enfrentar meus medos, preconceitos e me fez evoluir em muitos aspectos.
Todavia, percebi ao longo da minha jornada que, em alguns momentos, minha guerreira engessava minha capacidade de sentir e demonstrar amor. Por vezes, a necessidade de ser “durona” me fazia ficar, inclusive, contra mim mesma. E, isso me obrigava a situações que eu não queria em nome de um “orgulho de guerreira”. Entretanto, apenas quando me permiti olhar para o meu medo e perceber que ele me contava coisas importantes sobre mim mesma é que pude utilizá-lo a meu favor!
Vale aqui citar o texto MARAVILHOSO: A despedida da guerreira, disponível em: https://www.facebook.com/clasacerdotisasdaterra/photos/a.317218491699625/1635129166575211/?type=1&theater
“Cansei de ser guerreira.
Guerreiros travam batalhas.
Estão sempre com arma em punho.
Houve um tempo em que tive que colocar minha armadura para lutar por mim, para delimitar espaços, para me manter em pé diante das tempestades emocionais que vivia.
Caminhei por muito tempo fazendo o trabalho árduo, passando por vários confrontos, buscando encontrar a minha glória, o meu caminho.
Os campos de batalhas eram cheios de desafios e, por muitas vezes, tive que recuar para estudar melhor o grande inimigo que morava em mim.
Juntei esforços e energia (porque todo esse movimento de cura cansa e exige demais de nós) para me manter sã, diante da loucura que era romper com os padrões sociais e familiares.
Tive que me blindar de todos aqueles que se ofenderam por me ver bem seguindo o minha estrada e por todos os outros que faziam a mesma coisa por não compreendê-la!
Mas o tempo foi passando!
A armadura foi pesando e a lança perdeu a função, porque durante toda caminhada eu fui compreendendo que guerras são necessárias, mas que também é chegada a hora de levantar a bandeira da paz!
Não quero provar mais nada a ninguém!
Não quero ser nada para ninguém!
Do meu espaço cuido eu!
Minha vida, minha regras!
Meu destino, minha responsabilidade!
Minha verdade, meu guia!
Minha expressão, meu palco!
Na verdade as batalhas são travadas para que possamos tirar de dentro de nós todos aqueles e tudo aquilo que colocamos como prioridade e que só nos trazia medo, opressão, desespero, angústia, invasão, subjugação, distorção e por aí vai.
Agora que começo a me encontrar comigo mesma, a ter minha própria opinião e a dançar conforme a minha música, não será preciso de armaduras e lanças, mas de uma confianças no invisível de que tudo será como deve ser.
É chegada a hora da paz tão buscada e desejada!
Agradeço e honro a guerreira que fui hoje e por todo sempre, porque sei que na hora em que precisar dela novamente ela estará a postos.
Ahowww!!!” ⠀
Texto por Heloisa Tainah
Assim, te convido a refletir que este é o desafio de milhares de mulheres no mundo: como posso me concentrar no trabalho e dar atenção ao meu filho dentro de casa? Afinal, as crianças precisam gastar energia, o chefe quer ver resultado e nós nos sentimos no meio deste cabo de guerra com muita culpa, raiva, frustração e impotência! Infelizmente, eu não tenho a solução para este desafio senão ganharia uma fortuna! Mas quero deixar claro que compreendo bem este sentimento e a partir deste momento desejo que você se sinta acolhida em sua dor e dificuldade: estamos juntas! Inclusive, te convido a ler Suficiência: desafios da Quarentena, crise ou oportunidade? no meu site Conexão Profunda
Desta maneira, acredito que a grande palavra que nos coloca em contato com a solução é READAPTAÇÃO! Esta implica parar de reclamar e se indignar com tudo o que não é como nossa mente gostaria! E, desta forma, acessar um estado de aceitação. Mas, atenção, aceitação não significa passividade! Com isso, a aceitação que estou propondo aqui é o que a Clarissa sempre enfatiza a respeito de nossa falta de controle sobre o que está fora! Eis o caso no momento! Isto porque, a situação está dada no momento com esta pandemia e nos resta, com o perdão do clichê, fazer limonada dos limões!
Isto significa que precisaremos aprender a nos dividir efetivamente entre filhos e trabalho e que, fatalmente, alguém ficará frustrado em algum momento! Isto porque TODOS estamos aprendendo a nos readaptar a este cenário: nós, nossos filhos, nossos chefes… Assim, absolutamente tudo está em processo de desconstrução no momento, nada está normal, portanto, é esperado que haja descompasso, cenário caótico até que a poeira abaixe.
Cabe ressaltar algo muito importante no momento: quando há sobrecarga de tarefas, há impaciência, frustração e o resultado é discussão e caos. Para evitar este cenário, eu acredito fortemente na importância do diálogo, da vulnerabilização e da cooperação em família! Isto significa que, especialmente em tempos de quarentena, é fundamental que cada um tenha o seu papel definido para que as coisas fluam da melhor forma possível! Ao menos, é isso o que tenho observado na minha experiência cotidiana!
Em síntese, temos vários pratos para equilibrar, mas se houver excesso de pratos nem o atleta do Cirque Du Soleil será capaz de sustentar! Então, seja clara com seus sentimentos, honesta consigo e com os demais membros da família. Desta forma, defina as contribuições, horários e as maneiras de melhor estabelecer o funcionamento da casa e das rotinas na sua família!
Em nossa experiência aqui em casa, sempre lembramos dos jogos de vôlei em que o levantador às vezes corta, defende… Enfim, não há papéis fixos, mas é importante que TODOS queiram manter a bola em jogo! Neste sentido, a palavra de ordem é COLABORAÇÃO! E, nesta lógica, palavras como paciência, diálogo, compreensão, empatia são instrumentos fundamentais de trabalho constante!
Cabe ressaltar algo muito importante e capaz de fazer a diferença no cotidiano de quarentena: é importante SABER PEDIR AJUDA, mas é ainda mais fundamental ACEITAR a forma como a ajuda chega e RECONHECER a importância dela! Eis o verdadeiro desafio da liderança nos tempos atuais: integrar a família, liderar com base no exemplo e construir modelos de referência realmente significativos e sustentáveis!
“Dar o exemplo não é a melhor maneira de influenciar os outros. É a única” Albert Schweitzer
Assim, estamos em tempos de profunda desconstrução para que uma nova ordem mais harmônica possa imperar! E isso começa com a gente, com nossa casa e família no dia-a-dia intenso de nossas experiências relacionais! Portanto, acredite, você é capaz, mas precisa acreditar e fortalecer esta crença constantemente para si mesma! Empodere-se com sua vulnerabilidade e lidere pelo exemplo, isto fará toda a diferença não só na sua vida e de sua família, mas também numa nova perspectiva mundial que está sendo construída neste período de recolhimento!
Luz, Paz e Bem a todos! Gratidão pela leitura! Namastê! _/\_
SOBRE A AUTORA
Este texto foi escrito por Gisele Mendonça, cientista social, mestre em sociologia, participante do Zum Zum de Mães e, principalmente, MÃE!
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