“Como apoiar seu filho a ter uma vivência positiva da infância?”
Essa foi a pergunta que guiou o segundo encontro do Zum Zum Zum de Mães! Passamos a tarde trilhando um caminho que nos levou a nossa infância, relembramos brincadeiras, viagens, momentos felizes, desafios, investigamos a relação com nossos pais, irmãos e familiares. Estávamos em busca de possíveis respostas para esta questão, ora olhando para dentro, para nosso passado, para nossa própria infância e ora compartilhando, escutando e reverberando com o grupo nossa experiência com nossos filhos.
E colhemos frutos preciosos, que nasceram de cada mãe ali presente, de cada criança interior que habita estas mulheres. E nossos insights com certeza irão transformar nossa relação com nossos filhos e talvez apoie você também a criar um espaço positivo e saudável para o desenvolvimento do seu, que favoreça uma vivência positiva e muito especial da infância.
Sinta um pouco dos frutos que colhemos e compartilhe com quem mais você sentir vontade. Deixe também seu comentário e embarque neste Zum Zum Zum conosco!
Para apoiar uma vivência positiva da infância para nossos filhos é preciso basicamente duas coisas: 1) cuidarmos de nós mesmos, nossas emoções, pensamentos e ações e 2) do entorno que cerca nossa família. E é sobre estes dois aspectos que vamos falar:
1) Um pouco sobre como podemos cuidar de nós mesmos…
Grande parte dos aprendizados dos pequenos acontece por imitação, eles reproduzem o que percebem e captam das pessoas que o cercam. Esse contato com o outro ser humano é extremamente importante desde o início da vida, uma vez que o nosso desenvolvimento se dá através das relações estabelecidas e do que é apreendido das mesmas: sentimentos, emoções e pequenos sinais não verbais (como tom de voz, expressões faciais e corporais, etc.).
As crianças estão abertas, confiantes e entregues a vida, elas “não tem filtros” e não sabem se proteger, vão se conectar com o que está ao seu redor. Somos nós, os adultos, os responsáveis por cuidar do que pensamos, sentimos e fazemos, principalmente na presença de nossos filhos. Enfim, estarmos atentos ao que está passando em nosso “mundo interno”.
Como já dizia Rudolf Steiner, criador da Pedagogia Waldorf, “Toda Educação é Auto Educação!” e partindo desta premissa, para apoiar verdadeiramente nossos filhos a se desenvolverem de forma saudável, precisamos nos atentar ao nosso processo de desenvolvimento pessoal. Compreender a oportunidade que um filho trás para nossa vida, uma vez que cada instante ao lado deles, cada desafio, cada demanda de nossos pequenos é um convite para olharmos para dentro e buscarmos qual é a nossa questão que as crianças estão conectando e trazendo a tona, como uma grande tora de madeira bruta a ser trabalhada. E a partir dai criarmos novas possibilidades para antigas questões, memórias e emoções que não foram devidamente expressadas, assimiladas e integradas ao longo de nossa vida.
Quando compreendemos a grandeza da relação mãe e filho(a) não há mais como fugir ou evitar um grande comprometimento com nosso trabalho de AUTO EDUCAÇÃO. Nasce um desejo ardente de nos tornarmos melhores e mais conscientes para inspirarmos verdadeiramente quem a gente ama!
E por falar em nos tornarmos melhores, identificamos também, em nosso Zum Zum Zum, que para tal é preciso aprender algumas técnicas e ferramentas que nos apoiem a viver uma vida mais PRESENTE ao lado de nossos filhos, uma vez que o mundo ao nosso redor nos convida a ir para fora constantemente. Mentalmente vivemos transitando entre passado e futuro e por vezes ainda vamos “cuidar da vida dos outros”. Expor nossos filhos a esta “confusão mental” faz com que eles se conectem a esta ausência (falta de conexão com o que está acontecendo aqui e agora) e comecem a reagir, tentando chamar nossa atenção e nos trazer de volta ao momento presente.
Meditação, terapia, yoga, caminhada, respiração consciente, dança, canto são ferramentas prazerosas e úteis que podem nos propiciar o necessário encontro interno para estarmos inteiras com nossos filhos. Estar com eles inteiras, sem apego e culpa pelo que passou e/ou sem ansiedade pelo que estar por vir, pelo que está acontecendo lá fora, longe de nós.”
A infância é um momento muito especial e de grande impacto na vida do ser humano. É um privilégio poder acompanhar os passos e conquistas de nossos filhos e ser conscientemente este adulto que guia, inspira e acompanha cada etapa de perto. Esvaziar a mente (“deixar o celular, a vida do vizinho e o mundo externo de lado”) no momento que estamos com eles, para SER e CONTEMPLAR a beleza do que acontece no AQUI e AGORA, deveria ser uma prática (ou intenção), mesmo que por apenas 30 minutos diários. Estar DISPONÍVEL e inteiro quando estamos juntos de nossos pequenos, física, emocional e mentalmente e deixar que do silêncio brote a verdadeira criatividade para guiar esta relação, é um trabalho para toda a vida!
2) Agora compartilho com você algumas idéias sobre como cuidar do entorno que cerca as crianças…
Criar um AMBIENTE HARMONIOSO em seu lar e demais espaços que transita é essencial para um desenvolvimento saudável de seus filhos. E isso também é papel de pai e mãe, somos nós que devemos escolher, cuidar e preparar os ambientes nos quais a criança vai interagir. Somos como jardineiros que temos em nossas mãos uma pequena plantinha frágil, que depende de nós para regá-la, adubá-la, controlar a quantidade de luz que deve receber diariamente, etc. Se deixarmos a plantinha sem os cuidados necessários, exposta ao vento, ao excesso de luz ou chuva ela pode não resistir. E com nossos filhos é mais ou menos assim que acontece também. As crianças, como disse anteriormente, não sabem se proteger dos estímulos externos, elas trazem consigo uma confiança primordial na vida e nas pessoas e se conectam com tudo que as rodeiam sem distinguir o que é bom e o que é ruim.
Diferente do que acontece com o adulto que, por exemplo, quando não gosta de uma música pode sair do ambiente ou tapar os ouvidos, ou simplesmente pensar em outra coisa e deixar de ouvir aquele som. As crianças “não tem escolhas” elas vão se conectar com o que está ai e quanto mais novas mais sensíveis elas são.
Meu bebe (6 meses), por exemplo, chora copiosamente todas as vezes que escuta seu irmão chorando; ou quando vê o irmão brincando de luta com o pai fica super agitado e começa a gritar. Outro exemplo de sua sensibilidade foi quando o levei ao supermercado pela primeira vez (realmente não encontrei outra opção). Ele tinha apenas 5 meses, depois de 15 minutos de exposição naquele ambiente agitado (excesso de luz, cores, sons, pessoas, aromas, enfim uma bomba de estímulos para um bebê que tinha saído de casa poucas vezes) ele não parava de gritar e se remexer no sling. Foi a primeira vez que o vi daquela forma. Enfim, estes pequenos exemplos foram somente para ilustrar o que disse acima sobre o quanto nossos pequenos são sensíveis ao entorno.
Agora pare e observe seu filho, se pergunte sobre as reais necessidades deste ser e veja a fragilidade desta vida que te foi confiada! Seu dever como pai e mãe é cuidar do ambiente no qual ele vai se relacionar. É claro que sei que muitas vezes não vamos conseguir controlar tudo e todos, e desafios também são importantes para o desenvolvimento, mas é preciso um esforço de nossa parte nesta direção, especialmente durante os primeiros anos de vida da criança.
E atenção, eu não estou dizendo para você ficar atrás do seu filho o tempo todo impedindo que ele brinque livremente, muito antes pelo contrário. Quando digo que somos responsáveis por cuidar do ambiente, quero dizer que precisamos prepará-lo, limpá-lo, observar a segurança do espaço, deixar brinquedos simples e apropriados para a idade da criança e depois permitir que ele brinque livremente (sob o olhar atento do adulto, mas sem a interferência constante no brincar), explore ao máximo seu corpo e os demais estímulos ali encontrado.
E falando em estímulos, quanto mais simples e natural melhor. Nada de muito estímulo para os pequenos, um simples passeio numa praça já é suficiente. Permita que seu filho tenha contato com a natureza, pise na terra, na areia, na grama, brinque com pedrinhas, sementes, pedaços de madeira, tecidos de algodão, etc. Quanto mais simples for o seu brinquedo maior a possibilidade da criança interagir, se envolver e criar com aquele objeto.
Agora mãos a obra, é preciso disposição e vontade para apoiarmos nossos filhos a vivenciar a infância de forma positiva! E você deseja enriquecer essa conversa? Compartilhe conosco como você apoia o seu filho a vivenciar a infância de forma positiva!