Amar-se ou Amar se? Dos dilemas do amor próprio pós maternidade

O auto-amor é um exercício. Me olhar, me amar, me aceitar, me perdoar ainda são lembretes que precisam estar estampados com letras garrafais e cobertos de purpurina, com luzinhas que piscam e setas indicando a consigna clara e auto explicativa.

Assim que me tornei mãe, me amar não cabia em mim. Eu amava com todas as células do meu corpo aquele serzinho que dependia do meu amor e dos meus cuidados para sobreviver. E é curioso, mas foi justamente depois que me tornei mãe que me amar passou a ser urgente. Talvez porque a gente começa a perceber que para cuidar, precisamos antes de tudo, nos cuidar, e aí o cálculo do amor também tem que bater. E entre tantas demandas a gente vai, muitas vezes aos trancos e barrancos, aprendendo a se cuidar e a se amar. Coisa simples, que pode ser desde a uma ida silenciosa e tranquila ao toilette, chegar ao fim de uma refeição ainda quente ou até escovar os dentes se olhando no espelho. Na lista dos auto cuidados conseguimos incluir uma infinidade de coisas simples e corriqueiras, mas que nos fazem um bem danado. Agora, o auto-amor, ah esse passa batido na maioria das vezes… E sim, eu sei que o auto-cuidado é um ato de amor próprio, mas tô falando de se amar meeeeesmo, de encarar o espelho e não julgar as imperfeições que temos a ilusão de ter, de encarar nossas limitações e características da nossa personalidade sem sermos duras demais, de encarar o erros, as pisadas na bola, os esquecimentos sem nos culparmos o resto da eternidade. Tô falando de amar, aceitar e perdoar a gente assim, do jeitinho que a gente é.

É um exercício diário e, exercício é tipo um esporte, uma dança, um instrumento mesmo, a gente tem que praticar SEMPRE, senão perde o jeito e acaba deixando de lado. Falo isso pra mim, pra você que, por algum motivo, está aqui comigo. A gente tem que se amar, e muito, e sempre. E não dá pra esperar que x outrx nos ame antes da gente se amar, amor  próprio é urgente, é pra ontem.

E eu sei que tem dias que são “mamão com açúcar”, se amar é fácil e indolor, e outros que são tipo xarope “difícil de engolir”. Mas eu tenho descoberto que é no desafio que a gente mais tem que se amar. E não, não vai ser fácil (ou vai né? Cada umx sabe de si), mas a gente faz um pacto, um decreto de amor consigo mesmx : Irei me amar, me aceitar e me perdoar profunda e completamente todos os dias da minha vida, e assim é! E assim será!

Bora se amar?

TEXTO escrito por: Iara Schmidt
Iara é mineira, e como boa sagitariana é uma viajante nata e buscadora de si. Mãe de um aquarianinho nascido em fevereiro de 2016 – fonte do puro amor e inspiração infinita – realizou da gestação ao puerpério ritos de passagem que transformaram – e continuam transformando – sua essência.