Engravidar, parir, amamentar, cuidar, educar são atos da maternidade carregados de desafios. A mulher contemporânea enfrenta diariamente muitos desafios para maternar e é sobre eles que vamos conversar.
Para Ana Paula Cury – médica antroposófica, fundadora da escola de pais do Colégio Rudolf Steiner e mãe de três filhos – o maior desafio é o fato da maternidade não se assentar mais sobre uma base natural e instintiva. Sendo que nós mães precisamos reaprender esse ofício sagrado, a partir de um esforço consciente. Precisamos a cada dia buscar por informação de como fazer e não fazer, nos alimentando de novos conhecimentos para agir de forma a maternar de maneira responsável.
Outra dificuldade que enfrentamos é o sentimento de estarmos sós. Desde o momento que o bebê nasce nos afastamos do mundo para nos entregarmos as demandas do pequeno ser, assim a cada dia o mundo também se afasta de nós. Para Ana Paula Cury, o fato de termos nos individualizado tanto gera uma polaridade entre o que sentimos, ora nos sentimos individual, livre e ora solitária. Isso gera em nós sentimentos de angústia, aborrecimento, tristeza e tédio.
Aliado a isso, outro obstáculo que enfrentamos é o nosso distanciamento da natureza interna e externa. Hoje em dia, vivemos longe da nossa natureza interna, de momentos de introspeção, de inspiração e também nos distanciamos da natureza externa, e habitamos um mundo artificial vazio que necessita ser preenchido de vida.
A pergunta que nos fazemos é: O que fazer para superarmos esses desafios?
Para Ana Paula Cury, a natureza é plena de referências sobre a vida, o viver e o educar. Observar a natureza nos ajuda a reconectarmos com as nossas próprias necessidades e as das crianças. Observando conseguimos muitas lições sobre a vida e as dificuldades que ela nos impõe. Observando descobrimos que tudo que é vivo transcorre em ciclos no tempo, alterna polaridades em uma linda dança pulsante, saber viver respeitando esse ritmo é um dos caminhos para uma maternidade com mais leveza, alegria e confiança.
Para Rudolf Steiner, fundador da antroposofia e da Pedagogia Waldorf, as primeiras coisas que devemos ensinar para uma criança é dormir e respirar. Ele não se refere aos ciclos biológicos que nos sustentam, ele se refere a aprender a dormir, restaurar e aprender a acordar e estar consciente, mantendo esse ritmo para dentro e para fora, fundamental para a saúde física e anímica.
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Para superarmos os desafios precisamos entender que as crianças nos trazem a possibilidade de crescer e evoluir. Elas trazem a oportunidade de nos tornarmos uma pessoa melhor e aprender a amar. Para Ana Paula Cury, os filhos são nossa maior motivação para que a gente cresça e se torne um ser humano melhor, porque eles vieram para nós pelo amor e nos elegeram como guardiões dos seus mistérios. Cabendo a nós adultos oferecermos à criança um ambiente na qual ela possa revelar seus mistérios no mundo. A médica antroposófica afirma que o primeiro ambiente que precisa ser trabalhado é o nosso próprio corpo, as nossas próprias emoções e fazemos isso através do autoconhecimento, da autoeducação.
Apesar das dificuldades diárias da maternidade, segundo Ana Paula Cury, o que nossos(as) filhos(as) esperam de nós, não é a perfeição, e sim o compromisso genuíno de amor e de dar a eles(as) o melhor de nós mesmas a cada momento. E sobre nossos erros… já estamos perdoadas antes mesmo de cometê-los.
TEXTO ESCRITO POR ISADORA SETTE, mãe de duas crianças, Pedagoga, Bióloga, participante do Zum Zum de Mães – Turma 8.
Texto inspirado na entrevista com Ana Paula Cury para o Portal da Escola de Pais Bee Family.