Brooommm, bibi. Eis que o carro da vida acelera e entra numa estrada viva, cheia de curvas vertiginosas, com uma neblina de forçar a visão. De repente, uma placa sinaliza: Cuidado, você se tornou mãe!
Seus objetivos passam a ser: dominar a direção do carro, cuidar de todos os passageiros da viagem, encontrar o melhor destino e, ainda, não se esquecer de curtir o caminho.
Essa é a vida de mãe tal como ela é, com direito a samba na cabeça, mas firmeza nos pés.
Trabalhar fora para umas não é escolha, o bolso fala mais alto, os sentimentos vão juntos e o calor aumenta no asfalto.
Para outras o dever é ficar em casa, mas isso não as deixa de lado, o trabalho jamais termina, é dureza andar descalço.
Todas são iguais se olharmos pelo mesmo ângulo:
– Quero ver meu filho feliz, quero ver meu filho andar com o próprio nariz.
São Marias, Celestinas, Clarissas, Albertinas, mas no final das contas, a mesma reclamação:
-Preciso de um tempo para mim, onde foi parar o meu coração?
O caminhar é leve, mas a mente anda pesada, o pensamento voa da agulha da caixa de costura até a carne da feijoada. Da escova de dente do marido até a roupa da meninada.
Um olhar no espelho se dá conta de que o carro da vida passa acelerado.
Quem sou eu, espelho, espelho meu? Será que perdi a minha identidade?
Preciso lembrar que eu existo, preciso ter de mim saudade.
Preciso lembrar que para oferecer abrigo, não preciso ser santidade.
Preciso ser e não ter, encontrar e não buscar.
Preciso viver para me doar e não me doar para viver.
Preciso que o carro pare, por favor, eu preciso descer.
Uma parada para o combustível, calibrar os pneus, jogar uma água nos vidros, conversar com os meus.
Amo vocês demais, mas descobri que não posso mais ficar para trás. Tantas placas hão de aparecer nesta estrada da vida e eu quero estar pronta para uma das mais doloridas, aquela que anunciará do meu ninho a sua partida.
Por isso, vou cuidar bem de mim, como quem cuida de um porto seguro. Vou limpar o jardim, regar as plantas, perfumar a casa, preparar a janta, deixar sempre uma janela aberta para a estrada.
E assim hei de fazer, meu filho, para que você queira sempre voltar e encontrar aqui alegria e não tristeza, sorriso e não realeza.
Por isso eu te prometo, que a partir de hoje, eu vou cuidar bem de mim, com todo amor e carinho que eu tenho por você.
TEXTO escrito por Lígia Freitas, Mãe do João, Escritora e Participante da Turma 4 do Zum Zum de Mães.
Para acompanhar o trabalho maravilhoso da Lígia siga ela no Instagram: @ligiafreitasescritora
Essa entrevista gravei com a Larissa Simon, mãe da Helena e da Luísa, consultora materno-infantil e participante da primeira turma do Zum Zum de Mães.
Nessa entrevista falamos sobre os desafios dos primeiros dias de vida da criança, da importância do vínculo mãe-bebê nesse início da vida e sobre como é fundamental criar uma rede de apoio para passar pelo processo de transformação que o puerpério representa na vida da mulher.
Assista AQUI:
Larissa é fonoaudióloga e trabalhava principalmente com crianças com dificuldades de aprendizagem. Mas depois de passar por um processo de transformação intenso com o nascimento da sua segunda filha, Luísa, mudou sua atuação profissional unindo os saberes da fonoaudiologia à doulagem pós-parto, consultoria de amamentação e educação perinatal e hoje apoia mães a estabelecerem um vínculo mais saudável com seus filhos nos mil primeiros dias (gestação, parto, pós-parto e dois primeiros anos de vida).
Se quiser entrar em contato com ela, acesse seu site:
www.larissasimon.com.br
www.facebook.com.br/LarissaDoula
https://www.instagram.com/larissadoula
Esses dias eu recebi um áudio pelo celular com uma música linda de viver… Uma música doce, pura e verdadeira sobre a transitoriedade da vida e de como precisamos valorizar quem está ao nosso lado pelo tempo em que estão conosco. E isso me fez refletir sobre a minha caminhada dentro do Zum Zum de Mães, um programa online que fez uma verdadeira revolução na minha vida e na vida da minha família!
Eu acredito que nada, absolutamente NADA acontece por acaso e todas as pessoas que estão ao nosso lado tem um propósito a nos ensinar. Mesmo que seja ensinar como não queremos agir, o que não queremos seguir! Isso também diz respeito do quanto o amor e compaixão devem reger nossa vida, principalmente com as pessoas difíceis, as que pensam diferentes de nós, as que nos desafiam. Isso não quer dizer que precisamos abrir mão do que pensamos, principalmente se esse pensamento diz respeito à maneira com que queremos conduzir a educação dos nossos filhos. Mas querer que os outros engulam “goela a baixo” o que nós pensamos e sentimos é o caminho oposto do conviver em harmonia e fazer as pessoas também refletirem sobre maneiras mais tradicionais de educar!
É extremamente desafiador ter compaixão por quem nos desafia, eu bem sei. Quando eu iniciei o programa e comecei a me deparar com uma maneira totalmente diferente de encarar a educação dos filhos eu quis muito contar tudo para o meu marido para que entrássemos em sintonia com as nossas pequenas. Porém, o que fiz foi tentar impor minha verdade, considerando os métodos dele como “errados” e o julgando uma pessoa “acomodada” por não ter dado a mínima atenção ao que estava tentando falar pra ele. Isso me magoou muito e foi na comunidade do Zum Zum, cheio de mãe que estão imbuídas desse mesmo propósito de serem mais conscientes da sua maternagem, é que eu percebi, ao expor minha situação, o quanto eu estava sendo impositiva, controladora e o quanto eu não respeitava a maneira de paternar do meu marido e a sua contribuição na vida das nossas filhas, mesmo com as atitudes que eu considerava “erradas”. Também percebi o quanto as suas “atitudes erradas” me incomodavam exatamente porque, em maior ou menor grau, elas estavam presentes dentro de mim e o que me causava raiva era justamente esse lado meu que eu não queria enxergar.
A “discussão” por lá foi muito rica e produtiva. Várias mães deram seus relatos, compartilhando textos, vídeos, depoimentos e sugestões de como lidar com essa situação. As contribuições ímpares da Clarissa de Yakiara sobre essa necessidade de olhar pra dentro, corroborada por mais outras tantas mães me fizeram entender que os filhos não vem até nós por acaso! Aquele pai e aquela mãe sempre tem algo a ensinar, aprender e resgatar com aquela criança. E se você e seu marido tem divergências com relação à educação dos filhos, não é brigando, julgando e impondo seu pensamento é que você vai fazê-lo entender o quanto os seus comportamentos podem estar “equivocados”.
Sabe como a gente pode lidar com as pessoas que pensam diferente de nós com relação à educação dos filhos???
VIVENCIANDO o que você acredita ser melhor com amor e comprometimento e assim INSPIRANDO uma mudança de comportamento por parte do outro. Ninguém muda ninguém, a mudança começa dentro de nós. A única coisa que podemos fazer é inspirar através do EXEMPLO e da conversa amorosa e empática, livre de julgamentos do tipo “você é violento”, “você grita muito”, “você não considera a individualidade do nosso filho”, etc, etc, etc… É em conversas amorosas e empáticas que você pode colocar o seu ponto de vista confessando o quanto é desafiador pra VOCÊ aquele comportamento “X” do seu filho e de que maneira VOCÊ lidou com a situação de maneira mais amorosa e respeitosa, mas só depois que a situação complicada passar e os ânimos estiverem mais calmos. Você pode fazer um convite à pessoa para refletir e tentar modificar o padrão, muito mais através do exemplo do que da conversa. Mas cabe a pessoa decidir se irá mudar ou não. E cabe a VOCÊ aceitar o que ela tem a oferecer pra você e seus filhos. Ou talvez tomar outros rumos…
Isso vale pra todos em todas as relações! E é muito desafiador, eu sei! Mas quando a gente consegue colocar em prática, é muito lindo… O movimento de mudança que vi acontecer em mim, no meu esposo e na nossa família depois que eu realmente entendi pela via do pensamento e do sentimento o que estou tentando passar pra vocês, foi simplesmente maravilhoso!!! Não quer dizer que não tenhamos mais divergências! Não quer dizer que sejamos amorosos e empáticos o tempo todo entre nós e com nossas filhas! Não! Somos humanos, erramos pra caramba, mas estamos no movimento de tentar melhorar todos os dias, com amor e compaixão também por nós mesmos! Depois que eu comecei a inspirar pelo exemplo e fiz ele enxergar o quanto essa nova maneira de educar era muito mais efetiva e empática, passamos a respeitar muito mais a opinião um do outro, mesmo sendo contrária! Passamos a agir como uma “equipe”, tendo como meta uma vivência de essência e verdade. E reconhecemos um no outro as potencialidades e a importância do que temos a oferecer para nossas filhas, individualmente e como família…
Dá um trabalhão enorme olhar pra dentro, mas quando a gente faz isso e assume a responsabilidade sobre o que nos acontece sem nos vitimizar, nos relacionando com as pessoas pela via do amor, da compaixão e da empatia, os resultados podem até demorar. Mas com certeza ele vem… E são absolutamente transformadores e maravilhosos!!! Vale a pena tentar…
Este texto foi escrito por: Larissa Simon que é mãe de duas garotas encantadoras, Helena de 6 anos e Luísa de 2 anos. Participou da primeira turma do Zum Zum de Mães e através dele reformulou não só seu fazer como mãe, mas também seu fazer profissional. Era Fonoaudióloga, hoje também é doula pós-parto e educadora perinatal, apoiando mães a vivenciarem uma maneira mais plena, autêntica e empoderada de maternar.
Contatos:
www.larissasimon.com.br (no ar a partir de dezembro de 2016)
www.facebook.com.br/LarissaDoula
Começo com a citação de Nelly Coelho: “Quem teria inventado essas histórias que os avós dos nossos avós já conheciam e contavam para as crianças, nas noites de serão familiar?”
Existe uma discussão entre pedagogos, pais, teóricos frente a utilização dos contos de fadas como recurso de mobilização da aprendizagem. E adianto, tenho uma grande simpatia pelos contos de fadas!
Venho aqui defender enquanto usuária, profissional e como mãe também!
Acredito e confio que os contos de fadas me ajudaram a elaborar algumas questões. Lembro de que me lembrei na infância – enquanto passava por um momento desafiador – da história do Patinho Feio. Este conto me ajudou a entender que o fato do estranhamento que as crianças, as quais convivia, sentiam por mim, revelava na verdade a minha natureza que era diferente frente às demais. E eu, que me sentia desconfortável e triste neste cenário, entendi que mais cedo ou mais tarde encontraria o meu “bando”, assim como aconteceu no final dessa história.
Um pouco mais adiante na fase pré-adolescente que é por si só desafiadora, encontrei na escrita dos diários uma forma de extravasar as minhas emoções e muitas vezes lá, referia-me a minha mãe como madrasta bruxa ao mesmo tempo que seguia confiante e esperançosa em mim mesma que aquele contexto era temporário. Aliás, isso é uma característica marcante nos contos de fadas: a recompensa sempre se dará na ascensão de ordem espiritual ou existencial da personagem. Percebi nessa dinâmica como foi importante desenvolver esta narrativa interna. Poder me enxergar e estabelecer um diálogo comigo mesma, de fato me ajudou!
Se observamos o transcorrer da história da humanidade, os registros das histórias aconteciam por meio da oralidade – uma vez que não existia a escrita – de pessoa para pessoa ou por aquela que era vista pelo o grupo como o mais experiente ou o mais sábio ou aquele que assumia o papel social na família, na figura da mãe, avós, bisavós. Uma espécie de responsável ou guardiã da memória familiar.
Por outro lado, se analisarmos que o ser humano passou e passa por um aperfeiçoamento no desenvolvimento das suas etapas de aprendizagem, poderemos entender o caminho que os contos de fadas percorrem.
Isso quer dizer que tivemos ou fomos esses adultos – e se olharmos bem ainda hoje temos pessoas assim – que emocionalmente, cognitivamente, mentalmente apresentam imaturidade neste desenvolvimento, seja por questões subjetivas ou orgânicas, e que transmitiam e transmitem esse conhecimento de geração a geração da forma em que os mesmos compreendiam e compreendem o mundo. Resumo: um dia fomos adultos que entendíamos o mundo como crianças! Que maravilha!
Haja vista que Cristo trouxe os seus ensinamentos não só pela sua atitude, mas por suas parábolas, pelo simples trouxe a forma que garantisse a sua compreensão. Certo? E a simplicidade também é um ponto determinante nos contos de fadas – a diferenciação se dá pelo simples, pela dicotomia de Jung ou pelo jogo de Luz e Sombra de Steiner. Quer dizer que nos contos de fadas não existem elementos que são bons e ruins ao mesmo tempo. Terá aquele que é bom e aquele que é mal, aquele que é belo e aquele que é feio.
O universo onírico marcante na criança em suas primeiras etapas de desenvolvimento encontrou nessas histórias contadas e recontadas de geração em geração acolhimento e aqui abro um parêntese explicando a origem do termo CONTOS DE FADAS que a grosso modo significa: “relato de algo que se cumpriu” e que encontrou expressão na esfera do imaginário fantástico.
Para a criança tudo está apenas acontecendo. Simples assim. Nessa fase que vai até os 7 anos (considerando que esse intervalo não é rígido, podendo ser mais ou menos) a criança tem dificuldades de diferenciar o que é real do que é imaginário, diferenciar o sonho do real, ou o sonho do imaginário. E é, segundo Steiner, nesta atmosfera permeada de encantamento, poesia, e fantasia que o conto de fadas traz em si: representações que concernem à natureza humana (o bem e o mal, a riqueza e a pobreza, o belo e o feio, a vida e a morte, etc) servindo também de alimento à alma humana enquanto símbolos, e arquétipos de forma atemporal, sendo verdadeiro tesouro da humanidade.
Jung fala que os contos de fadas, do mesmo modo que os sonhos, são representações de acontecimentos psíquicos. Enquanto os sonhos apresentam-se sobrecarregados de fatos de natureza pessoal, os contos de fadas encenam dramas da alma, com materiais pertencentes em comum a todos os homens.
Então, os contos de fadas dialogam diretamente entre o contexto existencial e real dos adultos e o universo da criança, num contexto poético e imaginativo, em que a criança se debruça na dinâmica da sombra e da luz, construindo ensaios de vivências inconscientes em que a melhor forma de superar algo é entrando em contato com o mesmo. E o politicamente correto posterga, nega, e evita tais vivências.
Bettelheim (autor do livro A Psicanálise dos Contos de Fadas) entre outros pesquisadores, dedica uma boa parte dos seus estudos explorando o tema “dos contos de fadas convenientes” que dá um outro rumo ao subjetivo. Diria que a Disney acabou trabalhando de forma rasa toda a carga simbólica e arquetípica presente nos contos de fadas em sua origem.
Carlgren e Klingborg são dois autores que escrevem sobre o conteúdo escolar para Escolas Waldorf e fazem a seguinte citação em relação aos contos de fadas: “Nenhum outro tipo de poesia mostra de forma tão explícita as possibilidades de transformação inatas no ser humano”.
Bettelhein, então vai ao encontro da Antroposofia, falando que a forma e a estrutura dos contos de fadas sugerem imagens à criança com as quais ela pode sustentar seus devaneios e com eles dar melhor direção à sua vida”. Steiner segue então a rota da expansão, já que os contos de fadas apresentam o mundo em suas adversidades à criança. Enquanto Jung o de contração, no autoconhecimento em que a criança se reconhece, toma contato e ressignifica a sua própria história.
Enquanto leio o conto de fadas para o meu filho, posso perceber, por exemplo a dificuldade dele em lidar com algumas temáticas (todas escolhidas por ele). Dos sentimentos ou emoções que ele apresenta, com o que ele fica triste ou feliz em determinada história? Quando pergunto a ele – Se você pudesse escolher uma personagem qual você seria? Ou se pudesse mudar o final da história o que você mudaria? Observo tudo atentamente.
E é por meio da leitura dos contos de fadas clássicos, que se estabelece esse diálogo, que se abre campo em conhecer o que está velado nele mesmo, que meu filho se desconhece, não elabora, mas que de forma profunda, real acontece e sente.
É considerar que os contos de fadas falam à criança sobre tudo de forma indelével. É a possibilidade que o adulto tem de apresentar o mundo à criança, e que a criança tem, neste isento faz de conta, de se apropriar na sua própria personagem, resolvendo questões, enxergando soluções, gerando possibilidades; enfim encontrando no conto aquilo que Gutfreind propõe na “metáfora curativa”, acolhida naquilo que os contos de fadas possibilitam enquanto “metáfora terapêutica”, perfazendo assim o caminho do simbólico na ressignificação.
Este texto foi escrito pela Bianca Vasques, participante da primeira turma do Zum Zum de Mães, ela é Mãe, Psicopedagoga e Arteterapeuta.
“Ontem aconteceu com a Lara (2 anos e 5 meses)! Ela me proporcionou mais um momento de aprendizado. E como eu aprendo com ela…. Coincidência ou não, eu queria ver, queria testar, queria experimentar aquilo que eu tinha escutado nos vídeos e na conferência do Zum Zum. E aconteceu!
Estávamos no shopping, eu, meu marido e a Lara. Era domingo de tardezinha. Precisava resolver algumas coisas, pois iremos viajar em família ainda esta semana. Apesar do cansaço nosso e da Lara fomos.
Lara dormiu no carro. Chegando lá, pegamos um carrinho emprestado para que ela continuasse a dormir enquanto fazíamos rapidamente o que precisávamos. Porém, quando colocada no carrinho, ela despertou. No carrinho ainda, passamos por duas lojas com ela. Em uma delas, a vendedora ofereceu um balão para a Lara e ela ainda pôde escolher a cor que queria, cor-de-rosa.
Fomos em mais uma loja, e enquanto eu escolhia umas coisas com a vendedora, meu marido passeava com a Lara, no carrinho, pelos corredores do shopping. Foi quando ouvi um choro dela e, logo, meu marido apareceu com o carrinho na frente da loja em que eu estava. Ela gritava querendo sair do carrinho e assim tiramos ela de lá. Mas o choro continuou… Imediatamente, disse a vendedora que voltaria ali um outro dia. Pedi desculpas e saí.
Fui para perto da minha filha, não queria meu colo, não me explicava o que queria, simplesmente se jogou no chão, chorando e gritando. Na hora, percebi que ela precisava era da minha presença. O “copinho” entornou! O limite suportável daquele “copinho” estava menor, pois no meio de tudo também estava o cansaço. E as emoções daquela pequenina estavam ali, transbordando da sua forma mais natural possível. Eu precisava estar ali, com ela, validar os seus sentimentos, respeitar as suas emoções.
Meu marido, queria ir logo embora, sair rápido dali, mesmo porque as pessoas olhavam, julgavam….(tenho fresca na memória a imagem de uma mulher olhando pra mim com um sorriso de “coitada dessa aí “no rosto). Ele me dizia: “a Lara está cansada, vamos embora”.
Mas eu queria ver, sentir, ficar ali com ela, antes de tomar qualquer medida. Por um pequeno momento, deixei ela ali no chão, gritanto. Olhava pra ela, pensava e dizia: “Mamãe está aqui”. Consegui pegá-la no colo e fui para o carro, enquanto meu marido foi devolver o carrinho emprestado. No caminho, ela gritou muito, e tentava se soltar de meus braços. Mas como estava ali, no shopping, mantive firme ela nos meus braços e fui para o carro.
No carro, eu disse a ela que ela poderia chorar, o quanto quisesse, que eu estava ali com ela. Ela chorou, mais um pouquinho, e logo parou de chorar para falar que queria o balão roxo. Ela tinha pegado o balão rosa na loja, mas disse que também queria o roxo. Creio não ser esse o motivo do choro não. Provavelmente, o nosso distanciamento momentâneo (momento em que entrei na loja sem ela) e o desconforto do cansaço que a atingia fizeram as emoções virem à tona. Mas…. ao conversar com ela e, como já estava mais calma, resolvemos voltar à loja para pegar o balão roxo.
Passei no banheiro, lavamos as mãos e fomos. Lara quis ir andando, sozinha. Chegamos na loja, e ela pegou o tão querido balão roxo.
Voltamos para casa. Lá, ela já tranquila e serena, eu e meu marido falamos com ela que sempre que ela precisar, querer chorar, gritar, etc., ela poderá contar com a nossa presença, pois estaremos ali, presentes e conectados com ela. Na mesma hora, ela correu para os nossos braços, nos deu um abraço apertado, um beijo bem gostoso e nos olhava com aquele olhar de quem entendeu todo o ocorrido.
Como eu amo isso tudo! Como eu aprendo com vocês!!! Obrigada Zum Zum por poder passar por este momento de uma forma bem mais tranquila, bem mais natural, bem mais presente e conectada com a minha pequena.”
Essa história foi escrita pela querida Letícia Ávila, participante da segunda turma do meu programa On line Zum Zum de Mães. Ela é mãe da Lara de dois anos e Analista do Tribunal de Contas de MG.