Depois do nascimento da minha filha, comecei a pensar e sentir sobre situações que aconteceram comigo na infância.
E houve dentro de mim um período de luto da vida que eu tinha antes, para a vida nova de Mãe em tempo integral que eu escolhi.
Em um certo momento, essas lembranças ficaram mais intensas e eu chorei algumas dores que não pude chorar quando era criança. Eu acessei e liberei alguns medos e uma agressividade que até então eram desconhecidos.
Descobri que tudo aquilo fazia parte de mim e já estava ali há muito tempo. A Maternidade chegou e trouxe à tona o que estava encoberto.
Precisei fazer uma escolha difícil: encarar “aquela nova eu” com suas imperfeições ou fechar os olhos e fingir que nada estava acontecendo. Adivinha o que eu escolhi?
Escolhi o caminho “aparentemente mais difícil”.
Sabe, depois de alguns anos vivendo a superfície de mim mesma, percebi que não adianta esperar que as emoções e sentimentos desapareçam, pois a vida acaba encontrando um jeito para fazer você olhar novamente.
Ainda, a minha falta de aceitação e acolhimento comigo mesma, atrapalhava a conexão com minha filha. Então, percebi que eu não podia mais seguir aquele padrão, que eu não podia agir com minha filha da mesma forma que recebi, porque algumas coisas deixaram marcas e eu ressenti no pós-parto.
Algumas marcas me fizeram ter aquele comportamento de não aceitação das minhas imperfeições, falta de amor comigo mesma, dificuldade de me expressar, falar dos meus sentimentos e não me permitir chorar. Criei uma ideia errada sobre o que é ser forte.
Você que está lendo, pode ter se reconhecido… eu sei… tem muita gente aí parecida comigo….
Então, decidi ensinar algumas coisas novas que trarão um avanço para minha família: ensinar que precisamos ter mais paciência com nós mesmos, mais aceitação; que chorar não é sinônimo de fraqueza; que falar sobre os sentimentos faz bem; que não precisamos nos cobrar tanto. Que o diálogo na família é importante e nos une; e que carinho, amor e afeto precisam ser expressados com palavras e também com atitudes.
Assim, para que eu pudesse dar um novo rumo na minha família, precisei reconhecer mais que meus pais fizeram o melhor que podiam. E que eu só estava podendo ver mais além porque recebi muito amor e bons valores. Eles receberam muito menos do que eu e deram o seu melhor para cuidar da nossa família.
Então, procurei mais informações para me auxiliar a enxergar por novos ângulos, já que eu não tinha aquilo que decidi ensinar. Encontrei algumas formas que me auxiliaram no processo de autoeducação, inclusive o Zum Zum de Mães da Clarissa.
Afinal, se eu quero ensinar algo para minha filha, eu preciso dar o exemplo primeiro, crianças aprendem muito com o exemplo dos pais. Aprendem com a coerência entre o que dizemos e fazemos no dia a dia.
Um grande obstáculo que eu tinha era lidar com minhas próprias emoções que ainda estavam no padrão automático e quando surgia um comportamento da minha filha que atingia um ponto de dor meu, me incomodava muito e eu tentava fugir da situação. Só que não fugia…eram só os meus pensamentos…
Quando minha filha chorava, despertava em mim um sentimento de agressividade e de querer que ela se calasse logo… era um padrão que eu reproduzia.
Como eu não tive espaço para chorar, tive que aprender a calar o meu choro. E quando ela chorava, despertava esse comportamento que aprendi.
Só que às vezes, essa minha busca por querer ser uma mãe melhor pesava. Eu estava me adaptando a uma nova realidade e fazia uma dieta muito rígida, porque minha filha tinha alergia a proteína do leite.
Eram muitas coisas para se adaptar de uma só vez. E comecei a perceber que eu podia organizar melhor minha vida para ter mais leveza, para não ficar tão sobrecarregada e aproveitar mais a minha filha. Percebi que eu precisava fazer esse processo de reeducação dos meus comportamentos, mas também desfrutar da vida com mais alegria, calma e tranquilidade.
Nessa mesma época também surgiu um desejo de auxiliar outras mães que assim como eu querem fazer o melhor por suas famílias! E foi aí que surgiu o meu projeto Mãe com Carinho.
Consegui organizar algumas coisas e resolvi buscar uma forma mais direta para auxiliar outras mães. Então, encontrei o método de Coaching Parental e me joguei de cabeça nele…
Com o estudo desse curso foi que consegui equilibrar mais minha vida e ter leveza e alegria na Maternidade.
Estudando e vivenciando essa transformação, percebi que muitos dos pesos na minha vida era eu mesma que colocava e, por isso me sentia muito sobrecarregada, sem paciência e estressada.
Aprendi a administrar melhor o meu tempo estabelecendo prioridades e guiando minha rotina por elas. Antes, parecia que tudo era prioridade, as tarefas da casa, os cuidados com minha filha, minhas atividades no trabalho. Como eu não estabelecia as prioridades e não tinha clareza do que era essencial para minha rotina, sentia um cansaço mental e físico, tentando fazer tudo e no final do dia, ainda pensando no que faltava fazer.
Além do cansaço, essa falta de prioridade causava muita ansiedade. Eu ficava pensando que sempre tinha mais para fazer e não conseguia viver um dia após o outro.
Quando finalmente consegui definir essas prioridades, minha mente foi se acalmando e ficou mais fácil pensar apenas nas tarefas do dia.
Ainda, precisei me libertar de algumas crenças limitantes que atrapalhavam a minha vida. Essas crenças faziam com que eu me sobrecarregasse sem necessidade e causavam insegurança na forma como eu estava conduzindo minha vida e a criação da minha filha.
Através do meu Autoconhecimento pude sentir mais segurança na minha própria forma de educar. Conhecendo os meus valores, minhas forças e habilidades. E assim, também fui capaz de me valorizar mais e ser menos crítica comigo mesma.
Os valores são formados na nossa infância e juventude, recebemos dos nossos pais ou cuidadores e do ambiente no qual convivemos em comunidade.
Quando conheci melhor os meus valores, ficou mais fácil orientar a criação e educação da minha filha por eles. Passei a ter clareza do que eu quero ensinar e também do que o meu marido quer ensinar e assim, encontramos um alinhamento melhor.
Depois de encontrar os valores dos pais, ambos entram em consenso sobre quais valores querem passar para os filhos. Esse conhecimento é realmente encantador, pois os pais ganham mais segurança e confiança na sua forma de educar. Passam a orientar os filhos através dos seus próprios valores, que são diferentes para cada família.
Aprendi a lidar melhor com a culpa, com o estresse e a insegurança. E também, a lidar melhor com as cobranças internas que eu fazia com frequência. E foi assim, através do meu autoconhecimento que pude fazer as pazes com a Melhor Mãe que eu posso ser.
Minha filha também me auxiliou muito nesse processo e seguimos nos desenvolvendo. Ela conhecendo o mundo, descobrindo, absorvendo e eu me redescobrindo, me encontrando, me tornando uma pessoa melhor. Eu ensino, mas também aprendo muito com ela!
Observo minha filha e aprendo muito. Nossos filhos nos imitam direitinho, não é mesmo? Imitam o jeito de falar, o jeito de agir, as palavras… ah, e isso revela muito sobre nós mesmas! Me vejo ali refletida, como se fosse um espelho! Um espelho que mostra as minhas virtudes, mas também revela as minhas falhas. E aproveito essa oportunidade para me aperfeiçoar, com calma, porque temos tempo.
Ainda, entendi que por mais que eu me esforce para acertar na criação da minha filha, inevitavelmente vou errar e tudo bem! Será mais uma oportunidade de construir nossa relação e para ela perceber que seus pais são só pessoas querendo acertar. Uma oportunidade também de dar o exemplo, pedindo desculpas quando percebo minhas falhas. Sinto que esse exemplo também é bem valioso!
Quando os pais decidem dar mais um passo além do que receberam, todo aquele sistema familiar cresce. Com calma, cada família pode dar os passos possíveis dentro da sua realidade de vida.
Cada um de nós faz o melhor que pode com a consciência que tem até aquele momento. E precisamos lembrar disso, para não permitir que a culpa atrapalhe nossa vida, gerando angústia ou estresse. Seja mais paciente com você mesma, você merece!
Fazer as pazes com a Melhor Mãe que existe em você é aceitar-se imperfeita e acolher-se mesmo assim! É construir uma boa relação com seus filhos, mas também construir uma boa relação com você mesma! É lembrar que nutrir-se de amor, carinho, calma, paz e harmonia é essencial para o seu bem-estar e o da sua família. É dar lugar para a Mãe possível, que faz o melhor que pode com o que tem. É viver uma maternidade consciente com mais leveza e alegria!
Te desejo uma maternidade alegre e real!
Com Carinho,
Priscilla Soares
Coach de Mães
*** Sobre a Autora:
Priscilla Soares é Coach de Mães e autora do Blog http://www.maecomcarinho.com/. Auxilia a mãe a conciliar sua vida pessoal, familiar e profissional com mais Equilíbrio e a melhorar seu relacionamento familiar. Contato: [email protected]